Aberturas - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Quando a pandemia parecia perder ímpeto, eis que Portugal fica excluído da tão promissora lista verde de viagens do Reino Unido. O Ministério dos Negócios Estrangeiros português reage à decisão e no Twitter fala numa «lógica [que] não se alcança». A decisão dever-se-á principalmente a nova ameaça, a variante nepalesa do coronavírus, termo incluído na presente atualização de A covid-19 na língua. São ao todo 16 novas entradas, abrangendo expressões  como fluxo, em referência ao tratamento hospitalar, imunidade de longa duração120/100 000 mil e 120 mil/dia, bem como casa aberta e «da boa» (em alusão a vacina), a documentarem a aceleração do controlo da doença e do contágio. Não obstante, outros termos revelam movimentos pendulares, com o cancelamento dos festejos de junho nas cidades portuguesas – os santos populares e os seus arraiais –, enquanto uma nova fase, o desconfinamento a dois ritmos (a partir de 14 de junho), torna o teletrabalho não obrigatório e traz medidas como o plano nacional de recuperação das aprendizagens.  Assim se configura um país entreaberto, repartido por diferentes níveis de alerta, num efeito bumerangue. Acolhe-se ainda a máxima «Imorrível, "imbroxável", incomível», de lógica pouco exemplar.

2. Depois da conjunção porque, o pronome átono tem obrigatoriamente de figurar antes do verbo? Uma frase como «Isso é verdade, porque, na infância, sonhamos e iludimo-nos muito» estará, portanto, errada? A resposta  encontra-se no Consultório, cuja atualização inclui mais cinco questões: que figura de estilo ocorre em «prefere agora as sílabas da sua aflição», verso de um poema de Eugénio de Andrade (1923-2005)? Para estimar distâncias, diz-se «vive a uns 200 m da escola», ou «a alguns 200 m»? E que significa ao certo a expressão preto no branco? Falando da Índia e das suas culturas, como aportuguesar sikh e namaste?

3. Não é sem dificuldade que a leitura avança nas páginas escritas por Aquilino Ribeiro (1885-1963), sempre repletas de vocábulos populares, sobretudo das Beiras. Na Montra de livros, apresenta-se um livro que pode ajudar, o Glossário Aquiliniano, de Henrique Almeida, numa reedição comemorativa do centenário, em 2019, de Terras do Demo, um dos romance mais famosos deste autor português.

4. Na rubrica O Nosso Idioma, o escritor  brasileiro Chico Viana dedica uma crónica ao estilo literário oitocentista: «Aí pelo século XIX, não se dizia "O sol nasceu". Uma frase como essa era um resumo que o autor rascunhava e escondia, com medo de que o acusassem de falta de imaginação ou indigência verbal» (texto transcrito, com a devida vénia, do mural Língua e Tradição, no Facebook, 07/05/2021). Na mesma rubrica, disponibiliza-se igualmente um  artigo (edição digital da revista Visão, 05/05/2021) da professora e consultora gramatical Sandra Duarte Tavares, que aí apresenta uma lista de 18 erros corrigidos, partindo do seguinte princípio: «A competência linguística, associada ao domínio da comunicação oral e escrita, assume, inequivocamente, um valor sociocultural relevante, promovendo cada vez mais aceitação, credibilidade e prestígio social.»

5. É notícia o facto de o Salão Nobre da Biblioteca Palácio Galveias, em Lisboa, ter passado a chamar-se Sala Agustina Bessa-Luís em 3 de junho de 2021, prevendo-se que a programação desta biblioteca municipal dê destaque mais assíduo à obra da autora, cujo centenário de nascimento se assinala em 2022. Trata-se da terceira sala da biblioteca – uma das maiores e centrais da Rede de Bibliotecas de Lisboa – a distinguir autores portugueses, a par da Sala José Saramago e da Sala Herberto Hélder (a abrir futuramente), numa homenagem aos maiores nomes da literatura portuguesa e numa estratégia de promoção do livro e da leitura.

6. Quanto a três programas que a rádio pública portuguesa dedica à língua portuguesa:

– Nos produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, fala-se do contributo do português para a cidadania em A Língua de Todos, na RDP África (sexta-feira, 04/06/2021, 13h20*; repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*) e dá-se conta da  4.ª Conferência Internacional sobre a Língua Portuguesa no Sistema Mundial  no Páginas de Português, na  Antena 2 (domingo, 06/06/2021, pelas 12h30*; com repetição no sábado seguinte, 12 de junho, às 15h30*).

– E no programa Palavras Cruzadas, também na Antena 2, o tema da semana de 7 a 11/05/2021 é A comunicação do médico com o doente oncológico. De segunda a sexta-feira, às 9h50 e 18h20.

* Hora  oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. No presente, a sociedade procura reencontrar a sua antiga normalidade: no trabalho, na vida social, no lazer. Paulatinamente, os antigos hábitos vão-se recuperando e as antigas rotinas procuram reinstalar-se. Os cinemas adotam o programa «cinema mais seguro» e nas empresas pondera-se o regresso por meio de instrumentos de «avaliação de risco». No entanto, todos estão cientes de que se vive uma fase de «avançar vs. recuar». As atitudes da população condicionam, em muito, o caminho de evolução da pandemia e situações como as que envolveram adeptos das equipas inglesas na final da Liga dos Campeões, supostamente vindos para Portugal numa «bolha de segurança», podem comprometer uma evolução positiva. Entretanto, no Brasil, um país assolado pelas consequências da covid-19, a sua desvalorização pelo presidente Jair Bolsonaro  já lhe valeu novo epíteto: «bolsovírus e genocida»; e, na Argentina, deu brado a forma como foi noticiado o falecimento, em Inglaterrra, de William "Bill" Shakespeare, o segundo homem a ser vacinado contra a covid-19 no Reino Unido. Estas são as novas entradas na rubrica A covid-19 na língua, a que se junta ainda o acrónimo IFA.  

