1. Numa altura em que se atinge o terrível número de 3 milhões de mortos por covid-19, registados em todo o mundo, o Brasil continua a lutar contra a evolução da pandemia, com efeitos intensos também sobre o pessoal ligado à saúde, o que levou já a que se considere esta situação uma «Guerra desleal». As palavras destacadas integram as nove novas entradas na rubrica A covid-19 na língua, a que se juntam as seguintes: Amêijoas, «Annus horribilis», Cabo Verde, Ecocídio e «É para o bem de todos», MIS-C e Patentes.
2. A formação de palavras é um conteúdo abordado em diferentes momentos do ensino-aprendizagem do português, enquanto disciplina de estudo. Trata-se de uma área complexa pelas variáveis que envolve, pelo que suscita com alguma frequência dúvidas de âmbito diversificado. Exemplo desta realidade é a questão que pretende aferir se o nome floresta se terá formado a partir de flor, aspeto que se analisa na nova atualização do Consultório. No plano da semântica, as respostas incidem sobre os valores de nexo expressos pela locução «uma vez que» e sobre os valores expressos pelo advérbio só em diferentes contextos de uso. Exploram-se ainda os sentidos do provérbio «Tenho uma gaveta, não sei que lhe faça nem sei que lhe meta» e o valor do substantivo ligeira, usado no interior de São Paulo. Por fim, regressa-se à colocação do pronome clítico em orações infinitivas com advérbios.
3. Contos com Nível (A1), da autoria de Ana Sousa Martins, linguista e coordenadora da Ciberescola da Língua Portuguesa, é o novo volume da coleção destinada a estudantes de português língua estrangeira, desta feita visando o nível inicial de aprendizagem da língua, como se explica na Montra de Livros, onde a obra é apresentada.
4. A linguista e professora universitária Margarita Correia aborda na sua crónica semanal, publicada no Diário de Notícias, aspetos relacionados com a língua espanhola no mundo, aproveitando o facto de a 23 de abril se comemorar o Dia Mundial da Língua Espanhola (texto aqui transcrito com a devida vénia).
5. A crónica da professora universitária Edleise Mendes apresenta os materiais destinados a alunos e professore de português língua estrangeira e português língua não materna, disponíveis na plataforma digital PPPLE. Este é um portal que foi criado em 2013 e, desde então, não parou de crescer ao serviço da aprendizagem da língua portuguesa (crónica apresentada no programa Páginas de Português, da Antena 2, aqui transcrita).
6. Entre os eventos relacionados com a língua portuguesa, destacamos os seguintes:
— A conferência proferida pelo professor universitário Augusto Soares da Silva sobre o tema "Variação construcional de significado: a alternância de construções entre "se" explícito e nulo no PB (disponível aqui);
— A chamada de resumos para o 14.º Encontro Nacional da Associação de Professores de Português, com lugar em 9 e 10 de julho de 2021, em Chaves, subordinada ao tema "Português: avaliação na aprendizagem" (mais informações aqui);
— O anúncio da criação do Prémio Literário Luis Sepúlveda, um ano após a morte do autor, promovido pelo Festival Literário Correntes de Escrita e pela Porto Editora;
— A disponibilização pela Direção-Geral de Educação de um guia para escrita / leitura clara, no âmbito da educação inclusiva (recurso disponível na página da DGE).
1. Enquanto a pandemia se agrava, por exemplo, na Alemanha, o parlamento português aprovou o 15.º estado de emergência (até 30 de abril p. f.). De acordo com o plano governamental, Portugal passa também à 3.ª fase do desconfinamento em 19 de abril, data em que se retomam várias atividades, designadamente com o regresso às aulas presenciais no ensino secundário e no superior. Ao mesmo tempo, tendo sobretudo em mente os alunos mais novos, vários especialistas defendem medidas para a recuperação de aprendizagens e propõem as chamadas «escolas de verão». A esta expressão juntam-se sete outras novas entradas que, documentando as consequências da pandemia e os esforços de desconfinamento a três velocidades, constituem mais uma atualização do glossário A covid-19 na língua: «confinamentos locais», «Estado de emergência XV», fala, «incidência vizinha», «névoa mental», «kit de intubação» e voz.
2. A língua portuguesa tem um importante significado para a história e identidade timorenses. A propósito desse contributo estruturante, dedica-se na Montra de Livros uma breve nota de apresentação ao livro Identidade e Resistência da Língua Portuguesa em Timor Leste, de João Pedro Góis.
3. «Tem-se amigos» ou «têm-se amigos»? O que será mais correto quando se usa o pronome se, como forma de não identificar o sujeito? A esta questão, que envolve o se indeterminado e o se passivo, a atualização do Consultório junta outras seis: que significados pode ter o mais-que-perfeito do conjuntivo nas orações concessivas? Morador é nome ou adjetivo? Como explicar a forma verbal da frase «é chegada a hora da partida»? É legítimo formar o nome segurês e o verbo reconceber? Como classificar que e o que em frases interrogativas?
4. Que impacto na unidade e diversidade da língua estão a ter os conteúdos do Youtube e doutras plataformas? Um trabalho da BBC Brasil – "O YouTube influencia o jeito de falar da minha filha" (13/04/2021) – reúne depoimentos e conclusões sobre as consequências linguísticas das novas modalidades de comunicação e consumo mediáticos entre os mais jovens (artigo partilhado pelo Ciberdúvidas no Facebook).
5. Entre publicações com interesse para o conhecimento da língua portuguesa, destacam-se:
– o lançamento em 20 de abril de um novo livro do professor universitário e tradutor Marco Neves, com o sugestivo título de História do Português desde o Big Bang, numa edição da Guerra e Paz;
– e um novo dicionário destinado a estudantes de Português como Língua Estrangeira (PLE), que passou a estar disponível na Infopédia.
6. Temas e horários de programas dedicados à língua portuguesa:
– Nos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa fala-se da situação do ensino de português em Cabo Verde (A Língua de Todos, RDP África, sexta-feira, 16 de abril, 13h20*; repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*), bem como da política do Brasil para o ensino internacional do português, do Portal do Professor de Português Língua Estrangeira (PPPLE) e da obra As Literaturas em Língua Portuguesa, de José Carlos Seabra Pereira (Páginas de Português, Antena 2, domingo, 18 de abril, pelas 12h30*; com repetição no sábado seguinte, 24 de abril, às 15h30*).
