1. Não raro, os programas televisivos dão matéria a este espaço por veicularem incorreções linguísticas que importa retificar, a bem da língua portuguesa. Não obstante, a opacidade de alguns termos eruditos também poderá merecer uma reflexão de natureza linguística, como nos mostra Carlos Rocha, coordenador executivo do Ciberdúvidas, num apontamento sobre o significado e a origem do termo abléfaro, que surgiu numa questão colocada no programa televisivo Joker, da RTP1.
2. A nova atualização do Consultório traz também uma dúvida relacionada com o significado de duas palavras parónimas: monção e moção. Trazemos ainda dúvidas que visam diferentes áreas gramaticais, como a pronúncia e a origem do topónimo Maximinos, antiga freguesia de Braga, ou uso do hífen nos nomes compostos raposa-do-deserto, papagaio-verde ou rocha-mãe. As irregularidades na flexão das palavras levam um consulente a questionar-se sobre a possibilidade de pluralizar o adjetivo ultravioleta. Coloca-se também a questão da correção sintática da construção «Faz-lhe uso». Por fim, uma pergunta sobre a possibilidade de o advérbio já poder funcionar como uma conjunção coordenativa adversativa, sendo equivalente a mas.
Segunda imagem: Igreja de Maximinos, em Braga.
3. A importância do pão na gastronomia latina é por demais conhecida. Como é bem sabido, as realidades extralinguísticas condicionam várias áreas da gramática, como é o caso da criação lexical ou da evolução semântica. É neste contexto que o tradutor e professor Vítor Santos Lindgaard explora, num pequeno artigo divulgado no seu blogue Travessa do Fala-Só, o significado da família de palavras de mica, miga, migalha, migar e ainda nos conta a história de como a palavra sopa começou por significar o pão que se punha no caldo para passar a designar o próprio alimento.
4. Entre as notícias relacionadas com a língua portuguesa, registe-se:
— A chegada às livrarias portuguesas da obra Camões conseguiu escrever muito para quem tinha um olho (edições Manuscrito) da autoria da professora Lúcia Vaz Pedro, com lançamento ao público na FNAC do Colombo, em Lisboa, no dia 20 de setembro, às 18h30.
— A apresentação pública, em Lisboa, da Rede de Ensino do Português no Estrangeiro 2019-2020 da responsabilidade do Camões – Instituto da Língua e da Cooperação, no dia 20 de setembro, pelas 9h00, no Auditório do Camões, sessão que conta com a presença do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e da secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro;
— A publicação no Brasil da obra Escrever na Universidade 2 – Texto e discurso, da autoria de Francisco Eduardo Vieira e Carlos Alberto Faraco, com a chancela da Parábola Editorial, um texto que integra um conjunto de três publicações que versam a escrita em contexto universitário.
5. Temas dos programas de rádio produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa na presente semana:
— A problemática da literatura digital, a propósito do lançamento da obra Voltar a Ler, do poeta e crítico literário António Carlos Cortez, que será o convidado do programa Língua de Todos – transmitido pela RDP África, na sexta-feira, 20 de setembro, pelas 13h20* (com repetição no dia seguinte, pelas 9h15*);
— A importância da língua portuguesa e da literatura em Angola, no programa Páginas de Português, emitido na Antena 2, no domingo, dia 22 de setembro, às 12h30** (com repetição no sábado seguinte, dia 28 de setembro, às 15h30), com uma conversa com o professor Mário Joaquim Aires dos Reis, leitor do Camões – Instituto da Língua e da Cooperação e docente na Universidade Katyawala Bwila, de Benguela.
* Os programas Língua de Todos e Páginas de Português ficam disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.