2. No campo da grafia e da prosódia dos termos técnicos e científicos, têm lugar muitos casos de oscilação que necessitariam de uma regulação promovida por entidades competentes. As dúvidas relacionadas com as palavras hipospadia e onfalocele ou hidrocele são desta realidade um bom exemplo. Ao Consultório chegam também questões direcionadas para a identificação da classe de palavras de dúzia, dezena, década e duplo e para a avaliação da possibilidade de a conjunção enquanto expressar um valor contrastivo. No âmbito sintático, analisa-se a função da locução «uns aos outros» numa frase e, no plano semântico, consideram-se os efeitos de sentidos do verbo tocar com diferentes regências. Ainda uma proposta de tradução do anglicismo outlier

3.  A 4.ª Conferência Internacional sobre a Língua Portuguesa no Sistema Mundial teve lugar nos dias 26 a 28 de maio de 2021, em Cabo Verde. Dos temas tratados e da sua importância para a língua trata o artigo da professora e linguista Margarita Correia (publicado no Diário de Notícias e aqui transcrito com a devida vénia). 

4. A importância da música na difusão da língua portuguesa é um dos aspetos abordados pela professora universitária Edleise Mendes na sua crónica difundida no programa Páginas de Português, onde afirma «Somando-se a produção brasileira aos outros países da CPLP, Portugal e, especialmente, a crescente projeção da música produzida nos PALOP, o português tem circundado o mundo numa variedade de ritmos e de versos de aquecer os nossos corações» (aqui transcrita). 

5. O dia 1 de junho é o Dia Mundial da Criança. Este ano a data é comemorada, mais uma vez, com as devidas contenções, mas não deixa de recordar a importância da infância para a construção de um adulto equilibrado e o facto de o destino da humanidade residir na geração que agora dá os primeiros passos. Este é também um excelente motivo para recordar alguns textos disponíveis: «A origem da palavra criança», «Criança: etimologia», «Nome coletivo de criança», ««Enquanto crianças» e «em crianças»», «Criança-soldado e crianças-soldados», «Estudo em casa, crianças invisíveis», «Brincadeiras e linguagem», «Como ajudar um filho a estudar Português?», «A origem e o significado de «ao colo»», «A origem e o significado de pirralho»,«O Capuchinho Vermelho», «Estar grávida de...», «Damas e meninos», «Escolas do paraíso», «Unigénito», «"Pais incapazes de gerir(em)"», «A diferença entre pedofilia e pederastia».

6. Entre os registos de atualidade, destacamos:

— A visita oficial do Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, à Eslovénia e à Bulgária

Este acontecimento motiva a releitura de textos como «A volta dos gentílicos (ou adjetivos pátrios)», «O género de Balcãs», «Balcanização / mexicanização», «Sobre gentílicos de regiões romenas», «República Checa / Eslováquia» e «Sobre a Carníola (actual Eslovénia)».

— A poetisa Ana Luísa Amaral ganhou o Prémio Rainha Sofia da Poesia Ibero-Americana, que visa premiar a obra poética de um autor vivo. Este prémio é o reconhecimento do papel da poesia de Ana Luísa Amaral para o património cultural de Portugal e Espanha. 

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1. Na resposta coletiva à pandemia, as decisões são políticas, e os erros têm consequências desastrosas. No Brasil, será este o caso da promoção governamental do chamado «tratamento precoce», segundo o jornal brasileiro Época, «um coquetel de medicamentos sem eficácia comprovada contra covid-19 que inclui substâncias como cloroquina, azitromicina e invermectina». Abriu-se um inquérito, e uma das pessoas a depor é a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde, que os media brasileiros já trataram de alcunhar como «capitã cloroquina». Este apodo  e o termo TrateCov, designação de uma controversa aplicação de diagnóstico desenvolvida também pelo Ministério de Saúde brasileiro, fazem parte das sete novas entradas na rubrica A covid-19 na língua, igualmente alusivas ao impacto social planetário da covid-19: felicidade, países pobres, recuos e avançostrabalho infantil e tuk-tuks.

Imagem de Gordon Johnson, Pixabay, 28/05/2021.

2. A análise das frases e seus constituintes (sintaxe) suscita em muitas pessoas uma torrente de lugares-comuns ou memórias incertas de passagens camonianas de construção intrincada.  Mas, para o estudo profícuo da sintaxe, basta começar com frases da língua atual, ao alcance da intuição dos falantes. É o que acontece com os esclarecimentos acerca do verbo servir, do nome consentimento e de orações relativas introduzidas pela locução o que, que fazem parte da atualização do Consultório.  A estas três respostas, juntam-se quatro respostas sobre variação regional («andar com alguém à escola» e evolução divergente de certos topónimos estrangeiros), derivação (o gentílico de Restelo), e ortografia (e-book).

3. Nas Notícias, dá-se conta da aprovação e publicação do Manual de Linguagem Inclusiva, que, em Portugal, o Conselho Económico e Social (CES), órgão constitucional de consulta e concertação social, aprovou em 20 de maio de 2021. Trata-se de um guia baseado em normativas nacionais e internacionais centradas no uso de linguagem inclusiva e promotora da igual visibilidade e simetria de mulheres e homens. Entre as recomendações, encontram-se alternativas ao uso genérico do masculino plural: propõe-se que casos como «os estudantes» sejam substituídos por «os estudantes e as estudantes». Aconselha-se ainda o recurso a expressões não discriminatórias: por exemplo, em lugar de falar de «os idosos» como um bloco, dá-se preferência à perífrase «pessoas idosas» ou «seniores».