* Hora oficial de Portugal continental.
– O programa Palavras Cruzadas*, concebido e conduzido pela jornalista Dalila Carvalho, emitido também na Antena 2**, tem como tema a linguagem complicada dos organismos oficiais e privados em Portugal
** De segunda a sexta-feira, dias 19-23/04, às 09h50 e às 18h20, ficando posteriormente disponível na RTP Play.
1. Parecendo ainda longe de chegar ao fim do túnel, a pandemia vai deixando um rasto de consequências em vários planos: a nível sanitário, financeiro, económico, entre muitos outros. A expressão «novos pobres» ilustra, de forma expressiva, uma nova realidade que emerge no contexto em que se vive. Esta expressão faz-se acompanhar de seis outras novas entradas em A covid-19 na língua, que vão dando conta dos passos que a língua vai dando para descrever a realidade. São elas: Bactéria, «Endemias, epidemias, pandemias e pragas», «Epidemias bacterianas ≠ víricas (ou virais)», "Mão de Deus", Nanómetro e Olhos.
Primeira imagem: Pobres na praia, de Pablo Picasso, 1903.
2. À distância de um século encontra-se a famosa carta que Fernando Pessoa endereçou a Adolfo Casais Monteiro, na qual, a certa altura, o autor considerava a forma «eu mesmo» mais correta do que «eu próprio». Não deixa de ser curioso que, na atualidade, continuem a ter lugar dúvidas baseadas na relação entre mesmo e próprio, como se observa na questão que incide sobre a possibilidade de sinonímia entre os dois numa dada construção. Na atualização do Consultório, aborda-se ainda o significado da expressão «ter cada uma», procura-se um caminho didático para minimizar os usos indevidos da preposição por por parte de hispanofalantes e reflete-se sobre a construção «ainda + gerúndio». Ainda uma questão relacionada com os valores aspetuais habitual e iterativo e, por fim, um esclarecimento sobre a redação de números numa ata.
3. O acompanhamento da evolução da pandemia em Portugal tem levado a que expressões como Rt e incidência tenham destaque no léxico quotidiano, situação que motivou a crónica da professora Carla Marques para o programa Páginas de Português da Antena 2 (aqui transcrita).
4. O Dia Mundial da Língua Chinesa, que se celebra a 20 de abril, abre portas à reflexão da professora e investigadora Margarita Correia sobre a diversidade de línguas existentes na China e sobre a emergência do mandarim (crónica publicada no Diário de Notícias e aqui transcrita com a devida vénia).
5. O ensino do português no Canadá é o tema central da obra Teaching and Learning Portuguese in Canada (Ensino e Aprendizagem de Português no Canadá) da autoria dos professores universitários Inês Cardoso e Vander Tavares, que aqui se apresenta por meio de um artigo da responsabilidade da agência Lusa (transcrito com a devida vénia).
6. O Dia Mundial das Artes será comemorado no dia 15 de abril. Neste dia celebra-se a importância da arte em todas as áreas da vida humana, como forma de educar, transformar, intervir, consciencializar. Entre as inúmeras manifestações artísticas, encontra-se o trabalho com a língua que se liga, de forma inalienável, à importância da literatura, um espaço onde as palavras e as ideias que estas veiculam proporcionam fruição, reflexão e, não raro, ação.
Sugerimos alguns textos disponíveis no Ciberdúvidas, que poderão propiciar a reflexão sobre a importância da língua: «Sobre a palavra literatura», «O texto literário e a literatura», «Literatura popular», «Promover a literatura portuguesa», «A literatura regional e a linguagem» e «O uso literário do português».
7. No Brasil decorre a inscrição na 7.ª edição das Olimpíada da Língua Portuguesa, destinada a professores e alunos do 5.º ano do ensino fundamental ao 3.º ano do ensino médio, das escolas públicas. A edição deste ano subordina-se ao tema "O lugar onde vivo".
1. Após a pausa pascal, a semana que finda foi marcada em Portugal pelo regresso dos alunos do 2.º e 3.º ciclos às aulas presenciais em 5 de abril, acompanhado do processo de vacinação. Contudo, os temores criados pelos efeitos secundários da vacina da AstraZeneca (têm-se registado casos de tromboembolismo após inoculação) levam a que esta seja recomendada pela Direção-Geral de Saúde apenas a pessoas com mais de 60 anos. Destes e doutros acontecimentos da crise pandémica dão conta as 17 novas entradas em "A covid-19 na língua": bem de interesse público, benefícios/riscos, berbicacho, cães covid, contagiado ≠ contaminado, empresas zombies, eventos-teste, lista-semáforo, 2 milhões,13 milhões, 200 milhões, pandemia na sombra, trombo, Vaccines Europe,vaporetto, via sacra, virose. Iniciado em março de 2020 (cf. Abertura de 20/03/2020), este glossário chega assim, na presente atualização, a mais de 1110 entradas, reunindo palavras e locuções postas em circulação pelos media em português, no registo diário das graves repercussões nacionais e internacionais da pandemia de covid-19.
2. No Consultório, salientam-se os diferentes significados do verbo subir conforme se usa com ou sem preposição («subir à serra» vs.«subir a serra»). Mas há mais dúvidas, quanto à grafia de Conservação e Restauro, nome de uma disciplina de formação artística; aos usos e as variantes das locuções «no fim» e «ao fim»; à possibilidade concordância do infinitivo associado à sequência «ter a vantagem de»; à construção «afigura-se»+ adjetivo; à colocação do pronome átono em «vou-me tornando»; ao superlativo absoluto sintético de cortês.; ao significado de sandeu e fol nas cantigas galego-portuguesas; à opção entre maiúsculas e minúsculas na grafia de «Zona Euro»; e à sinonímia entre ex-ministro e «antigo ministro».
3. Quantas vezes perseguidos, os ciganos e as suas tradições têm também chamado a atenção de estudiosos e académicos, entre os quais sobressai Adolfo Coelho (1847-1919). A sua obra Os Ciganos em Portugal – com um estudo sobre o calão (1892) atesta numerosas palavras, expressões e frases típicas do falar cigano em Portugal, no século XIX. Na Montra de Livros, a professora e linguista Carla Marques faz uma apresentação deste estudo, a que agora também se pode aceder por via digital.
