1. As eleições autárquicas tiveram lugar em Portugal no dia 12 de outubro, o que permitiu aos portugueses elegerem os seus representantes nas câmara municipais, assembleias municipais e juntas de freguesia. Toda uma situação que colocou a política no centro das atenções e que trouxe com ela léxico específico, como os substantivos autarquia, autarca ou o adjetivo autárquico. Explorando estes termos, a consultora Inês Gama propõe um apontamento onde explora a sua origem e significados, deixando como nota curiosa o facto de autarquia e autarca não terem evoluído do mesmo étimo grego. Os muitos esperados resultados eleitorais ditaram o regresso do país a uma tendência para o bipartidarismo, uma situação um pouco inesperada face aos resultados das anteriores eleições legislativas, que ditaram, a nível nacional, uma situação de tripartidarismo. O substantivo bipartidarismo é usado para descrever a organização política de um Estado assente em dois partidos que vão alternando no poder. Em Portugal, esta realidade tem servido para referir a alternância política entre o PSD e o PS, os dois partidos que, de forma dominante, têm ocupado as cadeiras do poder nacional ou local. No plano etimológico, trata-se de uma palavra que tem a sua raiz na forma partido, particípio passado também usado como adjetivo, cuja origem se encontra no termo latino partitus, a, um, que significava «que partilhou, que tomou o seu quinhão», um valor que, com a evolução da palavra, se foi especializando para associar a ideia de uma parte de um todo a uma dada facção no mundo político.
Poderá consultar, no acervo do Ciberdúvidas, outros textos relacionados: «Bipartidarismo e tripartidarismo, indígena vs. índio e a etimologia da palavra azeitona» e «Bipartidismo e bipartidarismo».
2. A substituição da expressão impessoal «trata-se de...» pela forma plural «tratam-se de...» é uma opção incorreta que ocorre com alguma frequência nos usos da língua. Porque se trata de atropelo à norma, o Ciberdúvidas volta a assinalar o seu uso incorreto, recordando os usos cuidados e corretos. Um apontamento do coordenador executivo do Ciberdúvidas Carlos Rocha a propósito de um vídeo divulgado nas redes sociais.
3. A política como os outros domínios da vida em sociedade podem conduzir a atitudes excessivas. Para as descrever poderá, em certas ocasiões, ser adequado recorrer à expressão «ser mais papista do que o papa», cujo significado é explorado pela professora Carla Marques no desafio semanal (rubrica divulgada no programa Páginas de Português, da Antena 2).
4. Construções com o pronome clítico em frases copulativas, como «O aluno está-o», são aceitáveis em português? Está é uma questão que não permite uma resposta inequívoca e cujos contornos particulares são explicados nesta resposta. A atualização do Consultório permite ainda conhecer as respostas a questões relacionadas com a expressão estilística do valor superlativo, com a formação da palavra irresolubilidade, a correção das expressões «da noite para o dia» e «do dia para a noite», as noções de neologismo e estrangeirismo e a expressão usada em lápides funerárias «À memoria de».
5. A obra «Um osso quase invisível», da autoria da escritora colombiana Lauren Mendinueta é objeto de uma recensão proposta pela professora universitária Dora Gago. Uma obra que se descreve com as seguintes palavras: «a poesia como arte de revelar os silêncios do corpo, da memória, do passado, a solidão, as marcas dos exílios, a opressão, as feridas que esculpem a existência (mesmo que pareçam invisíveis como o estribo), numa reflexão sobre a vulnerabilidade e a resistência que ecoam entre a luz e o clamor do silêncio.»