Sobre os aspetos de género da linguagem inclusiva, consultem-se os seguintes artigos: "Parceiros sociais vão ter manual para dialogar de forma 'neutra'",  "Uma questão de género: 'Portugueses', ou 'Portugueses e Portuguesas'?", "'Machista' e 'heteropatriarcal', a língua portuguesa?", A gramática não tem sexo, não é inclusiva nem exclusiva", "Elas são eles e eles são elas?", "Os cidadãos e a gramática"

4. Na rubrica O Nosso Idioma, transcreve-se,com a devida vénia, do jornal Público (25/'05/2021), a crónica que, jocosamente, o escritor Miguel Esteves Cardoso dedicou à ponderosa questão da possibilidade de derivar palavras no campo lexical da escatologia (ou seja, da «alusão aos temas das fezes, da imundície, da obscenidade», conforme definição da Infopédia), considerando que «“merdar” faz falta por ser explícito».

5. Ainda fazendo eco da polémica desencadeada pelo jornalista brasileiro Sérgio Rodrigues, em redor das forças centrífugas do português contemporâneo (ver Acordo Ortográfico), assista-se ao debate promovido pelo projeto bilingue PGlobal (jornal Público) e conduzido pela jornalista Leonete Botelho em 25/05/2021, com o título "A língua portuguesa tem futuro ou está condenada?". Intervêm o embaixador Luís Faro Ramos (embaixada de Portugal no Brasil), a professora e investigadora Madalena Vaz Pinto (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e o ator Ricardo Pereira (Conselho da Diáspora Portuguesa).

 

 

 

6. Fonte inesgotável de informação coligida de forma colaborativa, disponível em várias línguas e, portanto, expoente mundial da promoção do multilinguismo, a Wikipédia escrita em português comemorou vinte anos em 11 de maio de 2021. Sobre este aniversário, realçado pelo facto de a Wikipédia em língua portuguesa ter surgido poucos meses depois do lançamento da versão original em inglês em 15 de janeiro de 2001, ler mais aqui.

7. Sobre os três programas que, em Portugal, a rádio pública dedica à língua portuguesa, chama-se a atenção para:

– Os produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa – Língua de Todos, que vai para o ar na RDP África, na sexta-feira, 28 de maio, pelas 13h20* (repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*),  e o Páginas de Português, na  Antena 2, no domingo, 30 de maio, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 5 de junho, às 15h30*);

– Também na Antena 2, o programa Palavras Cruzadas, de Dalila Carvalho, de segunda a sexta-feira, às 9h50 e 18h20, na semana de 31 de maio a 4 de junho, tem como tema  a  relevância dada ao inglês nas provas de recrutamento de quadros superiores no mundo empresarial português.

* Hora  oficial de Portugal continental.

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1. Numa altura em que Portugal atinge o número de «5 milhões» de vacinas administradas e no Japão se vive a «quarta vaga» de covid-19, o percurso da pandemia continua a colocar desafios relacionados com o facto de estarmos perante uma «infeção perversa» ou com a definição de «parâmetros epidemiológicos». Coloca-se também em primeiro plano o conflito entre o «interesse individual e o bem comum» ou as consequências do isolamento prolongado nas amizades. Em paralelo, cresce a preocupação dos cientistas relativamente à possibilidade de transmissão humana do vírus H5N8, responsável pela gripe aviária. A estas expressões destacadas juntam-se ainda «vírus de disseminação endémica e sazonal», «vírus de disseminação pandémica» e «economia de guerra», num total de 10 novas entradas para A covid-19 na língua

Segunda imagem: anticorpos contra a covid-19 

2. O Consultório recebe novas respostas relacionadas com as regências do adjetivo tarimbado e do verbo dependurar. Os valores dos tempos verbais continuam a levantar dúvidas, como se ilustra com as respostas «"Deixas-me curioso" vs. "Deixaste-me curioso"» e «A coocorrência das duas formas de mais-que-perfeito (simples e composto)». Apresentamos também duas questões relacionadas com a identificação de funções sintáticas de predicativo do sujeito e de complemento indireto, complemento oblíquo e modificador do grupo verbal. Por fim, um esclarecimento quanto à grafia da expressão «de má fama». 

3. A identificação de uma deputada pela cor da pele, numa notícia da agência Lusa, levantou a questão da ideologia subjacente ao uso de adjetivos como preto, o que deu mote à crónica da professora Carla Marques (no programa Páginas de Português, da Antena 2, aqui transcrita).

4. Os usos de viva, ora como verbo ora como interjeição, são explicados pela professora Maria Regina Rocha no apontamento «Morram as pandemias!», motivado pelo título de uma crónica do provedor do leitor do jornal Público, do dia 1 de maio de 2021: «Viva as pandemias!» 

5.  A abordagem da narrativa épica Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, na perspetiva do seu ensino e aprendizagem, constitui a matéria do texto da professora Lúcia Vaz Pedro, disponível na rubrica Ensino, no qual aborda o estudo da obra como o culminar de um percurso de três anos (no 3.º ciclo do ensino em Portugal).  

6. A questão do erro, visto tanto na perspetiva dos gramáticos como na dos linguistas, é explorada pelo linguista Aldo Bizzochi no artigo «Afinal, existe ou não existe erro de português?» (aqui transcrita com a devida vénia). 

