A frase apresentada é dúbia, pelo que só o contexto poderia ajudar a uma interpretação.
Não obstante, poderemos dizer que, de uma forma geral, uma oração comparativa não exige uma vírgula a separá-la da oração subordinante, ainda que possa ter um elemento elidido, como se exemplifica em (1)
(1) «Ele fala como a Ana (fala).»
A frase tal como se apresenta (e sem outro contexto) induz uma das seguintes leituras:
(i)
(2) «Odeio pessoas racistas como tu odeias pessoas racistas.»
A colocação das vírgulas, que isolam o constituinte «como tu», pode ir esta leitura, uma vez que sugerem que este é um constituinte deslocado da sua posição natural, que intercala o primeiro termo de comparação, separando o adjetivo racistas do nome que modifica (pessoas).
(ii)
(3) «Odeio pessoas (,) como tu, que são racistas.»
A intenção do locutor poderá ser a de acusar o interlocutor de ser racista.
(iii)
(4) «Odeio algumas pessoas tal como tu odeias alguns racistas.»1
Esta leitura parece ser, todavia, menos natural. Só o contexto a poderá forçar.
Por fim, a solução para evitar todos os equívocos e leituras dúbias que a frase pode gerar passará, eventualmente, pelo recurso a apenas uma vírgula a separar os dois termos da comparação (de modo a barrar a leitura prevista em (3)):
(5) «Odeio algumas pessoas, como tu racistas.»
Na oralidade, a entoação poderia contribuir para desfazer os equívocos que a frase poderá gerar.
Disponha sempre!
1. Note-se que o facto de a frase não apresentar um determinante no segundo termo de comparação introduz algum desequilíbrio à própria comparação, pelo que se considera que esta ficaria mais natural se incluísse o demonstrativo alguns a determinar racistas. Outra possibilidade de harmonizar a frase seria de uma formulação como se apresenta em (a):
(a) «Odeio pessoas antipáticas como tu odeias pessoas racistas.»