1. O parlamento português aprovou, na generalidade, o projeto de lei que proíbe a utilização de trajes que ocultem o rosto em espaços públicos, invocando os direitos das mulheres e questões de segurança. Portugal junta-se, deste modo, a países como a França, a Holanda ou a Bélgica, entre outros, que proíbem o uso do véu islâmico em lugares públicos. A medida abrange os dois tipos de véu islâmico mais restritivos relativamente à imagem da mulher: a burca e o nicabe. As designações dos vários tipos de véu islâmico têm sido associadas a uma grande oscilação nas formas como são grafadas em português, pelo que se justifica registar a grafia daquelas que já possuem verbete dicionarístico. Comecemos pelo nome burca, que teve origem no árabe burqu («véu»), formado do persa burka, com o mesmo significado. Este termo designa a veste comprida, de cor azulada, que cobre todo o rosto, com uma abertura rendilhada na zona dos olhos e que é utilizada sobretudo entre os pastós (pashtuns) do Afeganistão e no Paquistão. Outro tipo de véu é o nicabe, oriundo do árabe niqāb (que significa «véu» ou «máscara») e que entrou no português pelo inglês niqab. O nicabe é um tipo de véu que cobre a cabeça e toda a face abaixo da zona dos olhos. Consideramos também o xador, termo formado a partir da forma persa chaddar. Em português, surge, por vezes, com a forma “chador”, no entanto a grafia com /x/ inicial é preferível e está assim fixada em dicionário. Este tipo de véu, normalmente preto, caracteriza-se por cobrir a cabeça e o corpo, deixando o rosto descoberto. Por fim, é também muito referido o hijabe (formado do árabe ħijāb («cobertura»), usado para referir o véu que envolve a cabeça e desce até aos ombros. Relativamente ao termo hijabe, refira-se ainda que este é também usado para aludir, em geral, às roupas femininas usadas no islão, significando «cobertura; roupa que tape». Nesta aceção, o hijabe não é um tipo de véu, mas uma norma que se adapta a diferentes costumes e crenças, de acordo com os povos. Por fim, recordemos ainda que, entre os tipos de véu, encontramos ainda o al-amira e o shayla, palavras ainda sem forma ortográfica portuguesa e que referem, respetivamente, o véu que cobre toda a cabeça e pescoço, composto por duas peças e um lenço grande e retangular, enrolado no pescoço e cruzado nos ombros.
No Ciberdúvidas, estão disponíveis diversos textos relacionados com temas deste âmbito: « A palavra chador e a grafia de açúcar-cândi»; «Boas-vindas a nicabe, o aportuguesamento de niqab!»; «O Afeganistão de A a Z»
Primeira imagem: produzida com IA, representa, da esquerda para a direita, uma burca, um nicabe, um xador, um al-amira, um hijabe e um shayla.
2. A importância do tupi na variedade do português é um fenómeno que, segundo o filólogo e linguista Gladstone Chaves de Melo, necessita de estudos mais aprofundados. Este é o aspeto destacado pelo gramático Fernando Pestana no apontamento onde procede à análise da obra A Língua do Brasil, no âmbito da qual destaca a secção dedicada à influência do tupi no português falado no Brasil (transcrito, com a devida vénia, do mural Língua e Tradição).
3. Qual a diferença entre o advérbio dantes e a locução «de antes», em que contextos se utilizam e qual o seu significado? A professora Carla Marques aborda esta questão no apontamento relativo ao desafio semanal, que é proposto aos seguidores do mural do Ciberdúvidas no Facebook.
4. Porque está incorreta a frase «A doença deve ser informada por escrito pelo trabalhador.»? Na atualização do Consultório analisa-se a formação da passiva e a presença dos verbos transitivos diretos de modo a compreender a natureza do problema sintático que invalida esta construção. Noutra resposta, explica-se a possível interferência do inglês na utilização de constipação com o sentido de obstipação. Poderão, ainda, ser consultadas as respostas às seguintes questões: «Como se processa a concordância dos adjetivos cabisbaixo e boquiaberto?», «Quais as diferenças entre consultar e «fazer consultas»?», «A estrutura «tinha-a fechada» é um complexo verbal?»