7.  Entre as notícias relacionadas com a língua, destaque para o lançamento do manual escolar A Par e Passo (Edições Asa – Leya), da autoria das professoras Carla Marques Ana Paula Neves (notícia aqui). 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A crise sanitária causada mundialmente pela covid-19 está longe de debelada, mas velhos problemas voltam a ter lugar destacado na atualidade, e disso são sinal os bombardeamentos na faixa de Gaza e a entrada descontrolada de imigrantes em Ceuta. Em Portugal, as preocupações são outras: entre avanços e recuos locais do desconfinamento, anuncia-se o regresso dos turistas do Reino Unido. É, pois, sobretudo a aspetos inerentes à vacinação que aludem as dez novas entradas em A covid-19 na língua: ampolacentro de vacinação», Dia D, picadela, «raspadinha covid», recobro, «soro fisiológico», ultracongelação , «vacinações absurdas» e «vacinação adversa».

2. No domínio do nutricionismo, anunciam-se serviços não de «aconselhamento nutricional», mas de nutricoaching, termo de uso muito discutível, porque, apesar da sua aparência anglo-saxónica, os dicionários de língua inglesa não o registam, conforme se comenta numa das novas respostas do Consultório. Juntam-se sete outras questões, a respeito dos seguintes tópicos: o galicismo buffet; a classificação de manter-se como verbo copulativo («mantém-se no hospital); o infinitivo introduzido pela preposição a; o ponto e vírgula a introduzir orações coordenadas; os valores habitual e genérico do presente do indicativo; o aspeto imperfetivo; e o significado do substantivo paguel.

3. Uma notícia da agência Lusa causou mal-estar nos meios jornalístico e político por nela ocorrer um termo racista. No Pelourinho, transcreve-se, com a devida vénia, a crónica que, a propósito do incidente, o humorista Ricardo Araújo Pereira escreveu para a edição de 20/05/2021 da revista Visão.

4. Na Montra de Livros, uma breve nota apresenta Todas as Palavras que Hão de Vir, uma edição digital gratuita do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e da Imprensa Nacional-Casa da Moeda. É um pequeno livro que, como forma de assinalar o Dia Mundial da Língua Portuguesa de 2021, reúne depoimentos de 16 escritores de oito países da CPLP à volta de memórias e considerações motivadas pelo português, .

5.  Acerca da ideia de lusofonia, continua a polémica desencadeada por Sérgio Rodrigues na Folha de S. Paulo em 12/05/2021 –cf. "O brasileiro já é a língua do Brasil?", nas Controvérsias. Uma primeira réplica do historiador e político Rui Tavares encontrou novo eco em Sérgio Rodrigues (Folha de S. Paulo, 19 de maio de 2021) e até suscitou a reação do jornalista Nuno Pacheco, que se juntou ao debate no jornal Público (em 20/05/2021). Às críticas acérrimas às políticas de unidade da língua, o historiador e político Rui Tavares volta ao tema em crónica discordante, neste dia também no jornal Público.

6. Outro registo da atualidade, documentando a vitalidade do português de Angola.Trata-se da adesão de muitos jovens angolanos à recitação, declamação ou "palavra falada", um género poético de cariz urbano, internacionalmente conhecido em inglês como spoken word. Um vídeo da Deutsche Welle em português mostra como, em Angola, esta arte cresce, com vários jovens que a exploram para falar de temas como o feminismo, a sexualidade e o racismo. Ver aqui.

7. Nos três programas que na rádio pública portuguesa abordam temas da língua portuguesa:

– Fala-se do ensino da língua portuguesa em contextos linguísticos diversos e do seu ensino em Angola, de acordo com  Filipe Zau, investigador em ciências da educação, professor, autor e compositor angolano – em A Língua de Todos, na RDP África (sexta-feira, 21 de maio, pelas 13h20*; repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*, e posteriormente aqui).

– Apresenta-se o livro Contos com Nível (A1), destinado a aprendentes de Português como Língua Estrangeira (nível de iniciação) e de autoria da linguista Ana Sousa Martins, coordenadora da Ciberescola da Língua Portuguesa – nPáginas de Português, na  Antena 2 (domingo, 23 de maio, pelas 12h30*; com repetição no sábado seguinte, 28 de maio, às 15h30*, e depois aqui).

Neste programa, intervêm também o professor e tradutor Marco Neves, que fala sobre o seu último livro, História do Português desde o Big Bang, e a professora Carla Marques, com uma crónica sobre a palavra preto, muitas vezes usada como insulto racista.

– A boa comunicação de médicos e enfermeiros com os seus doentes é o tema que Susana Magalhães, coordenadora científica do curso de Medicina Narrativa da Universidade Católica Portuguesa,  desenvolve no programa Palavras Cruzadas,  na Antena 2, na semana de 24 a 28 de maio de 2021* (de segunda a sexta-feira, às 09h50* e às18h20*, e também aqui),  em entrevista conduzida por Dalila Carvalho.

*Hora oficial de Portugal continental

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1. Entra-se em Portugal, acompanhando outros países, em fase de «vacinação massiva», com a distribuição de mais de 100 mil doses diárias. Este avanço no panorama da covid-19 abre uma nova questão: poderão os vacinados deixar de usar máscara («máscaras vs. vacinados»)? Afirma-se, nos meios políticos, que não é ainda o tempo de abandonar a máscara porque não existe «robustez científica» nos dados relativos aos estudos relacionados com as consequências da ausência de uso de máscaras em população vacinada. Enquanto isso, os britânicos preparam-se para regressar ao Algarve em busca de sol, descanso e boa comida, enchendo os «voos de verão» e lançando a recuperação do setor do turismo. O aparecimento da «vacina francesa» surge também como uma nova luz ao fundo do túnel no avanço da ciência contra o vírus SARS-CoV-2. Será, entretanto, tempo de começar a avaliar as sequelas de todo o isolamento a que a população foi sujeita, nomeadamente das crianças que ficaram «fechadas em casa». Os termos destacados constituem as seis novas entradas na rubrica A covid-19 na língua.  

