Na frase em questão, a classificação da palavra amigas é ambígua, sendo possíveis argumentos para a classificar como nome ou como adjetivo.
A frase aqui transcrita em (1) é uma frase passiva que inclui uma construção de predicação secundária que fica mais saliente quando se coloca a frase na forma ativa (2):
(1) «Elas eram tratadas como amigas.»
(2) «(X) tratava-as como amigas.»
Na frase (2), o constituinte «como amigas» desempenha a função sintática de predicativo do complemento direto incidindo sobre o complemento direto (função desempenhada pelo pronome as). No interior deste constituinte, amigas pode ser visto como um nome, o que pode ser comprovado por comportamentos como:
(i) o facto de se poder considerar que amigas denota uma classe de indivíduos (denotação típica do nome);
(ii) a possibilidade de ser modificado por adjetivo, por oração subordinada adjetiva relativa ou por sintagma preposicional:
(2a) «(X) tratava-as como amigas íntimas.»
(2b) «(X) tratava-as como as amigas que todos gostariam de ter.»
(2c) «(X) tratava-as como amigas do coração.»
Não obstante, será também plausível considerar que amigas denota uma propriedade do pronome as, sendo, portanto, um adjetivo. Nesta interpretação, a palavra é, como muitos adjetivos, graduável, sendo compatível com um advérbio de grau:
(2d) «(X) tratava-as como muito amigas.»
Disponha sempre!