O particípio passado é uma forma nominal do verbo que apresenta a ideia de uma acção concluída.
Há verbos que têm particípio passado regular, terminado em -ado ou -ido, estando estes em maioria, mas há outros verbos que também têm um particípio passado irregular, mais curto, e acentuado no radical, derivado do latim, por via culta.
1. Observem-se alguns exemplos para as três conjugações e respectivas terminações em -ar/ -er/ -ir:
Particípio passado regular:
estudar — estudado
comer — comido
partir — partido
2. Um menor número de verbos possui apenas um particípio passado irregular (assim como os derivados destes verbos) como por exemplo:
abrir — aberto (1)
cobrir — coberto
dizer — dito
escrever — escrito
fazer — feito
pôr — posto
ver — visto
vir — vindo
(1) Percebe-se que o consulente diga/sinta: «embora esta já me soe mal» para «tem abrido».
3. Nos casos em que se mantêm as duas formas de particípio passado (regular e irregular) do verbo, estas não devem ser usadas aleatoriamente. O particípio passado regular deve ser usado com os verbos ter e haver, este último num registo formal e escrito, e o irregular com os verbos ser e estar e também com ficar, permanecer e outros verbos que exprimem o estado ou a qualidade do sujeito. Alguns exemplos:
acender
ganhar
gastar
pagar
Os verbos ganhar, gastar e pagar, apesar de possuírem os dois particípios, tendem a perder o particípio regular pelo facto de os falantes em geral adoptarem, preferencialmente, os particípios irregulares (sobretudo aceite, entregue, impresso, morto). Considera-se, mesmo, que o particípio regular do verbo pagar (pagado), por exemplo, já caiu em desuso.
Alguns particípios irregulares evoluíram para adjectivos (cego, cativo, distinto, completo, corrupto, livre, entre outros), o que significa que as formas regulares dos respectivos verbos devem ser usadas na voz passiva, ou seja, com o verbo auxiliar ser. Exemplos:
«O trabalho será completado a tempo.»
«Ele foi distinguido com o prémio de Piloto do Ano.»
«O tecido foi tingido com um pigmento natural.»
No que diz respeito aos verbos empregar e encarregar, segundo a maior parte das gramáticas e dos prontuários, não têm duas formas de particípio passado, mas apenas uma, que é a regular – empregado e encarregado. Não se recomenda, por isso, o uso das formas empregue e encarregue, nem nas construções passivas, já que esses particípios passados não estão, actualmente, consagrados.
Bibliografia consultada: S.O.S. Língua Portuguesa, Guia temático para resolução de dúvidas do português, Sandra Duarte Tavares e Sara de Almeida Leite, Editorial Verbo, Lisboa 2008, e Guia Essencial da Língua Portuguesa para a Comunicação Social. Edite Estrela e J. David Pinto-Correia, Editorial Notícias, 1999.