2. A pronúncia e grafia corretas do substantivo ambrósia integram o conjunto de respostas divulgadas na atualização do Consultório. Aqui surgem também respostas relacionadas com aspetos como a formação do plural de inverosímil, a identificação de uma enumeração, a classificação das funções sintáticas em «Eu transformei o príncipe num sapo», a classificação da modalidade na frase «Efetivamente, "George" é um conto muito bonito!», o significado da palavra dormidista e ainda o uso de terceiros como substantivo.

3.  O ensino do português enquanto língua pluricêntrica encontra-se na ordem do dia e a ele associam-se relatos de situações escolares que discriminam variantes linguísticas do português. É este o tema da crónica da linguista Edleise Mendes (incluída no programa Páginas de Português, da Antena 2, de 16 de maio).

4. Deixamos aqui o destaque para alguns factos de atualidade e a sua relação com aspetos linguísticos diversificados: 

— A visita do Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, à Guiné-Bissau a Cabo Verde justifica a chamada de atenção para alguns temas linguísticos relacionados com os dois países, disponíveis  no arquivo do Ciberdúvidas. Por exemplo «As línguas crioulas de Cabo Verde e Guiné»; «Os gentílicos da Guiné, da Guiné-Bissau e da Guiné Equatorial»; «A língua e os nomes na Guiné-Bissau»; «Os nomes pátrios da Guiné Equatorial e da Guiné-Bissau»; «Cabo-verdiano»; «A insistência cabo-verdiana no erróneo “caboverdeano”». 

— A celebração do Dia Internacional dos Museus, em 18 de maio, uma data que este ano faz ainda mais sentido se atendermos ao afastamento que a covid trouxe à relação entre visitantes e museus. As iniciativas promovidas em Portugal para a comemoração da data encontram-se divulgadas no sítio do Património Cultural. Dá-se neste espaço relevo ao Museu Virtual da Lusofonia, que pode ser "visitado" aqui. A ele associam-se outros museus que poderão ser vistados virtualmente (ver aqui e aqui). Destaque ainda para o maior museu de instagram e tik tok da Europa (aberto ao público em Bruxelas desde o verão de 2020) e para a criação de uma aplicação para explorar museus (APP Google).

No Ciberdúvidas estão disponíveis diversos textos relacionados com a palavra museu, que vale a pena recordar: «Da palavra museu à gramática de «não dá»»; ««Museu de Marinha» vs. «Museu da Marinha»»; «O diminutivo de museu»; ««Museu Reina Sofia»... porquê?»; «O surpreendente Museu da Língua Portuguesa»; «O Museu Virtual da Lusofonia e o português no mundo global». 

— Sobre o reacendimento do conflito israelo-palestiniano, recordamos o uso dos adjetivos palestino = palestiniano = palestiniense e de Israelianos, israelenses e israelitas; a etimologia de filisteu e palestino e, ainda, o recorrente erro de se qualificar uma tragédia, como esta, de humanitária.

Cf. Conflicto palestino-israelí, claves de redacción

—  E, quanto à realização, neste dia, em Roterdão, da  65.ª edição do Festival Eurovisão da Canção (Eurovisão, abreviadamente), importa lembrar a sua grafia correta: com maiúsculas iniciais, enquanto o título das canções se grafa entre aspas ou em itálico. É a mesma regra seguida no castelhano, como consta desta recomendação da Fundéu/RAE (Fundação para o Espanhol Urgente).

Cf. "À séria" e "'muita' bom"... para inglês ouvir

5. Um registo final para a atribuição do Doutoramento Honoris Causa a Jorge Silva de Melo, ator, encenador e cineasta, e a Luís Miguel Cintra, também ator e encenador, pela Universidade de Lisboa, em 18 de maio de 2021. Disponível aqui

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1. Desenrola-se o processo de imunização em Portugal, onde se estima que as pessoas vacinadas são já quatro milhões. Não estando longe a preocupação com os efeitos de algumas vacinas, preveem-se, para certas faixas etárias, situações de vacinação (só) com consentimento e, entretanto, desenvolve-se uma segunda vacina portuguesa. Mas corre-se sempre o risco de retrocessos, por exemplo, em ocasiões festivas que dão azo a  manifestações coletivas. Foi o caso da multidão de adeptos que em Lisboa, em 12 de maio p.p., comemoraram desabridamente a vitória do seu clube (cf. «[O] vírus não sabe que o Sporting foi campeão»), ou, aqui já com as devidas precauções, a tradicional peregrinação do 13 de maio em Fátima. Como prevenção, surge um kit do adepto para competições desportivas com público reduzido  e sensibiliza-se toda a população para a importância da vacinação, como bem ilustra o webinar da UNESCO intitulado "Dentro de uma vacina há futuro". São as sete novas entradas na rubrica A covid-19 na língua.

2. Que relação tem o verbo proibir com o valor modal de permissão que está associado a poder (p. ex., em «podem sair»)? O esclarecimento desta questão faz parte do conjunto de oito novas respostas do Consultório, à volta dos seguintes tópicos: a classificação do que da expressão «será que...?»; de novo, a diferença entre valor iterativo e valor habitual de um enunciado; a análise morfológica de plataforma; a boa formação de rócheo; e reconvívio; a razão de estender ter s mas extensão ter x; e o contraste entre onde e em que («tem reações onde se nota o medo», ou «tem reações em que se nota o medo»?).

