Não creio que se possa considerar que estamos em presença de um pleonasmo no verso «chegar antes de ti para te ver chegar», do poema "Isto é o amor", de Nuno Júdice, porque o pleonasmo corresponde à repetição ou ao reforço da mesma ideia (cf. E-Dicionário de Termos Literários), o que não acontece nesta sequência.
Julgo que poderíamos considerar a presença do paralelismo semântico, centrado no verbo chegar, cuja agentividade se atribui ora ao sujeito lírico ora ao interlocutor. Por outro lado, neste excerto também se poderá, eventualmente, identificar um quiasmo, que joga com a inversão da ordem das palavras entre o verbo chegar e o pronome te/ti, dispondo-os de forma cruzada, o que permite ao sujeito lírico jogar com a identificação do agente da situação, explorando os efeitos daí resultantes.
Disponha sempre!