4. Na rubrica O Nosso Idioma, transcrevem-se, com a devida vénia, três artigos de diferentes fontes de informação jornalística:
– uma reflexão da escritora e professora Ana Albuquerque sobre a importância da relação poesia-música para definir a essência da língua portuguesa (do jornal digital Viseu Now, 07/04/2021);
– um apontamento da linguista Margarita Correia à volta das origens do termo literacia e da sua introdução no léxico português (Diário Notícias, 05/04/2021);
– e, a respeito da etimologia da palavra café e dos seus cognatos noutras línguas europeias, uma crónica do tradutor e professor universitário Marco Neves (no portal SAPO24 e também no blogue Certas Palavras, 28/02/2021).
Não obstante a pausa da Páscoa (entre 29 de março e 8 de abril p.p.; cf. Abertura de 26/03/2021), durante esses dias e em diferentes rubricas, o Ciberdúvidas pôs outros conteúdos em linha, a saber: "Em defesa do dicionário", "Noctivagia", "Em defesa da aula (presencial)", "Confinar e desconfinar", "Beirofobia", "Quão expectável é?", "A falta da preposição numa publicidade da McDonald’s", "Chamar «insurgentes» a terroristas?!", "O português a saque", "Discutir o racismo n’Os Maias é ensino responsável ou ameaça à autonomia da literatura?" e "Voltamos à escola agarrados à primavera".
6. Da atualidade com interesse para o estudo do português e da sua história, os seguintes registos:
– O Projeto Vercial, um portal associado à Universidade do Minho, passou a dispor de uma secção onde várias obras literárias se encontram lematizadas, ou seja, com as formas canónicas das palavras de cada texto organizadas em índice. Entre os livros selecionados encontram-se Os Lusíadas, As Cidades e as Serras (Eça de Queirós), Anátema (Camilo Castelo Branco) e Mau Tempo no Canal (Vitorino Nemésio).
– O esforço de Sara Frederica Santa Maria, uma cidadã malaia, que, procurando ultrapassar os condicionalismos da pandemia, tem criado aulas e páginas na Internet para manter e incentivar o uso de crioulo de matriz portuguesa de Malaca (revista Visão, 05/04/2021).
7. Temas centrais dos programas que a rádio pública portuguesa dedica à língua portuguesa:
– Nos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas:
♦ a capacidade do escritor Mia Couto de inventar palavras, comentada pela professora Guilhermina Jorge (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) em A Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 9 de abril, pelas 13h20*; no programa, intervém também a professora brasileira Edleise Mendes com uma crónica sobre língua e cultura);
♦ e uma entrevista com o secretário de Estado da Educação João Costa, acerca do estudo apresentado na primeira semana de abril, em Portugal, pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), no Páginas de Português (Antena 2, domingo, 11 de abril, pelas 12h30*), programa que inclui ainda uma crónica da professora Carla Marques, a respeito dos termos Rt e incidência, oriundos do léxico científico, que entraram na comunicação quotidiana.
* Hora oficial de Portugal continental.
– Também no programa Palavras Cruzadas* na Antena 2*, a professora Carla Marques é convidada pela jornalista Dalila Carvalho, para falar dos advérbios de modo terminados ou não em -mente, dos modismos redundantes, do infinitivo flexionado, da norma-padrão e da variação, do pronome relativo que associado a preposição e a um uso incorreto do verbo gostar.
*De segunda, dia 12, a sexta-feira,16 de abril, às 9h50 e às 18h20, ficando posteriormente disponível na RTP Play.
1. Por proposta do Presidente da República e aprovado pela Assembleia da República no dia 25 de março de 2021, foi renovado em Portugal o estado de emergência (o 14.º), em vigor entre as 00h00 de 1 de abril e as 23h59 de 15 de abril. As disposições tomadas incluem, além de medidas já aplicadas, as que visam evitar a especulação de preços e o açambarcamento de testes à covid-19 e outro material médico-sanitário. A Páscoa 2021 fica, assim, marcada, à semelhança do ano anterior, por medidas de restrição um pouco por toda a Europa, não sendo Portugal exceção, com a proibição de circular entre concelhos acompanhada do dever de confinamento. Entretanto, prossegue a diferentes ritmos, entre avanços, atrasos, polémicas e até inércia, o processo de vacinação em diferentes países. É este, em traços breves, o quadro refletido com mais pormenor nas 14 novas entradas de "A covid-19 na língua": ameaça global, antiviral oral, estado de emergência XIV, fado covid, ingenuidade, juiz anticonfinamento, 300 mil, 900 mil, multas antiférias, recém-vacinados, rendimento social de inserção, Semana Santa restritiva, tripanofobia, taxa de mortalidade (e não de "mortandade"), vacinódromo. A pretexto da estratégia de testagem em massa da população com lugar a partir de abril de 2021, foram também atualizadas as entradas de sem-abrigo e migrantes.
2. As terminologias técnicas e científicas têm, por vezes, desígnios que escapam à gramática de uma língua – assim ocorre dizer quando se descobre que a unidade denominada "pascal" tem como plural a forma "pascals" (e não "pascais")*. Para saber porquê, leia-se uma das novas respostas do Consultório, que aborda também os seguintes tópicos: o aspeto habitual associado a uma frase; a classificação de «cada um»; a enigmática frase «matou a charada com tirocínio certeiro»; a negação «nem todas»; as possíveis origens do apelido (sobrenome) Paulos; o uso do adjetivo criterial; e o acento tónico de certas palavras provenientes do grego (prólogo e problema).
* O nome da unidade vem do do matemático e filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662). Pascal é a forma francesa de Pascoal, nome próprio português com origem no adjetivo pascoal, «relativo à Páscoa». Note-se que pascal é também forma adjetival portuguesa, sinónima de pascoal.
3. Os dicionários podem ganhar pó por preguiça de os consultar, mas são um instrumento fundamental para desenvolver o domínio da língua, como realça o tradutor e revisor de textos William Cruz em texto transcrito, com a devida vénia, do mural Língua e Tradição (Facebook, 21/02/2021) para a rubrica O Nosso Idioma.
4. Sabe-se que o português marmelada passou a várias línguas, mas não para ser aplicado ao mesmo tipo de doce. Nas Diversidades, um apontamento de Miguel Boieiro reúne uma série de curiosidades científicas e terapêuticas do fruto com que se faz marmelada, o marmelo.