3. Nos últimos meses, em Portugal, com a publicação de O Cânone (Tinta da China/Fundação Cupertino de Miranda, 2020), relançou-se o debate sobre a definição do cânone literário, isto é, do elenco de obras literárias consideradas importantes de vários pontos de vista (patrimonial, educativo, crítico). Na rubrica Montra de Livros apresenta-se outra proposta neste âmbito, um pequeno volume intitulado Vamos Ler! – Um Cânone para o Leitor Relutante (Guerra e Paz 2020), em que o autor – o ensaísta e crítico literário Eugénio Lisboa (Maputo, 1930) – não poupa a energia das suas convicções para criar novos apreciadores da literatura portuguesa.

4. É tempo de o português do Brasil se tornar a língua brasileira? O jornalista e escritor brasileiro Sérgio Rodrigues é dessa opinião, em crónica publicada na Folha de S.Paulo em 12 de maio de 2021. O historiador e político português Rui Tavares reage com outra crónica (Público, 14 de maio de 202) e, entendendo embora os motivos dessa reivindicação, considera estar na altura de a CPLP e, em especial, Portugal se tornarem politicamente eficientes na gestão da língua comum, pois o português arrisca-se a perder projeção. Ambos os textos estão disponíveis na rubrica Controvérsias.

5. Ainda em referência à comemoração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, a rubrica O Nosso Idioma disponibiliza um artigo de Ana Paula Laborinho, diretora em Portugal da Organização de Estados Ibero-americanos, a respeito do lugar da língua portuguesa no mundo e das formas de a conceber.

6. Herança dos Egípcios, os obeliscos – do grego ὀβελίσκος, diminutivo de ὀβελός, «espeto, pilar aguçado» – ainda hoje se recriam com a finalidade comemorativa de antanho. Contudo, uma experiência recente de arte pública na cidade de Oeiras distinguiu-se pela troca "disortográfica" de lazer («ócio») por laser (raios), conforme se relata numa peça jornalística transcrita, com a devida vénia, nas Notícias.

7. Da atualidade de Portugal que envolve a sua realidade histórica, linguística e cultural, mencionem-se:

– A exposição Não me calo!, inaugurada em 10/05/2021, no Espaço Exposições do Edifício II do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) e patente até 30 de junho do corrente, que é constituída pela coleção de cartazes do arquivo Ephemera, do historiador e político José Pacheco Pereira, na qual se incluem peças manuais criadas para protestar; e

– O  fim do Ramadão (no Brasil, Ramadã)* em 12/05/2021 – o Eid al-Fitr, ou «festa do fim do jejum»  –, cerimónia que reuniu centenas de fiéis muçulmanos na Praça Martim Moniz, em Lisboa.

Ramadão ou Ramadã designa o nono mês do calendário islâmico e o jejum ritual que é praticado nesse mês. A palavra vem do árabe ramadán, do verbo ramida, «ser ardente, escaldante», em alusão à época mais quente do ano em que calha este mês (Dicionário Houaiss). Sobre o Islão, consultem-se "Palavras do Islão" e "Palavras referentes ao Islão".

CfRamadão: o que é o Eid al-Fitr?

8. Temas principais nos três programas que a rádio pública portuguesa dedica ao português:

— O livro As Literaturas em Língua Portuguesa, de José Carlos Seabra Pereira, em A Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 14/05/2021 pelas 13h20*);

— O Projeto de Intervenção Preventiva para a Aprendizagem da Leitura e da Escrita (PIPALE), no  Páginas de Português (Antena 2, domingo, 16/05/2021, pelas 12h30*); e

– O protocolo militar, a propósito do II Fórum Mundial de Protocolo, Comunicação e Imagem, no programa Palavras Cruzadas,  também na Antena 2, na semana de 17 a 21 de maio de 2021* (de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h20*).

*Hora oficial de Portugal continental

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Na Europa começa a instalar-se um aparente período de acalmia no que à evolução da pandemia diz respeito. Inclusive a situação na Índia, que tantas preocupações levanta, parece querer dar sinais de abrandamento. O léxico relacionado com a situação que domina o mundo inteiro mantém, não obstante, o seu dinamismo, o que se vai registando na rubrica A covid-19 na língua com sete novas entradas: «Abraços desconfinados», Aeromédico, AquarentenarOdemira, «Papa Francisco», «Salto digital» e Síndromes.

2. A dúvida quanto à necessidade de uso da maiúscula em determinadas palavras é um assunto que os consulentes do Ciberdúvidas trazem recorrentemente ao Consultório. Desta feita, a questão centra-se na expressão «Muro / Cortina de Ferro», à qual se juntam dúvidas relacionadas com a correção do uso do determinante artigo em construções como «alérgico a leite» vs. «alérgico ao leite», com a pronúncia de Madagáscar, com a subclasse do substantivo escravidão, com os processos de coesão lexical e com a correção da locução «um tanto (ou) quanto»

3. O adjetivo vulnerável foi a palavra escolhida para a crónica da professora Carla Marques no programa Páginas de Português, da Antena 2, numa viagem que vai dos significados gerais à significação específica da palavra, em contexto de covid-19 (reproduzida aqui). 

4. A celebração do Dia da Língua Portuguesa na União europeia abriu espaço à reflexão sobre o pluricentrismo do português e a sua evolução desde a entrada na CEE, há 35 anos, num artigo da professora universitária e linguista Margarita Correia (publicado no Diário de Notícias e aqui transcrito com a devida vénia). 

5. O verbo falecer tem sido assumido como um modismo que se sobrepõe aos usos do verbo morrer. Esta é a conclusão a que chega o cronista Miguel Esteves Cardoso na crónica intitulada «Anda tudo a falecer» (divulgada no jornal Público e aqui transcrita com a devida vénia).

