Acentua-se em ambas as normas, europeia e brasileira, porque as formas tónicas do pronome interrogativo terminam frases, orações ou sintagmas. No caso vertente, o pronome interrogativo termina a oração principal de uma frase interrogativa («vamos fazer o quê?»). O facto de o quê preceder um vocativo e não terminar, por isso, a frase não é relevante, porque a formas tónicas dos interrogativos ocorrem em final de oração (e não final de frase), o que significa que não têm de aparecer sempre em final de frase; p. ex.: «Choras porquê, se não há motivos para isso?»1
1 Em frases sem verbo, observa-se que as formas tónicas de pronomes precedidos de preposição também podem aparecer à cabeça da oração:
(1) «Tantas lágrimas para quê/porquê?» = «Para quê/ Porquê tantas lágrimas?»
O mesmo acontece em interrogativas de infinitivo:
(2) «Chorar para quê/porquê?» = «Para quê/Porquê chorar?»
Não é o que acontece com os interrogativos que e o que, que assume sempre a forma átona quando surge no começo de uma oração:
(3) «O que fazer?»
Não encontro descrição nem explicação desta diferença de comportamento.