A maior de todas as diferenças, e da qual as outras decorrem, é a sua finalidade. No prefácio da Gramática da Língua Portuguesa (GLP), as autoras dizem: «Deve igualmente lembrar-se, relativamente ao carácter desta obra, que ela não é uma gramática normativa, ou seja, não é uma instrumento que regule o bom uso da língua. O seu objectivo consiste na apresentação de descrições e análises de um largo conjunto, evidentemente não exaustivo, de aspectos da língua portuguesa» (p. 17).
Por seu lado, no prefácio da Nova Gramática do Português Contemporâneo (NGPC) diz-se: «Trata-se de uma descrição do português actual na sua forma culta, isto é, da língua como a têm utilizado os escritores portugueses, brasileiros e africanos do Romantismo para cá, dando naturalmente uma situação privilegiada aos autores dos nossos dias» (p. XIV).
Diz-se também que a descrição do português levada a cabo é um «guia orientador de uma expressão oral e escrita que, para o presente momento da evolução da língua, se pudesse considerar “correcta”...»
A NGPC é uma gramática normativa, que pretende definir o que é correcto, ou adequado à norma, para o nosso idioma na sua globalidade, procurando, no entanto (ou talvez por isso), registar algumas diferenças entre a norma brasileira e a portuguesa.
A GLP é uma gramática descritiva, que procura registar as grandes características da língua portuguesa, tendo como base a norma-padrão do português europeu.
Do ponto de vista da terminologia, na NGPC os termos aproximam-se da gramática tradicional, recorrendo a designações que tanto podem ser comuns aos dois países cujas normas estão presentes, como ser mais frequentes num deles.
Por seu lado, a GLP recorre a termos introduzidos mais recentemente no estudo das línguas, fruto da evolução que esses estudos têm tido nos últimos tempos.