Efetivamente, considera-se que o particípio regular do verbo pagar (pagado) já caiu em desuso. A par desse verbo, também ganhar e gastar veem os respetivos particípios passados regulares, ganhado e gastado, serem geralmente substituídos pelas formas irregulares (ou curtas) ganho e gasto. Sobre estes verbos, Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo (3.ª ed., p. 440), observam o seguinte, mais como apontamento descritivo do que como norma (manteve-se a ortografia do original):
«[...] N[o] grupo [dos verbos de particípio irregular] devemos incluir três verbos da 1.ª conjugação – ganhar, gastar e pagar – de que outrora se usavam normalmente os dois particípios. Na linguagem actual preferem-se, tanto nas construções com o auxiliar ser como naquelas em que entra o auxiliar ter, as formas irregulares ganho, gasto e pago, sendo que a última substituiu completamente o antigo pagado.»1
1 Existe um grande número de verbos com duas formas de particípio passado, tradicionalmente conhecidos por verbos abundantes, que são verbos que «possuem duas ou mais formas equivalentes (…)» (Cunha e Cintra, 3.ª edição, p. 441), e essa abundância «ocorre apenas no particípio, o qual, em certos verbos, se apresenta com uma forma reduzida ou anormal ao lado da forma regular» (idem). De um modo geral, «a forma regular emprega-se na constituição dos tempos compostos da voz ativa, isto é, acompanhada dos auxiliares ter ou haver; a irregular usa-se, de preferência, na formação dos tempos da voz passiva, ou seja, acompanhada do auxiliar ser» (ibidem).