Sem outro contexto, o enunciado apresentando configura um ato ilocutório diretivo.
Um ato ilocutório compromissivo compromete o locutor com a realização futura de um estado de coisas, surgindo este como a entidade controladora dessa mudança. Desta forma, atos como a promessa, a ameaça ou a jura constituem atos ilocutórios desta natureza.
Por seu turno, o ato ilocutório diretivo tem como objetivo ilocutório procurar levar o interlocutor a realizar uma ação futura. São exemplo deste ato a ordem ou o pedido.
No enunciado apresentado em (1), o locutor não está, à partida, a comprometer-se com a mudança descrita no seu enunciado:
(1) «Precisamos de descobrir a gramática da bondade.»
Julgamos que, neste caso, o locutor pretende agir sobre os interlocutores (os leitores) e sobre ele mesmo, por meio de um ato ilocutório diretivo, através do qual procura levá-los a realizar a ação futura de descobrir a «gramática da bondade», alterando um dado estado de coisas.
Disponha sempre!