5. Nas Notícias, regista-se a morte da escritora angolana Maria Alexandre Dáskalos em Luanda, em 20 de março p. p. Também se dá conta do plano que, em 25 de março, um grupo de economistas apresentou com vista à recuperação das aprendizagens por alunos do ensino básico (sobre o impacto da covid-19 na população escolar, consultar a rubrica Ensino).
6. Entre os temas de programas de rádio dedicados à língua portuguesa, salientam-se:
– O projeto do Dicionário do Português de Moçambique (DiPoMo), em A Língua de Todos* (RDP África, sexta-feira, 26 de março, pelas 13h20**; repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00**).
– O I Simpósio de Dialetologia e Sócio-Geolinguística, a decorrer de 24 de março a 28 de abril e organizado pelo Grupo de Pesquisa em Dialetologia, no Páginas de Português* (Antena 2, domingo, 28 de março, pelas 12h30**; com repetição no sábado seguinte, 3 de abril, às 15h30**).
– A religião, a linguagem da alimentação, a literatura gastronómica, a doçaria de Páscoa e os rituais de fé católica, em Palavras Cruzadas** (Antena 2, semana de 29 de março a 3 de abril de 2021, segunda a sexta, às 09h50 e às 18h20).
* Programas que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa.
** Hora oficial de Portugal continental.
8. Comemorações deste e dos dias a seguir:
– Em 26 de março, o Dia do Livro Português, assinalado por numerosos eventos em Portugal, agora que as livrarias reabriram (finalmente). Na mesma data, o Dia Nacional do Utente de Saúde.
– Em 27 de março o Dia Mundial do Teatro, uma das áreas culturais mais afetadas com a pandemia, o qual é preenchido com uma série de espetáculos em linha como se pode confirmar pela revista Visão (26/03/2021) e aqui.
À volta do teatro, sugere-se a leitura das seguintes perguntas e artigos em arquivo: "Teatro", "Teatro português", "Performatividade + representar/representação, dramaturgia", "Levar à cena", "Os conceitos de hiperonímia e de hiponímia em arte, cinema, teatro, pintura e escultura", "Aderecista, caracterizador e maquilhador, profissionais da máscara (teatro)", "A origem da palavra coxia","Fosso (de orquestra)", "O significado de estásimo e de párodo (teatro)", "Forrobodó, farrobodó e farrabadó", "Diga? ", "A Geringonça, mas a da 'Esopaida' de António José da Silva".
– Em 28 de março, o Dia Nacional dos Centros Históricos.
A propósito de património, consulte-se: "Matrimónio / património", "O radical das palavras património, apadrinhar, padronizar e padroeiro" e "A língua como património comum".
– E, em 29 de março de 1911, o governo da I República alargava o ensino infantil, primário e normal a ambos os sexos.
9. No calendário litúrgico e tradicional do mundo cristão, celebra-se a Semana Santa, que decorre de 27 de março a 5 de abril, geralmente coincidindo com uma celebração essencial a outra tradição religiosa, a Pessach judaica (literalmente «passagem»). Durante este período, o Ciberdúvidas faz uma pausa, para depois retomar as atualizações regulares em 9 de abril. Ao longo dos próximos dias, a funcionalidade para envio de dúvidas não vai estar ativa, mas relativamente a assuntos que não envolvam temas gramaticais continuamos disponíveis através dos contactos habituais (aqui ou em ciberduvidasdalinguaportuguesa@gmail.com).
Entretanto, um poema de Eugénio de Andrade (1923-2005), do livro As Mãos e os Frutos (1948), como forma de ir lembrando que, por aqui, com confinamento ou (gradualmente) sem ele, é de novo primavera lá fora:
Olhos postos na terra, tu virás
no ritmo da própria primavera,
e como as flores e os animais
abrirás nas mãos de quem te espera.
Na imagem, Primavera (c.1917), de José Maria Veloso Salgado (Museu Abade de Baçal,Bragança).
1. Um pouco por todo o mundo, o cansaço dapandemia vai agudizando as posições negacionistas e as manifestações contra as medidas impostas pelos governos para controlar o avanço da pandemia. Esta realidade vai também gerando neologismos como "covideiro" ou "fraudemia", usados para acusar aqueles que agem em conformidade com a existência de uma ameaça pandémica. A medicina, por seu turno, avança indiferente aos acontecimento, procurando aliviar com midazolan os pacientes que têm de ser submetidos à intubação orotraqueal. Descobre-se também que a clofazimina, fármaco usado no tratamento da lepra, pode ser eficaz no tratamento da covid-19 e que o sono é também fundamental para evitar sequelas graves da doença. Todavia, enquanto todas as atenções recaem sobre a covid-19, outras doenças, como a tuberculose, vão ficando para segundo plano, com as consequências daí inerentes. No campo da vacinação, várias equipas mundiais, responsáveis pela organização do processo, adotam o camuflado como indumentária, porque de uma guerra se trata e Israel destaca-se pelo avanço da campanha de vacinação da população e por se ter oferecido como país-cobaia para os estudos dos efeitos da vacina Pfizer. Já no plano económico, famílias e empresas veem-se em dificuldades para suportar as obrigações bancárias, pelo que o governo decretou as moratórias como medida de apoio. Os nove termos destacados correspondem às novas entradas no glossário A covid-19 na língua.
2. A ausência de acento gráfico em palavras como rainha ou moinho dá o mote para uma explicação deste fenómeno que se encontra num preceito anterior à reforma de 1911, como se explica numa das respostas que integram a atualização do Consultório. No plano da evolução das palavras do latim para o português, surge uma dúvida relacionada com a presença de uma assimilação na evolução de ipse para esse. No âmbito das classes de palavras, esclarecemos uma questão relacionada com o uso de cujo como pronome interrogativo e analisamos as expressão «o guloso do rato». A nível sintático, considera-se a sintaxe do verbo apelar e a natureza das orações introduzidas pela locução assim como.
3. O acesso a livros editados noutros países é frequentemente uma tarefa difícil e nem sempre bem-sucedida. Partindo desta constatação, a professora universitária Margarita Correia reflete sobre a importância de serem criadas condições, entre os países que integram da CPLP, para um acesso facilitado a livros e bens culturais (artigo publicado no Diário de Notícias, aqui transcrito com a devida vénia).
4. Numa altura em que se celebra aquele que seria o 76.º aniversário da cantora Elis Regina, o linguista Aldo Bizzocchi apresenta um apontamento onde analisa algumas das particularidades da pronúncia da intérprete brasileira, considerando inclusive algumas evoluções que a sua fala foi incorporando (texto transcrito na rubrica O Nosso Idioma, com a devida vénia).
5. A palavra parabéns resultou de um empréstimo do parabienes castelhano, que a língua portuguesa adaptou e generalizou a muitas situações, como nos conta neste texto o professor universitário e tradutor Marco Neves (crónica publicada originalmente no sítio SAPO 24 e aqui transcrita com a devida vénia).
6. Em Portugal, o Conselho Económico e Social tem em preparação um novo manual de comunicação interna que visa a linguagem neutra e inclusiva. Entre as propostas encontrava-se o abandono do masculino enquanto forma universal ou a substituição de termos como trabalhadores, gestores ou idosos por expressões como «população trabalhadora, gestora ou idosa». Aí sugere-se também a possibilidade de recurso aos dois determinantes, como em «o trabalhador e a trabalhadora», entre outros exemplos que visam a neutralidade linguística e procuram promover a inclusão.
7. Entre as notícias relacionadas com a língua e cultura, destacamos as seguintes:
— A conferência dedicada à vida e obra do escritor angolano Pepetela, promovida pela Academia Angolana de Letras e moderada pela professora e linguista Inocência Mata, com lugar no dia 25 de março, pelas 18h00, via plataforma Zoom;
— A Priberam, enquanto membro do consórcio europeu SELMA, integra um projeto que visa criar uma plataforma multilingue de código aberto, que foi selecionado para apoio pela União Europeia (notícia aqui);
— O falecimento do antropólogo, psicanalista e estudioso da vida das comunidades ciganas José Gabriel Pereira, vítima de covid-19.
Vide alguns dos seus artigos publicados na imprensa portuguesa: por exemplo no matutino Público (A paixão xenófoba de Bonifácio, a questão cigana e o racismo de Estado, O assassinato de companheiras obedece a um padrão cultural que importa combater frontalmente e Portugueses ciganos – o escamoteamento da ciganofobia e o discurso institucional) e na na revista Visão («"É branco, negro, cigano ou asiático?" – A fúria estatística e o racismo em Portugal»).
8. Associadas a esta época, realce-se as seguintes datas:
Estas datas convidam à releitura de alguns textos divulgados no Ciberdúvidas: «A origem da palavra meteorologia», «A diferença entre aluno e estudante», «A classe e a subclasse da palavra estudante», «Morrer de /com/por», «A origem da expressão «ouvidos de tísico»», «Sobre a palavra vítima», «Vítima não é só quem morre», «Acerca das palavras escravo e servo», «À volta da palavra (e do conceito) escravatura».
1. Em Portugal desenrola-se gradualmente o plano de desconfinamento estabelecido pelo Governo, com aplicação desde o dia 15 de março de 2021, por exemplo, com o retomar das atividades presenciais no ensino pré-escolar e no 1.º ciclo. Os restantes níveis de ensino funcionam ainda à distância e alinham com o teletrabalho, pelas plataformas de videoconferência, entre elas, o Zoom. Este nome é uma das 10 novas entradas que atualizam o A covid-19 na língua, marcado pelos avanços e recuos dos últmos dias no processo de vacinação mundialmente em curso: são os efeitos secundários da vacina da AstraZeneca (que, afinal, é segura, como garante a Agência Europeia do Medicamento) ou outros aspetos associados a diferentes tipos de vacina – falha vacinal, tromboembolismo, vacina inativada, vacina viva atenuada; é a urgência de alcançar resistência ao contágio – imunização ativa, imunização passiva, prevalência; e é o combate ao impacto da pandemia em diferentes dimensões – desde a da existência material, que o verbo bazucar tão belicamente evoca, às necessidades da vida espiritual a que as missas on-line dão a resposta que podem.
2. Se, numa frase, há informação que pode ser intercalada por travessões ou por parênteses, será que o uso destes sinais é equivalente? A resposta está no Consultório, cuja atualização inclui outras sete questões: que valores semânticos pode ter o modificador do grupo verbal? Qual a função sintática de «coitado» na frase «coitado, continua muito doente»? Frente e fronte têm a mesma origem? E como terá a expressão «boca de lobo» adquirido o mesmo significado que bueiro e sarjeta? Que relação tem o apelido Roiz com o apelido Rodrigues? Finalmente, como se faz o plural de claro-escuro?
3. Em Portugal, com a data de 19 de março coincide o Dia do Pai, o qual se associa à comemoração de S. José, do calendário religioso católico. À volta da palavra pai, propõe-se a consulta de várias respostas e artigos do arquivo do Ciberdúvidas: "Pai", "A etimologia das palavras pai e mãe", "Pai, merónimo de família, e família, holónimo de pai", "Pátrio, pátria e pai", "Pai e Mãe Nossa que estais no céu", "O pai-nosso", "Querido pai", "Maiúscula inicial em mãe e pai".
Estando os pais de parabéns, sugere-se ainda a leitura de uma crónica do tradutor e divulgador de temas linguísticos Marco Neves, sobre a etimologia da palavra parabéns, cuja origem, para surpresa de muitos, não é portuguesa (SAPO24, 14/03/2021). Um desafio do mesmo texto: que significará prolfaças?
4. Um registo com interesse para o uso especializado da língua portuguesa: a Priberam alargou o acesso gratuito à base de dados jurídica LegiX para os alunos de Direito, sobretudo a pensar no estudo feito mesmo a partir de casa. Mais informação aqui.
5. Em 21 de março assinalam-se o Dia Mundial da Poesia, o Dia Mundial para a Eliminação da Discriminação Racial, o Dia Internacional da Síndrome de Down, o Dia do Sono, o Dia Mundial da Floresta e o Dia Nacional da Árvore.
A respeito de poesia, leiam-se os muitos textos poéticos reunidos na Antologia + Marcelo celebra Dia Mundial da Poesia com recital de poetas lusófonos no Palácio de Belém
6. Outras datas relevantes, por estes dias:
Sobre greve, ver "Em greve", "Greve e boicote", "Greve vs. locaute" e "Greve para os transportes!"
As Conferências do Casino realizaram-se na primavera de 1871 (de 22 de março a 26 de junho de 1871) numa sala alugada do casino situado no Largo da Abegoaria, em Lisboa. Foram impulsionadas pelo poeta Antero de Quental, que, sob a influência das ideias revolucionárias de Proudhon, insuflou no chamado grupo do Cenáculo (também conhecido como Geração de 70) o entusiasmo para realizá-las. O Cenáculo reunia jovens escritores e intelectuais de vanguarda. As Conferências do Casino estão na sequência de um evento que marcou a vida cultural portuguesa na década de 60 do séc. XIX, a Questão Coimbrã. Alusivo à Geração de 70, consultem-se as páginas: relativas a Ramalho Ortigão e Eça de Queirós. Sobre o estilo e a escrita desta último leia-se o registo irónico de "Eça de Queirós não escrevia bem"
7. Nos programas da presente semana que a Associação Ciberdúvidas produz para a rádio pública portuguesa*, são temas em destaque:
– A língua portuguesa hoje em Macau, em tempos de globalização, numa conversa com Liliana Gonçalves e Roberval Teixeira e Silva, ambos docentes da Faculdade de Letras da Universidade de Macau, em A Língua de Todos, emitido pela RDP África, na sexta-feira, 19 de março, pelas 13h20* (repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*).
– O Dicionário do Português de Moçambique (DiPoMo), um projeto em fase de elaboração, sediado na Cátedra de Português Língua Segunda e Estrangeira da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane e financiado pelo Camões – Instituto da Cooperação e Língua, através do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), é apresentado pela professora Inês Machungo da Universidade Eduardo Mondlane, convidada especial no programa Páginas de Português, transmitido na Antena 2, no domingo, 21 de março, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 27 de março, às 15h30*).
* Hora oficial de Portugal continental, ficando os programas A Língua de Todos e Páginas de Português disponíveis aqui e aqui.
8. Também na Antena 2, passa o programa Palavras Cruzadas*, que na semana de 22 a 26 de março* tem como convidado o matemático João Caraça, para abordar temas que passam pelas palavras natureza e ambiente, economia verde (e de outras cores), energia e resiliência (ver notícia).
* De segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50, ficando o programa fica disponível posteriormente na RTP Play.
1. A 18 de março de 2020 era decretado em Portugal o primeiro estado de emergência e, com ele, veio o primeiro período de confinamento. A evolução da situação sanitária marcou também o início de uma intensa atividade lexical que trouxe inúmeras palavras, novas ou recuperadas, para os usos do quotidiano e cujos sentidos importava esclarecer. Assim foi nascendo o projeto A covid-19 na língua, que, desde então, tem acompanhado atentamento o evoluir da realidade lexical, registando novos termos e expressões que vão sendo mobilizados a propósito da situação pandémica no mundo da lusofonia. No momento atual, vive-se em Portugal um processo gradual de desconfinamento e, mais uma vez, o léxico não fica indiferente à realidade. Entre as medidas restritivas associadas ao desconfinamento gradual, os portugueses podem contar com «[uma] Páscoa confinada». Assim o exige o princípio da precaução para que as consequência do Natal de 2020 não voltem a ter lugar. Entretanto, aposta-se tudo na «efetividade vacinal» e na sua eficácia, apesar do contratempo trazido pela «AstraZeneca em pausa», devido aos problemas de saúde que eventualmente pode desencadear. Caso de sucesso é a Ilha do Corvo, no arquipélago dos Açores, cuja população já se encontra toda vacinada. Entretanto, as escolas começam também a abrir faseadamente e os professores, que vão dividindo as suas atividades entre «aulas presenciais + à distância», veem os esforços que desenvolveram para assegurar as aprendizagens dos seus alunos serem reconhecidos por campanhas como «Querida professora...», da Associação Portuguesa de Futebol, ou da Vodafone Portugal. Os sete termos destacados atrás incluem a atualização de O Léxico da Covid-19 e a eles se juntam outras nove novas entradas: agente etiológico, área endémica, cadeia de frio, café ao postigo, caos sanitário, etiologia, foquinha, nsp14 e vacinas a mais, vacinas a menos.
2. São comuns as funções sintáticas de predicativo do sujeito e de predicativo do complemento direto, esta última considerada uma predicação secundária. Na nova atualização do Consultório, avalia-se se a predicação secundária existente em «Não gosta de sair com as filhas enfeitadas» terá alguma semelhança com as anteriores. E ainda: o determinante que acompanha a sigla SS deve surgir no singular ou no plural? Qual a forma correta do verbo: esgaravatar ou esgravatar? Que diferenças existem entre participativo, participante e participado? O que significa o símbolo ò usado nos dicionários? Qual o recurso expressivo presente no verso «chegar antes de ti para te ver chegar», de um poema de Nuno Júdice?
3. O termo bazuca entrou recentemente no léxico do quotidiano por ter sido recuperado para referir o plano de recuperação económica, da responsabilidade da União Europeia. Todavia, este nome comum tem uma longa história, que vai da música ao arsenal militar, como nos conta a colaboradora permanente do Ciberdúvidas Carla Marques, na sua crónica divulgada no programa Páginas de Português, da Antena 2 (aqui transcrita).
4. A palavra vacina tem estado na ordem do dia, surgindo na comunicação social associada a diferentes pronúncias, ora com "a fechado" ora com "a aberto átono", que se ficam a dever às diferentes origens regionais dos falantes. Com se explicou aqui, a pronúncia com "a aberto" é típica em falantes oriundos da região norte e não pode ser considerada incorreta. Todavia, ouvidos menos habituados a este confronto de variantes fonológicas regionais continuam a manifestar a sua estranheza, como se observa neste apontamento transcrito, com a devida vénia, na rubrica Controvérsias.
5. A questão da discriminação por intermédio da linguagem é um assunto de grande atualidade, que tem sido debatido em diversos setores da sociedade, o que tem dado origem a propostas de natureza diversa. Desta feita, é a Universidade de Manchester que vem propor um novo "livro de estilo" que procura evitar uma linguagem que promova a discriminação de género ou a discriminação relacionada com a orientação sexual, a idade ou algumas situações laborais. A discussão está lançada (artigo originalmente publicado no jornal Observador, aqui transcrito, com a devida vénia).
6. Entre as notícias relacionadas com a língua portuguesa, destaque para:
— A realização do webinário «Professor, tira-me esta dúvida de gramática?», orientado pela professora Carla Marques, que poderá ser (re)visto aqui;
— O desenvolvimento de um conjunto de atividades conducentes à preparação do Dicionário de Português de Moçambique (DiPoMo) (ver notícia);
— O lançamento do projeto "Canções para abreviar distâncias: uma viagem pela língua portuguesa", dos músicos Isabella Bretz, Rodrigo Lana e Matheus Félix, que inclui oito poemas musicados, cada um de um país falante do português;
— A realização do curso de crítica literária O cânone - Dez lições de literatura portuguesa, promovido pela Fundação Cupertino de Miranda (mais informação aqui);
— A abertura do período de submissão de resumos para o 14.º Encontro Nacional da Associação de Professores de Português, com lugar em Chaves, em 9 e 10 de julho de 2021, subordinada ao tema «Português: avaliação na aprendizagem».
7. Entre as efemérides assinaladas por estes dias, destaque para:
— Os 60 anos do início da guerra colonial, com os ataques da UPA (União das Populações de Angola) no norte de Angola, em 16 e março de 1961;
A este propósito recordem-se algumas publicações do Ciberdúvidas: «Governo de Angola», «A língua portuguesa em Angola», «O português em Angola», «A ortografia em Angola», «Língua e segurança nacional em Angola», «Angola, variantes da comum língua», «Português de Angola: uma variante carente de registos e legislação», «Português, língua nacional angolana -2».
— O 150 anos da Comuna de Paris, a insurreição popular que ficou para a História com o primeiro governo de caráter popular no mundo.
Cf. «Vermelho / encarnado», «A classificação «de Paris» na frase «Cheguei de Paris» (nova terminologia)»; «A tradução do francês arrondissement» e «O aportuguesamento de nomes das regiões francesas».
— A constituição, em Portugal, no dia 18 de março de 1911, do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, a partir do Arquivo Real, com origem em 1378.
1. O governo português anunciou em 11 de março p. p. um novo conjunto de medidas – o «Estado de emergência XIII», de 17 a 31 de março –, integrado num plano de desconfinamento que se desenrolará «a conta-gotas», na expressão do próprio primeiro-ministro António Costa. Pede-se prudência e disponibilizam-se autotestes, porque a pandemia ainda está longe de controlada em Portugal, como indica a instabilidade das descidas e subidas do Rt, num quadro em que a cobertura vacinal ainda não é suficientemente significativa; entretanto, torna-se preocupante a saúde mental da população, razão para cientistas comportamentais serem escutados. Internacionalmente, chega-se assim ao 1.º ano pandémico, com a atualidade marcada pelo perigo da formação de coágulos em pacientes de covid-19, pelos danos colaterais de uma vacina, pelo aparecimento das vacinas de «dose única», pelo caso raro do Camboja, pouco atingido pela pandemia, e pelo alerta do ex-presidente brasileiro Lula da Silva, dirigindo-se aos brasileiros, em absoluta contracorrente com as posições do atual inquilino do Palácio da Alvorada: «tome a vacina». Todas as expressões destacadas ao longo deste parágrafo constituem, na presente atualização, as 13 novas entradas no glossário "A covid-19 na língua".
2. No Consultório, sete novas questões: há pleonasmos, isto é, repetições de palavras ou ideias, que não estão errados? A locução «de forma a» separa-se do artigo definido numa oração de infinitivo? O que se entende por «referências deíticas espaciais»? «Denominada de...», com preposição, será erro? A expressão «quase morte» escreve-se com hífen? Qual é o aportuguesamento do italiano mezzanino? E não será incorreto dizer «entre ela e eu»?
3. Em O Nosso Idioma:
– A propósito do falecimento de Lou Ottens (1926-2021), o inventor da cassete, Carla Marques apresenta uma pequena reflexão sobre os galicismos.
– A respeito dos termos Mioceno e Miocénico, correntes no domínio da geologia, o paleontólogo Carlos Marques da Silva esclarece que deve empregar-se o segundo em Portugal, num artigo propositadamente escrito por este especialista para o Ciberdúvidas.
– Ainda assinalando a comemoração, em 8 de março, do Dia Internacional da Mulher, transcreve-se, com a devida vénia, a crónica que a linguista Margarita Correia dedicou, no Diário de Notícias, aos nomes das profissões no feminino (sobre este o tratamento deste tema no Ciberdúvidas, ler aqui).
– Do blogue Diário de um Linguista, de Aldo Bizzocchi, vem um outro apontamento deste autor, sobre as relações etimológicas do nome mulher com os seus equivalentes semânticos em algumas línguas românicas e germânicas.
4. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se Línguas em Português – A Lusofonia numa Visão Crítica, obra organizada por Sweder Souza e Francisco Calvo del Olmo, que reuniram os contributos de 11 especialistas em estudos portugueses para a discussão das práticas sociais que envolvem as questões de língua e os aspetos políticos associados.
Com temática afim, faça-se igual referência a Interculturalidade e plurilinguismo nos discursos e práticas de educação e formação em contextos pós-coloniais de língua portuguesa, editado pelas investigadoras Maria Helena Araújo e Sá (Univerdade de Aveiro) e Carla Ataíde Maciel (Universidade Pedagógica de Maputo).
5. Algumas formações e comunicações a realizar proximamente e com pertinência para o estudo e o ensino do português:
– Em 13 de março, o colóquio virtual Fonologia e suas Interfaces, promovido pela Associação Brasileira de Linguística (Abralin).
– Estão abertas as inscrições para a ação Literatura, para que te quero? – módulo para o 3.º ciclo do Ensino Básico.
– Até junho p.f., o curso em linha Metodologias e Recursos para Promover as Literacias Digitais.
– Em 15 e 22 de março, às 17h30, Professor, tira-me esta dúvida de gramática?, duas sessões dinamizadas por Carla Marques e Ana Paula Neves.
6. Um registo também relacionado com o Dia Internacional da Mulher é o da homenagem prestada em São Tomé e Príncipe, em 8 de março, à poetisa Alda Espírito Santo (1927-2020), figura importante na história pela independência do seu país e autora da letra do hino nacional são-tomense.
7. Entre atividades culturais com interesse direto para a promoção da língua, destacam-se:
– Promovido pelo Centro Cultural de Belém (CCB), o ciclo de entrevistas Palavra Cruzada com Helena Vasconcelos, de 16 de março a 4 de maio de 2021, no qual são convidados vários escritores portugueses (cf. programa aqui; sobre a entrevistadora, ler aqui).
– A quarta edição do festival de poesia em linha Ronda, coordenado a partir da página do Ronda Leiria Poetry Festival ou da página de Facebook do pelouro de Cultura da Câmara Municipal de Leiri.;
– No âmbito do projeto de curtas-metragens Culto, promovido pelo Município de Oeiras e a MUSGO Produção Cultural, o episódio de Ana Deus e Luca Argel,que exploram a sua proposta musical em torno de Pessoa, Drummond de Andrade, Ana Farrah Baunilha, Regina Guimarães e do próprio Luca Argel.
8. O português na Guiné Equatorial e a semântica da palavra bazuca são alguns dos temas focados nos programas* que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa:
* Língua de Todos, na RDP África, é transmitido na sexta-feira, dia 12 de março, pelas 13h20 (é repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00). O Páginas de Português, vai para o ar na Antena 2, no domingo, 14 de março, pelas 12h30 (com repetição no sábado seguinte, 20 de março, às 15h30). Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui, respetivamente.
9. No programa Palavras Cruzadas* (números 51, 52, 53, 54 e 55), transmitido pela Antena 2, de segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50, abordam-se o tema dos vírus e o dos neologismos nascidos com as novas tecnologia.
*O programa fica disponível posteriormente na RTP Play.
10. Entre efemérides e outras datas a celebrar neste e nos dias seguintes, salientam-se:
– em 12 de março, o Dia Mundial do Glaucoma;
– em 14 de março, os 110 anos da lei eleitoral da República instaurada em Portugal em 1910, como o sufrágio alargado a todos os portugueses maiores de 21 anos que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família;
– e em 15 de março, o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor e os 10 anos da publicação da Lei n.º 7/2011, sobre Mudança de sexo e de nome próprio no Registo Civil.
Sobre género, consulte-se "Género", "Ainda a diferença entre género e sexo", «"Violência de género" e "igualdade de género"» e «"Machista" e "heteropatriarcal", a língua portuguesa?».
1. Marcelo Rebelo de Sousa tomou posse nesta terça-feira (9 de março, p.p.) como Presidente da República de Portugal, dando início ao seu segundo mandato. Trata-se do sétimo Presidente da República desde o 25 de Abril, em 1975, o quinto do período constitucional, com início em 1976, e o 20.º desde a implantação da República no país, em 1910 (ver aqui). Esta ocasião justifica que se recorde que a expressão «Presidente da República» deve ser grafada com maiúscula, uma vez que se trata de uma designação de um órgão de soberania português. Já no caso de presidentes de outros países, a minúscula pode ser adotada porque se trata de um cargo, como se explica na resposta «Títulos e cargos, de novo». Recordemos ainda a distinção entre mandato e mandado. A noção de mandato diz respeito ao conjunto de funções que são delegadas numa pessoa ou numa entidade. Trata-se, assim, de uma autorização que se dá a outrem para praticar determinados atos. O mandado, por seu turno, designa a ordem dada por alguém, à partida superior, a qual deve ser cumprida (ver também aqui).
A tomada de posse do Presidente da República português é um bom motivo também para a releitura dos seguintes artigos, disponíveis no Ciberdúvidas: «Quem foi o primeiro presidente de um país?», «Um presidente americano entre vírgulas», «A bem da previdência e do respeito pela língua da República» e ««Viva a República» e «vivà República»» e a resposta sobre «A maior palavra da língua portuguesa».
2. O mundo, afetado globalmente pela pandemia, vai avançando a diferentes velocidades, deixando sinais de esperança no aparecimentos das vacinas indianas (covaxin e covishield) e na vacina chinesa verocell. Chegam-nos também notícias de que os países africanos mais desfavorecidos começam a recebem vacinas para administrar às suas populações, como acontece em Moçambique. Não obstante, em sentido contrário, parecem avançar países como o Brasil, que embora se encontre à beira de um colapso sanitário, continua a conviver com o negacionismo, como bem o comprova a utilização da expressão popular «Zoio tapado». Ao descalabro sanitário, junta-se ainda a subida dos preços dos bens essenciais, situação que um grupo de publicitários batizou como bolsocaro. Entretanto, em Portugal, a população começa a manifestar sinais de cansaço das medidas impostas, o que está a levar a situações de «confinamento em erosão». Os termos destacados registam a sua entrada no glossário A covid-19 na língua e a eles se juntam «convívios ao ar livre», «limbo jurídico», «positividade alta/baixa», «valores de incidência», «vão ficar chorando até quando?» e «venda ao postigo».
3. A correção de construções que incluem formas dos verbos cursar e diagnosticar dá o mote à primeira dúvida analisada no Consultório, onde se abordam expressões como «a doença cursa com diarreias» ou a construção «ser diagnosticado com». É também a busca da correção, desta feita ortográfica, que motiva uma questão relacionada com a forma correta de grafar "mi-mi-mi" ou o topónimo irlandês Ulster (ou Úlster). Ainda uma questão sobre se se deverá escrever com maiúscula a expressão «paços do concelho». Por fim, a análise de uma oração com função de complemento de nome e a abordagem do pronome relativo quem para hispanofalantes.
4. A recente edição do Festival da Canção 2021 português levantou imensas questões de natureza linguística. Para além de ter sido selecionada uma canção em inglês para representar o país, os problemas articulatórios e sintáticos evidenciados pela apresentadora foram notórios – como assinala o jornalista José Mário Costa, neste seu apontamento para a rubrica Pelourinho.
5. A investigadora cabo-verdiana Vanusa Vera-Cruz numa palestra académica nos EUA, apontou diversas passagens de cariz racista no romance Os Maias, de Eça de Queirós. Posteriormente, numa entrevista à agência Lusa, defendeu a inclusão d notas de «cariz pedagógico» a serem trabalhadas em contexto de sala de aula. A notícia transcrita, com a devida vénia, fica disponível na rubrica Controvérsias. Esta posição tem motivado dúvidas em torno da legitimidade de uma visão do século XXI sobre uma obra do século XIX (ver, por exemplo, aqui).
6. Palavras Cruzadas, o novo programa da Antena 2 à volta da língua portuguesa – de segunda a sexta-feira (9h55 e18h20) – , na presente semana, tem como convidado o epidemiologista Salvador Massano Cardoso. Em foco estarão, entre outros temas, a importância dos nomes das pessoas, o sentido correto do termo adito, a expressão «vencer a doença», doente, paciente, utente, cliente (o que somos, de facto, quando vamos ao médico?), a distinção entre pandemia, epidemia e endemia, e «o lado bom do vírus».
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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