1. Nas Controvérsias, discute-se um tema que é praticamente o mesmo de há duas décadas: assim como havia interrogações sobre o começo do presente século e milénio – foi em 2000 ou 2001? –, também agora se levanta a questão de saber se o ano de 2020 marca ou não o princípio de uma nova década. O consultor D'Silvas Filho dá o seu parecer.
2. Como se usa o verbo constar? Por exemplo, estará correta a frase «no que consta o relatório, os resultados foram positivos»? A resposta faz parte da atualização do Consultório, onde se abordam ainda outros tópicos: um nome no plural modificado pela associação de adjetivos no singular («nos domingos anterior e posterior ao Natal»); a contagem de sílabas de um dissílabo que ocorre num poema (caso do possessivo sua); a polissemia de uma palavra (o adjetivo casual); e a boa formação de um nome (o regionalismo prateleiro).
3. «Ensinar é sempre um último sopro, aquele que faz valer a pena continuar a ser professor, apesar de tantas adversidades» – declara a professora Lúcia Vaz Pedro sobre o que move os professores na sua ação pedagógica apesar das dificuldades, em artigo que assinala, em Portugal, o regresso à escola após as férias do Natal e que foi publicado no jornal Público, em 6 de janeiro de 2020.
4. A Galiza continua a ser tema de atualidade, porque, finalmente, parece haver vontade política para concretizar a sua aproximação aos países de língua portuguesa. Nas Diversidades, transcreve-se com a devida vénia a crónica que o professor universitário e tradutor português Marco Neves dedicou* à notícia segundo a qual a emissão de canais de rádio e televisão portugueses na Galiza faz parte do acordo de governação em Espanha entre o PSOE e o Bloco Nacionalista Galego. Trata-se de uma reclamação antiga do parlamento galego, que em 2014 aprovou a Lei Paz-Andrade, com a qual se visa incentivar na Galiza o ensino do português e o contacto com as culturas veiculadas nesta língua.
* Texto intitulado "Porque querem os galegos ver televisão portugues?", publicado na plataforma noticiosa Sapo 24 e no blogue do autor, Certas Palavras, com a data de 5/01/20020.
5. Entre as notícias que têm marcado a atualidade da língua portuguesa, merecem registo:
– Ainda envolvendo a Galiza, mas no contexto de debate político nas cortes espanholas, em Madrid, o uso do agradecimento obrigado entre o deputado do Bloco Nacionalista Galego e o recém-eleito presidente do governo de Espanha, Pedro Sánchez, gerou polémica, porque, mesmo em galego, a fórmula mais corrente é gracias ou grazas (numa ortografia reintegracionista, à portuguesa, graças). Na Galiza, muitos dizem que obrigado só se emprega em português, mas há setores que consideram que a expressão também tem cabimento em galego. É o que se defende em "Agradecermos con 'obrigada' é correcto", um artigo publicado no jornal Nós, uma nova publicação diária em língua galega lançada em 02/01/2020.
– Decorre o Seminário anual do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua nos dias 8 e 9 de janeiro de 2020, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Este encontro conta com a participação de várias figuras da vida política e institucional portuguesa que discutirão aspetos da promoção internacional da língua. Sobre este acontecimento, leia-se o artigo que o presidente do Camões, Luís Faro Ramos, publicou em 07/01/2020 no jornal Diário de Notícias.
6. Nos programas de rádio que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa, têm realce os seguintes temas:
– No programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África na sexta-feira, dia 10 de janeiro, pelas 13h20*, entrevista-se a jornalista Paula Torres de Carvalho, que partilha com o jornalista José Mário Costa a autoria de Manual de Comunicação, um guia orientador da linguagem utilizada nas várias plataformas Comité Olímpico de Portugal (mais informação nas Notícias).
* Hora oficial de Portugal continental, ficando programa Língua de Todos,disponível posteriormente aqui.
– No programa Páginas de Português, emitido pela Antena 2, no domingo, 12 de janeiro, pelas 12h30**, convida-se a linguista Sónia Valente Rodrigues, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), para falar de Joaquim Fonseca, falecido em 20 de agosto de 2019, investigador e docente na área da linguística do texto também na FLUP, que foi precursor em Portugal de diversos domínios, nomeadamente os que ligam os estudos didáticos aos estudos linguísticos e literários.
** Hora oficial de Portugal continental, ficando o programa Páginas de Português disponível posteriormente aqui.