6.  O Dicionário do Português de Moçambique (DiPoMo), recentemente lançado, é um projeto em curso de grande importância para esta variedade do português e significa um grande avanço nos estudos de lexicografia a ela associados. Notícia e entrevista a Inês Machungo, coordenadora-geral do projeto, disponível aqui

7. Uma nota final, de muito pesar, sobre o falecimento do radialista português Vítor Nobre  (1944 – 2021), que durante muitos anos foi a (excecional) voz dos primeiros anos do programa Páginas  de Português, produzido pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, na Antena 2. Vítor Nobre ingressou nos quadros da rádio pública portuguesa ainda antes do 25 de Abril, a então Emissora Nacional, em 1970, como locutor.  Durante uma década foi locutor no então Rádio Clube de São Tomé e Príncipe. Em 1970 integrou os quadros da antiga Emissora Nacional, onde trabalhou no Desporto, Informação, Continuidade e Onda Curta. De Maio de 1974 a Junho de 1975, desempenhou funções de director da RDP/Algarve. Em 1998, montou, formatou e dirigiu a Rádio Expo, da RDP. Na década de 1980 foi voz-off na RTP, em regime de colaboração e júri dos concursos Palavra Puxa Palavra e Grande Pirâmide. Dirigiu ainda o Serviço de Programas Especiais da Antena 1 e ao longo de 12 anos realizou e apresentou os programas da manhã da Antena 2, Allegro Vivace e Despertar dos Músicos. Foi ainda monitor do então Centro de Formação da RDP e, posteriormente, no Cenjor, nas disciplinas de Locução, Animação e Produção/Realização Radiofónica, Animação e Produção/Realização Radiofónica. Já reformado, foi docente, na sua especialidade, na Universidade Autónoma de Lisboa depois de 1993.  De grande cultura musical, destacou-se também como entrevistador, como esta entrevista que fez à pianista  portuguesa Helena Sá e Costa (1913  2006). Ouvir, na íntegra, aqui. 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Prossegue o plano de desconfinamento em Portugal, se bem que entre constantes preocupações com o impacto da pandemia e com retrocessos em alguns concelhos. É o caso de Odemira, onde um surto atinge os trabalhadores rurais imigrantes e expõe um quadro de abusos laborais. Mas com a covid-19 também proliferam formas de trabalho à distância que pedem regulação, as chamadas «regras e direitos para teletrabalho», expressão que, na rubrica A covid-19 na língua, se soma a outras quatro, num conjunto de cinco novas entradas: «custos da covid-19», a marcar preocupações com o estado da economia; e, em referência às dificuldades que comprometem diversas atividades desportivas e as festas tradicionais mais próximas, «impactos da covid 19 no desporto» e «marchas populares» (as de Lisboa, em junho, que em 2021 continuarão suspensas); e, por último, vinho, a documentar, em Portugal, o impacto negativo da pandemia na vinicultura.

2. Apesar dos muitos constrangimentos, o Dia Mundial da Língua Portuguesa, em 5 de maio, teve manifesto impacto nos diferentes países que a usam e/ou lhe dão estatuto oficial. Em O Nosso Idioma, apresenta-se uma seleção de peças jornalísticas publicadas em Portugal nessa data e respeitantes ao tema (ver aqui, aquiaqui e aqui). Também no Brasil se assinalou a comemoração (ver aqui), tal como aconteceu, aliás, em Cabo Verde e Timor-Leste, com mensagens oficiais (aqui e aqui). Na imagem ao lado, fotograma do vídeo sobre sotaques realizado em 2017 por Miguel Gonçalves Mendes, a partir de O Paraíso São os Outros de Valter Hugo Mãe.

No contexto do ensino, entre várias iniciativas, mencione-se a edição especial da revista L/Atitude, inteiramente dedicada ao Dia Mundial da Língua Portuguesa de 2021 (acesso aqui). Trata-se de uma publicação da Direção de Serviços de Ensino e das Escolas Portuguesas no Estrangeiro (Direção-Geral da Administração Escolar, Ministério da Educação de Portugal).

3. O uso correto das preposições é um dos muitos desafios enfrentados por quem estuda o português como língua estrangeira. Na rubrica  Montra de Livros, apresenta-se um livrinho que ajuda a enfrentar esse problema: trata-se de Preposições em Ação, uma edição da Lidel em 2021.

4. Estará correto o uso (sobretudo) brasileiro de feito como conjunção – por exemplo, como em «chorou feito um bebé»? Na presente atualização do Consultório, responde-se a esta e outras seis perguntas, distribuídas por diferentes facetas do funcionamento da língua – da sintaxe às classes de palavras e à morfologia (derivacional), passando pela variação linguística (ver aquiaqui e aqui) e pela ortografia.

5. Nos três programas dedicados pela rádio pública de Portugal à nossa língua comum, têm relevo os seguintes temas:

♦ O ensino da língua portuguesa em contextos multilingues», uma entrevista com a professora Luísa Moreira, membro do Conselho Diretivo do Observatório da Língua Portuguesa – em A Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 7 de maio, pelas 13h20*; repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*), que inclui ainda a crónica da professora Edleise Mendes sobre a celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa.

♦ A natureza policêntrica do português, numa participação da professora Margarita Correia, e o ensino do português em Angola, numa entrevista ao reitor da Universidade Independente de Angola, professor Filipe Zau – no Páginas de Português (Antena 2, domingo, 9 de maio, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 15 de maio, às 15h30*). Este programa conta igualmente com a crónica da professora Carla Marques sobre a palavra vulnerável.

♦  No programa Palavras Cruzadas, também na Antena 2, de  segunda, dia 10/05, a sexta-feira, dia 14/05, às 9h50* e às18h20* (ficando o programa disponível  posteriormente na RTP Play), Dalila Carvalho tem como convidado o desembargador no Tribunal da Relação de Évora, António Latas – à volta dos nomes, termos e demais formalismos lexicais usados numa sala de audiências.

*Hora oficial de Portugal continental.

6. Deixamos um registo de pesar pelo falecimento, por cancro, do ator português  Cândido Ferreira (1948 – 2021)  – lembrando a sua participação num dos primeiros episódios do magazine televisivo Cuidado com a Língua!, no papel de um sapateiro:

 

 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Celebra-se no dia 5 de maio o Dia Mundial da Língua Portuguesa, evento que contou com a sua primeira comemoração no ano de 2020, após a consagração da data pela UNESCO em novembro de 2019. Assinalado por uma comunicação especial do secretário-geral da ONU, o português António Guterres, as redes externas ao Camões, I.P. dedicam o dia com a realização de mais de 150 atividades, distribuídas por 44 países. Por sua vez, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) encontra-se a promover um ciclo de debates em torno do tema «Promoção e Difusão da Língua. Estratégias Globais e Políticas Nacionais» (sessões realizadas entre abril e maio de 2021; mais informações aqui). Em Portugal destacam-se o Lisboa 5L – um festival literário que se propõe celebrar simultaneamente a Língua, a Literatura, os Livros, as Livrarias e a Leitura – e o Seminário Comemorativo do Dia Mundial da Língua Portuguesa, coorganizado pela Câmara Municipal de Guimarães e pela Universidade do Minho, com lugar no Centro Cultural Vila Flor. Refira-se ainda que a Associação FORGES se encontra, neste âmbito, a promover a Semana da Língua Portuguesa, que engloba o «Ciclo de debates ensino superior em questão no espaço da língua portuguesa», entre 5 e 7 de maio, numa coorganização com a ANPAE – Associação Nacional de Política e Administração da Educação, com sede no Brasil (os debates poderão ser acompanhados aqui). A professora universitária Margarita Correia publicou também um texto alusivo a esta data, intitulado «O que queremos desta língua» (aqui transcrito, com a devida vénia).

Vide ainda a informação  prestada pelo ministro do Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, sobre  o primeiro dicionário de português de Moçambique; e o anúncio alusivo à comemoração do Dia Internacional da Língua  Portuguesa, aprovado pela UNESCO:

 

 

2. O percurso da pandemia leva agora o mundo a centrar a sua atenção no aparecimento de novas variantes do vírus SARS-CoV-2, o que fica patente também no léxico com a criação de dois novos acrónimos: VOC e VOI. Em paralelo, as populações experimentam um sentimento de vulnerabilidade que se estende do plano sanitário às atividades económicas. O programa «Lisboa protege» é uma das respostas criadas para apoiar as empresas. Em simultâneo, continua a decorrer a campanha de vacinação, não sem alguns incidentes que, aqui e além, se associam à vacinação indevida. Esta situação levou à criação, em Portugal, da figura do controleiro. As quatro expressões destacadas integram a nova atualização na rubrica A covid-19 na língua

3. Na frase «não me enviem cartões a essas pessoas» está presente uma forma de dativo ético (ou de pronome de interesse), cujo papel se analisa nesta resposta. A atualização do Consultório contempla ainda a etimologia do nome papa, a identificação do subclasse do advérbio incrivelmente, a grafia de subsidiodependência, o uso de embora nas orações concessivas, a construção do verbo sacar com a preposição de e a relação entre atos de fala e a modalidade.  

4.  Marco Neves, professor universitário e tradutor, acaba de lançar um novo livro: História do Português desde o Big Bang. Na rubrica Montra de Livros, deixamos a apresentação desta obra que se propõe contar a história da linguagem humana desde os seus primórdios. 

5. No Pelourinho, disponibiliza-se um excerto da crónica de José Manuel Barata-Feyo, provedor do leitor do Público, que trata os sérios problemas de uma tradução mal conseguida. A propósito do título desta mesma crónica, «Viva as pandemias», refira-se, mais uma vez, que o uso da palavra viva é controverso. Com efeito, poderemos encontrar argumentos que justificam a invariabilidade da palavra por a considerarem uma interjeição, mas não é menos certo que, em frases desta natureza,  faz mais sentido considerar a forma viva como um verbo que tem como sujeito as expressão «as pandemias». Nesta linha, recomenda-se a forma «Vivam as pandemias». Refira-se, ainda, que sendo a forma viva tomada como simples saudação ou manifestação de alegria, assumindo-se como interjeição, deveria ser seguida de vírgula ou de ponto de exclamação, e o nome pandemias, não deveria ser antecedido de artigo definido: «Viva, (!) pandemias».

Cf. «Viva, sejam bem-vindos e vivam, sejam bem-vindos», «Vivam os noivos! (e não "Viva" os noivos!)», «Vivam os Açores!» e  «Morram as pandemias!»

6. A questão do desenvolvimento da linguagem artificial e as estratégias promovidas para construir modelos informáticos neste âmbito estão na base do artigo do professor universitário Arlindo Oliveira, sobre o processamento automático da linguagem e a sua relação com as línguas humanas (aqui transcrito, com a devida vénia). 

7. Em Madrid, decorrem, a 4 de maio, as eleições autonómicas, facto da atualidade que justifica recordar alguns textos disponíveis na plataforma do Ciberdúvidas: «Cairota, madrileno, etc.», ««Museu Reina Sofia»... porquê?» e «O significado de movida».