Os 13 dias de campanha eleitoral das legislativas portuguesas de 10 de março p.p. deram lastro a alguma (boa) inovação lexical. Como aqui se registou oportunamente, foram os casos sobre os adjetivos chegano e troikiano. Ou, ainda, os expressivos «“tiktokada” bolsonarista», «chefe da confusão» e «não é não» (prometido várias vezes pelo entretanto já empossado novo primeiro-ministro Luís Montenegro do XXIV Governo Constitucional, ele que começaria por ser indigitado, nomeado e, antes, simplesmente candidato). E houve ainda mais criatividade à solta, valha a verdade.
Por exemplo, o termo montenegrismo, que muito se vai ouvir e ler, depois dos oito anos de governação do costismo*.
Também não faltaram os clichês, nomeadamente por via da cobertura mediática: «elefante na sala», «adulto na sala», «linhas vermelhas», «arrastar dos pés»... Alguns, até de outras "criações", mas de novo recuperadas no discurso político atual, tais como «forças de bloqueio» ou «choque fiscal».
Só que o contrário também aconteceu, e muito, nas marcas linguísticas desta encruzilhada eleitoral dos 18 partidos concorrentes. Desde os recorrentes houveram aos à séria e a os acórdos, mais a confusão de sempre entre o «ir de encontro a...» e o «ir ao encontro de...». Ou, numa verdadeira unanimidade no tropeção, nos modismos «é suposto» e «expectável»... para tudo e para nada.
*Um ano antes, já o vocábulo montenegrismo superara o rioismo.