A diferença entre ambos os verbos, neste apontamentodo jornalista Wilton Fonseca, publicado no jornal i, a propósito de uma outra palavra mal utilizada pelo primeiro-ministro português.
Com a sua “refundação”, Passos Coelho mostrou mais uma vez a pouca familiaridade com que ele e o seu Governo tratam a língua portuguesa. A incapacidade de exprimir claramente uma ideia demonstra incapacidade mental e ideológica.
Jornalistas e comentadores deram tratos à bola, no afã de descortinar o significado e o alcance da “refundação”, mas deixaram escapar uma magnífica frase do mesmo discurso: «Só ao Estado cabe a responsabilidade de providenciar.» Coelho queria dizer que só ao Estado cabe a responsabilidade de prover.
Providenciar é tomar uma medida ou uma disposição adequada para fazer face a determinada situação (tomar uma providência), diz respeito a uma medida singular, única. Prover é tomar todas as medidas ou disposições necessárias para assegurar a realização ou a concretização de um determinado facto (Deus provê). Refere-se a um conjunto de factos, a uma pluralidade de acontecimentos.
Num momento em que o Governo [português] loucamente lança a discussão sobre a “refundação” do Estado, não seria possível providenciar um revisor para os discursos governamentais? Apesar de tanto a “refundação” como a revisão de textos não constarem do programa apresentado aos eleitores...
In jornal i de 5 de novembro de 2012, na coluna do autor Ponto do i. Manteve-se a antiga ortografia, seguida pelo jornal.