«Se houvessem divergências doutrinárias, se houvessem divergências políticas de fundo, eu acho que estaríamos numa situação difícil.»
Quem disse este erro de palmatória é um deputado português, dirigente de um partido, o Partido Popular, que já foi foi Governo em Portugal.
Como é possível um ex-governante e deputado dar exemplos destes (passaram em todas as televisões e rádios nacionais)?
Infelizmente, não é só o deputado Miguel Anacoreta Correia a não saber que o verbo haver, no sentido de «existir» (como é o caso), se conjuga apenas na terceira pessoa do singular, independentemente de se lhe seguir uma palavra no plural: «há divergências», «houve situações», «havia problemas», «haverá mais oportunidades», «haveria muitos interesses em jogo», «eles querem que haja progressos rápidos», «se houvesse outros candidatos…», «caso tenha havido dúvidas…», etc.
Nos jornais portugueses, onde cada vez mais se escreve com os pés, este é um erro – de palmatória, repete-se – que começa a ser regra. Veja-se esta legenda de uma recente edição do jornal “24 Horas” (de 8 de Maio de 2006): «Embora tenham havido suspeitas de abuso de esteróides...»
«Embora tenha havido suspeitas...», é assim que qualquer escolarizado escreve. Ao que se chegou na imprensa portuguesa!...
P. S. – No mesmo jornal continua a não atinar-se com a diferença entre o «de encontro a» e o «ao encontro de».
«O discurso de Ronald Koeman foi de encontro ao de José Veiga. “Não há nada com o PSV; tenho mais um ano de contrato com o Benfica”, recordou.» Disparate (recorrente): de encontro = ir contra; ao encontro de = do em consonância . Será assim tão difícil de perceber?