1. O cenário da pandemia alterou-se nos últimos dias com o anúncio de novas vacinas que trazem a esperança de que num futuro não muito distante a humanidade possa regressar gradualmente à normalidade que perdeu. Como todas as novas realidades, também estas vão recebendo novos nomes que vão entrando no vocabulário quotidiano e que o glossáro A covid-19 na língua vai registando: AstraZeneca, BBIBP-CorV são nomes de novas vacinas que se colocam ao lado dos nomes dos laboratórios que as produzem, como é o caso de Pfizer ou Moderna. Estas vacinas recentemente desenvolvidas apostam numa nova tecnologia, até agora nunca utilizada, sendo, por isso, conhecidas como Vacinas mRNA. Também em Portugal, uma equipa de investigadores, em parceria com uma homónima israelita, desenvolve estudos que visam a criação de uma Vacina portuguesa. Para além destes termos, poderão ainda ser consultadas as entradas Achatar, «Cenário de guerra», ECMO, Genótipo, Helmet, «Incidência cumulativa», «No fio da navalha», «Travar a(s) cadeia(s) de transmissão» e «Tubo de ensaio».
2. Recentemente, o primeiro-ministro português António Costa afirmou «Não há uma bala de prata que resolva todos os problemas», usando a expressão «bala de prata» que fora já mobilizada pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde. Este termo curioso foi analisado pela professora Carla Marques na crónica divulgada no Programa Páginas de Português, da Antena 2 e também incluído em O Léxico da Covid-19.
3. O mundo assiste, curioso e expectante, às transformações da vida política nos Estados Unidos. Entre as mudanças já conhecidas encontra-se o facto de a vice-presidência ser pela primeira vez ocupada por uma mulher: Kamala Harris. Este acontecimento, além de auspicioso, abre lugar a uma curiosa questão linguística: que nome dar ao seu marido Doug Emhoff? Há já uma longa tradição de referir a mulher do vice-presidente como «segunda-dama». Qual será, todavia, o nome masculino equivalente a este termo? A ausência de situações reais levou a que a língua não sentisse pressão para criar este nome, pelo que a tradição não encontra resposta para esta indefinição. Não obstante, há já quem aponte os termos «segundo-cavalheiro» ou «segundo-consorte» como possíveis designações, embora haja quem defenda que não há nome para essa realidade. Caberá aos usos optar pela forma mais consensual. Para o espanhol, a Fundéu RAE propõe que a forma correta para designar o marido da vice-presidente seja "segundo caballero".
4. Guna é um nome usado tipicamente no calão da região do Porto para referir um jovem de classe social mais desfavorecida. Esta é a explicação que se apresenta numa das respostas que integram a atualização do Consultório linguístico. Opaco também é o significado do adjetivo aclaratório, cujos sentidos aqui se esclarecem. Numa outra questão, a partir do título Madame Bovary, obra de Gustave Flaubert, levanta-se a problemática da tradução do título, aspeto sobre o qual se reflete numa outra resposta. No domínio sintático, analisa-se a possibilidade de o verbo chamar-se ser incluído numa construção passiva. Ainda uma resposta sobre deixis e uma outra sobre os conceitos de lexicalização e composicionalidade.
5. Na comunicação social portuguesa, usa-se com alguma regularidade a expressão «correr atrás do prejuízo», a qual gera alguma perplexidade se pensarmos nos sentidos que atualiza, os quais se relacionam com o sentido positivo de procurar o sucesso. Este aspeto é motivo para um apontamento da professora Carla Marques, que passa em revista também alguns usos do verbo correr.
6. A ideia de que os jovens têm um vocabulário reduzido faz parte do senso comum. Todavia, esta é uma ideia que importa discutir. É esta a perspetiva adotada pela linguista e investigadora Margarita Correia no seu artigo publicado no Diário de Notícias (aqui transcrito com a devida vénia).
7. Haverá uma relação improvável entre as palavras vaca e vacina? A nova crónica do tradutor e professor Marco Neves ensaia uma resposta para esta questão (originalmente publicada no blogue Certas Palavras e no Sapo 24 e aqui transcrita com a devida vénia).
8. A diversidade linguística que caracteriza os países da CPLP deve ser um aspeto a considerar no âmbito das políticas de língua e da formação de professores, como defende a autora e professora Edleise Mendes na crónica apresentada no programa Páginas de Português, da Antena 2 de 15 de novembro p.p. (que pode ser lida e ouvida aqui).
9. A 19 de novembro assinalam-se os cem anos do nascimento do dramaturgo português Bernardo Santareno, uma efeméride integrada num programa diversificado de manifestações artísticas marcadas entre 19 de setembro e 18 de dezembro.
A Antena 2 transmite no próprio dia 19 de novembro, às 18h00, a peça de teatro Nos Mares do Fim do Mundo, com direção do encenador Jorge Silva Melo.