Na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, regista-se Osaca e Osaka, e na Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura Verbo, apenas Osaca. Como aportuguesamento típico, prefere-se Osaca a Osaka, dado que k é letra característica de grafias estrangeiras, enquanto c, o grafema típico para representar a consoante velar surda [k] em português.
Nas obras geralmente aceites como autoridades na fixação da grafia de palavras conforme o Acordo Ortográfico de 1945, ainda vigente em Portugal — estou a referir-me ao Vocabulário da Língua Portuguesa (1966) e ao Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa (1947), ambos de Rebelo Gonçalves — não se regista nenhum aportuguesamento gráfico da forma Osaka, apesar de se incluírem, por exemplo, formas como Hiroxima, Nagasáqui (ou Nangasáqui), Quioto e Tóquio, como se sabe, tudo nomes de cidades japonesas. Assinale-se, contudo, que se apresenta a forma Ósaca na versão do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa publicada em 1940 pela Academia das Ciências de Lisboa, no contexto do processo que levou ao Acordo de 1945.
Pode ainda perguntar-se: qual a forma mais adequada, Osaca e Ósaca? A transliteração internacional Ōsaka indica que a primeira sílaba tem vogal longa (daí o ō; ver, por exemplo, artigo na Wikipedia), sem que isso coincida com a marcação do acento tónico, que em japonês tem regras muito diferentes do português. Sendo assim, a forma Osaca parece tão legítima como Ósaca: esta apresenta acento tónico na antepenúltima sílaba para sugerir a sílaba longa do nome original, visto em português as vogais em sílaba tónica terem duração superior à das vogais em sílaba átona; aquela, aceitando a dificuldade de estabelecer correspondências entre os sistemas de acento português e japonês, projecta a tendência de o português colocar o acento na penúltima sílaba.1
1 Seria também possível escrever a palavra com <ss>, de forma a reproduzir com mais fidelidade a tradicionalmente chamada sibilante surda da pronúncia japonesa ("Ossaca"),mas parece-me que a pronúncia com sibilante sonora já se tornou tradicional em português ("Ozaca"). Essa possibilidade é sugerida pelo consulente Luciano Eduardo de Oliveira (Botucatu, Brasil), a quem agradeço os seguinte comentários:
«Talvez a escrita Ósaca se deva a uma interpretação do O como pertencente à sílaba tônica, o que não existe de fato em japonês, pelo menos não da forma que se dá na maioria das línguas ocidentais. No japonês as sílabas têm mais ou menos a mesma tonicidade. O que acontece nessa palavra é que o primeiro o é de fato mais alongado (e é representado em outras transliterações como Ousaka ou Osaka com um mácron em cima do o), daí a percepção de constituir a sílaba tônica. Pergunto-me por que escrever a palavra com k em português, letra que não pertence ao nosso alfabeto, já que o nome em japonês nem contempla dita letra [...]. Por coerência, voto por Ossaca, forma que, pelo visto, não é lá muito popular.»