Se usarmos o verbo haver como verbo principal, só o podemos conjugar na terceira pessoa do singular, pois é um verbo impessoal (ex.: «Houve dois acidentes na autoestrada» e não: *«Houveram dois acidentes na autoestrada»).
Se esta regra começa a ser interiorizada, tal não se pode dizer quando o verbo haver é conjugado num tempo composto, com o auxiliar ter. Deve dizer-se «Tem havido muitos acidentes na autoestrada» e não *«Têm havido muitos acidentes na autoestrada». O verbo auxiliar ter também é conjugado na terceira pessoa do singular.
O mesmo acontece quando o verbo haver é acompanhado de outros verbos auxiliares (ex.: «Deve haver mais polícias na autoestrada» e não *«Devem haver mais polícias na autoestrada»).
Se o verbo faltar for seguido de um verbo no infinitivo, também deverá ser conjugado na terceira pessoa do singular (ex.: «Falta registar algumas infrações» e não *«Faltam registar algumas infrações»).
Outro verbo que causa hesitações no uso é o verbo tratar conjugado pronominalmente (tratar-se), quando acompanhado da preposição de, simples ou contraída. Nesta forma, também só se conjuga na terceira pessoa do singular (ex.: «O que é isso? Trata-se das infrações de ontem» e não *«O que é isso? Tratam-se das infrações de ontem»).
«Faz tempo que» é uma expressão que todos conhecemos. Todavia, se quisermos precisar quanto tempo decorreu, temos de ter em conta que o verbo fazer, nesta aceção, é um verbo impessoal e só pode ser conjugado na terceira pessoa do singular. (ex.: «Faz três anos que aquela autoestrada foi inaugurada» e não *«Fazem três anos que aquela autoestrada foi inaugurada»).
Por seu turno, quando utilizamos o particípio do verbo passar (passado) com o sentido de tempo decorrido, este deve concordar com a expressão nominal posposta (ex.: «Passados dois anos, ainda falta um troço da autoestrada» e não *«Passado dois anos, ainda falta um troço da autoestrada»).
O pronome relativo quem, quando antecedido por um pronome pessoal, exige que o verbo seja conjugado na terceira pessoa do singular (ex.: «Fui eu quem conduziu o carro» e não *«Fui eu quem conduzi o carro»; «Foste tu quem conduziu o carro» e não *«Foste tu quem conduziste o carro»).
Se utilizarmos o pronome que, a concordância faz-se com o pronome pessoal que o antecede (ex.: «Fui eu que conduzi o carro»; «Foste tu que conduziste o carro»; «Fomos nós que conduzimos o carro»).
Artigo da autora, transcrito do Correio do Minho do dia 26 de setembro de 2021.