Embora ainda não se encontrem registos nos dicionários tradicionais portugueses da expressão «vigésima quinta hora», a sua utilização na imprensa escrita sobre a atualidade surge no contexto do comentário político no sentido de «tempo perdido» ou «última oportunidade».
Esta expressão teve origem no nome da obra mais conhecida do escritor romeno Virgil Gheorghiu, «A Vigésima Quinta Hora», que narra a saga de um camponês romeno durante as ocupações nazis, soviéticas e americanas na Europa central e de leste, sendo considerada uma reflexão profunda e importante sobre o funcionamento dos regimes totalitários.
Assim como a expressão «Big Brother» do livro 1984 de George Orwell, também «vigésima quinta hora» entrou no léxico de várias línguas, como por exemplo, a língua inglesa. No dicionário americano Urban Dictionary, esta expressão surge com a seguinte aceção: «demasiado tarde para concretizar algo, podendo também significar sem tempo. Há ainda quem a considere no sentido de última oportunidade1».
No que concerne ao seu uso no português europeu, é possível assinalar a sua presença, sobretudo, em notícias relacionadas com o momento político presente, como por exemplo:
(1) «“É com pena que assistimos a esta cambalhota triste que o PS dá na vigésima quinta hora sobre uma matéria tão importante a favor dos consumidores” afirmou o bloquista» (Observador, 27/11/2017).
(2) «Francisco Rodrigues dos Santos salientou que os centristas estão com Rui Moreira “desde a primeira hora” e não apareceram na “vigésima quinta hora, como a Iniciativa Liberal”» (Visão, 27/01/2021).
1 (texto original / tradução nossa) «25th hour means it’s too late to get something accomplished, meaning it’s “too late” and time runs out. Some might say it’s the last time something can get done. »