DÚVIDAS

«Todos foram à festa, inclusive eu.»
No período a seguir, fiquei com uma dúvida atroz, «Todos foram à festa, inclusive eu.» «Inclusive eu» será uma oração assindética com o verbo elidido? Se «inclusive eu» fosse parte do sujeito composto, deslocado, o verbo não deveria estar na 1.ª pessoa do plural? «Todos fomos a festa, inclusive eu.» Nesse caso, o termo «inclusive eu» não será um pleonasmo de vício [de linguagem], visto que a desinência verbal já denotaria que o locutor também fora à festa? Portanto, minha escolha seriam duas orações, a segunda com o verbo elidido: «Todos foram à festa, inclusive eu (fui).» Grato.
As expressões expletivas «é que», «é onde» e «é quando»
Minha consulta se prende às expressões expletivas do tipo «é que», «é onde», «é quando», das quais se diz que servem a dar ênfase a orações ou a termos de oração. Observo, entretanto, que, a par da ênfase, tais expressões possam carrear um caráter de exclusividade. Se não, vejamos as seguintes frases: «A prática da leitura gera conhecimento» (um dos fatores que geram). «É a pratica da leitura que gera conhecimento» (exclusividade – somente a pratica da leitura, talvez por influência de uma estrutura tal como «Pode-se viajar, podem-se visitar museus ou conhecer pessoas, mas é a prática da leitura que gera conhecimento»). «A sombra das montanhas de Minas conduz à reflexão» (também ela conduz). «A sombra das montanhas de Minas é que conduz à reflexão» (somente ela conduz). «Na praia de Copacabana é onde transitam belas mulheres» (é somente lá que transitam). «Na praia de Copacabana transitam belas mulheres» (é também lá que transitam, aliás frase mais condizente com a realidade...). Obs.: Quando de usa o advérbio mais ou o pronome indefinido mais, parece não haver alteração de sentido com o uso da expressão expletiva: «É na praia de Copacabana que transitam as mais belas mulheres»; «É a prática da leitura que gera mais conhecimento». Gostaria de um exame a respeito, o qual desde já agradeço.
«Estar a» + infinitivo com pronomes pessoais átonos
Sempre grato pelo vosso trabalho, venho por este meio novamente pedir esclarecimento a uma dúvida gramatical que me surgiu. Estou a fazer um exercício sobre o uso da estrutura estar + a + infinitivo, para ações em processo. Há um caso particular em que devo utilizar o verbo pronominal vestir-se. A minha primeira resposta foi «nós estamos a nos vestir», pois, segundo o que estudei antes, a presença da preposição a exige que o pronome esteja antes do verbo. Contudo, a correção do livro mostra «nós estamos a vestir-nos». Assim sendo, qual é a posição correta do elemento pronominal em dita estrutura? Desde já, obrigadíssimo pela ajuda.
Próclise, ênclise e elipse do pronome se
associado a verbos coordenados
«É uma obra para se ler, ver e ouvir.» = «É uma obra para ser lida, vista e ouvida.» As frases acima (sinónimas) parecem ser gramaticais, mesmo sem a repetição do «se» apassivante, na primeira, e de «para ser», na segunda. Já nos exemplos abaixo, a primeira frase parece ficar agramatical sem o «se» (complemento direto) do verbo «tornar-se», enquanto a frase equivalente é claramente agramatical pela mesma razão. «Foi um jogador que se afirmou e tornou um craque.» = «O jogador afirmou-se e tornou um craque.» Em que casos pode evitar-se a repetição do clítico se numa sequência/enumeração verbal em próclise? Obrigado.
«Hei de lhe dizer», sem hífenes
O hífen era comum nas expressões hei-de, hás-de, etc. etc. Com o Acordo Ortográfico [de 1990], passamos a hei de, hás de. Até aqui é claríssimo. Havia também casos mais complexos com dois hífenes no mesmo conjunto como hei-de-lhe, hás-de-me, etc. Imagino que as formas gráficas corretas passam a ser hei de lhe, hás de me. Ou teria alguma sensatez, cair o primeiro hífen e não o segundo, e passarmos a grafar "hei de-lhe," "hás de-me"? Grato.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa