1. Manifestando admiração pelo talento de alguém, produzem-se frequentemente frases como «não sabia que tinhas tanto jeito». Mas porquê a forma tinhas no imperfeito do indicativo, se o enunciado se reporta ao presente? Não deveria ser obrigatoriamente tens? A resposta tem que ver com o valor modal do imperfeito e faz parte de um conjunto de 10 novos esclarecimentos do consultório, abrangendo tópicos variados: as formas imos e is, arcaísmos da flexão do verbo ir; o topónimo português Casal do Fagalhana (Condeixa-a-Nova), hoje desaparecido; os contrastes semânticos pares de verbos – suspender e cancelar, por um lado, e impedir e evitar, por outro; a sílaba tónica de Conacri; a diferença de significado entre desesperantemente e desesperadamente; o particípio passado sido (verbo ser); e duas perguntas de sintaxe sobre o uso preposicionado dos pronomes relativos quem e o que.
2. Como terão surgido expressões como «trazer água no bico», «custar os olhos da cara» e «não entender patavina»? Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se Sem Rei nem Roque (ed. Oficina do Livro), um livro da autoria de João Palma e ilustrado por Rodrigo de Matos, que de modo divertido reúne 80 giros populares, indo ao encontro das muitas e constantes interrogações suscitadas pela interpretação das expressões idiomáticas.
3. Em O Nosso Idioma, transcrevem-se, com a devida vénia, dois apontamentos de páginas dedicadas a tópicos do uso e das normas do português na sua diversidade: a fim de evitar situações ambíguas recorrentes na construção de frases e textos, os conselhos que o revisor e escritor brasileiro Gabriel Lago dá no mural Língua e Tradição (Facebook, 12 de setembro de 2021); e, para saber lidar com o ponto e vírgula* na comunicação escrita empresarial, uma nota do gestor Diogo Arrais, na edição digital da revista Exame (31 de agosto de 2021). Ainda na mesma rubrica, foi atualizado o artigo "A moda e os seus estrangeirismos escusados", onde se dão equivalentes vernáculos de anglicismos e galicismos desnecessários como clutch e pochette, ou seja, «mala de mão» ou «carteira».
4. Da atualidade em que a língua portuguesa é notícia, tem relevo a criação de uma rede de bibliotecas por iniciativa da Universidade de Macau e participação de outras universidades do mundo de língua portuguesa com a finalidade de incrementar o intercâmbio de pesquisadores e estudantes. A formalização da chamada Aliança Bibliotecária Académica entre a Região Administrativa Especial de Macau e os Países de Língua Portuguesa (ABAMAPLP) teve lugar em 16 de setembro de 2021, no contexto do XXX Encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa, que decorreu na região autónoma especial de Macau (República Popular da China).
5. Conteúdos principais de três programas que a rádio pública portuguesa dedica ao idioma nacional
♦ A importância das aulas de Português Académico para os estudantes dos países portugueses de língua oficial portuguesa (PALOP), numa entrevista ao professor Paulo Feytor Pinto, investigador do CELGA-ILTEC (Universidade de Coimbra) e colaborador do CEMRI (Universidade Aberta), em Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 17 de setembro de 2021, pelas 13h20*; com repetição no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*).
♦ Sobre a comemoração em 17 de setembro do Dia da Língua Mirandesa, uma conversa com José Pedro Ferreira, linguista e membro da Associação de Língua Portuguesa e Cultura Mirandesa, no Páginas de Português (Antena 2, domingo, 19 de setembro de 2021, pelas 12h30*, programa repetido no sábado seguinte, 25 de setembro de 2021, às 15h30*). Este programa inclui ainda a participação da professora Carla Marques, que dedica uma crónica aos significados do verbo ir, do mais literal ao mais metafórico, e à significação dos seus diferentes usos sintáticos.
♦ O programa Palavras Cruzadas, coordenado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2 de quarta a sexta-feira, centra-se na linguagem usada pelas companhias de seguros (dias 20, 21, 22, 23 e 25 de setembro de 2021, às 9h50 e 18h20*), com comentários de João Pedro Madureira, fundador de um serviço de tecnologia financeira (fintech, em inglês) que criou uma nova linguagem no sector dos seguros, aproximando-a da linguagem usada pelos consumidores.
* Hora oficial de Portugal continental.