DÚVIDAS

«Estar diretor» x «ser diretor»
Ultimamente, tenho visto em textos a construção «estou diretor», em vez de «sou diretor», buscando exprimir que o cargo de diretor é transitório: hoje, ele "está" diretor, mas amanhã já poderá não "estar" mais (pode ser despedido). Esse uso também procura demonstrar humildade do sujeito, como se a posição pudesse ser ocupada por qualquer um, que assim "estará" nela. Essa substituição do verbo ser pelo verbo estar é válida e correta? Nessa situação, o verbo estar deve ser seguido por uma preposição específica ou pelo advérbio como (na função de preposição acidental, por exemplo, «estou como diretor»)? Outra informação: no Houaiss, na acepção 1.2, o verbo ser é explicado como «[...] pred. ter ou apresentar-se em determinada condição ou situação, permanente ou temporária». Há alguma bibliografia que eu possa consultar para verificar a questão da diferença de usos dos verbos ser e estar nesse contexto?
A expressão «cabeça de cartaz»
Antes de mais, parabéns pelo vosso excelente trabalho. Recorro frequentemente ao Ciberdúvidas desde há muitos anos e fico sempre esclarecido. Quanto à pergunta que me levou a contactar-vos: à luz do Acordo Ortográfico de 1990, o termo "cabeça-de-cartaz" redige-se com ou sem hífens? Já vi diversas fontes defenderem que os hífens se mantêm, enquanto outras defendem o contrário. Ou seja, não consigo chegar a uma conclusão. Podem esclarecer-me? Obrigado e bom trabalho. 
Barba-cara ou «barba cara» (Cabo Verde)
Não logrei encontrar a expressão “barba-cara” (com ou sem hífen) em nenhum dicionário. Contudo, a expressão aparece, no sentido de «com desfaçatez», em diversas passagens de livros e artigos. Porém, todos os textos que pude encontrar, incluindo esta expressão, são cabo-verdianos, pelo que gostaria de perguntar se tem, efetivamente, origem cabo-verdiana ou se a posso utilizar numa tradução para português europeu, nestes moldes: «Estás a dizer isso na minha barba cara?», i.e., «tens o descaramento de me dizeres isso»?
O género da sigla BADESC
Em 1976 nascia o Banco de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina S/A – BADESC. Nascia, portanto, «o BADESC» (masculino). Porém, logo na sua juventude, a sua razão social foi alterada para: Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina S/A – BADESC. A pergunta é: hoje, quando me refiro ao termo BADESC isoladamente, devo continuar com o masculino, ou troco para o feminino? «O BADESC» ou «a BADESC»? Sabido que quando me refiro à nova razão social deve ser «a Agência de Fomento...» Muito obrigado. Saúde e Paz !
O verbo juntar e o pronome lhe
Na frase «Mais de um ano após o anúncio da sua trasladação para o Panteão Nacional, Eça de Queirós junta-se finalmente, esta quarta-feira, ao conjunto de notáveis portugueses que “descansam” na Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa», o constituinte «ao conjunto de notáveis» desempenha a função sintática de complemento indireto ou oblíquo? Parece-me que se pode substituir por lhes, ficando «junta-se-lhes», no entanto, se pensar na frase «Juntei-me à minha irmã», o segmento «à minha irmã» parece ser complemento oblíquo. Podem esclarecer-me, por favor? Obrigada pela atenção.
Subordinada substantiva completiva nominal: «sensação de que está interrompendo...»
Trata-se de uma questão de prova. Estou em dúvida sobre a análise sintática dessa oração: «Essa sua sensação, quando acende a luz da sala, de que está interrompendo alguma coisa.» No caso a oração «de que está interrompendo alguma coisa» é um complemento nominal oracional? É possível que se trate de uma oração completiva nominal se não existe a oração principal? Como posso ter clareza de que o que é um pronome nessa oração? O que justifica o fato do que ser um pronome nessa oração? Obrigada!
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