1. O que será um revesilho? Que quer dizer «revolução cultural»? A locução «no final» é uma maneira incorreta de dizer o mesmo que «no fim»? As respostas no consultório.
2. «Os olhos também comem», «comer com os olhos», «guarda que comer, não guardes que fazer», «do prato à boca se perde a sopa.» – são alguns dos provérbios e ditos populares ligados à arte de bem cozinhar e... melhor comer. A que aludem eles, de facto? E qual é a origem da expressão «apertar o bacalhau»? E o que distingue o tradicional cozinheiro do chefe de cozinha, pomposamente agora chamado chef, escrito à francesa? E a diferença entre culinária, dietética e gastronomia? Tudo muito bem condimentado e na dose certa é o que se pode apreciar no terceiro programa da nova série do magazine Cuidado Com a Língua!, transmitido pela RTP 1 nesta terça-feira, 31 de janeiro, depois das 21h001. Com a apresentação do ator Diogo Infante e a locução da jornalista Maria Flor Pedroso, aqui fica uma rápida antevisão deste programa:
1 Hora de Portugal Continental. A nova série do Cuidado com a Língua!, como qualquer das anteriores oito, fica igualmente disponível na página oficial da RTP. Outras informações, aqui.
3. Como já foi aqui assinalado, a Academia das Ciências de Lisboa (ACL) aprovou em 26/1/2017 as suas propostas de alterações ao Acordo Ortográfico de 1990 (AO), anunciadas já em 23/11/2016, para o adequar melhor à variedade do português de Portugal2. O documento aprovado – Sugestões para o Aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa2 –, já suscitou diferentes reações críticas no meio da polémica à volta da questão ortográfica. Disso se dá conta na rubrica Acordo Ortográfico (subárea Critérios a rever – propostas e sugestões), com um apanhado dos principais artigos e notícias que nos últimos dias fizeram eco deste assunto. É o caso de um texto publicado no Jornal de Notícias de 29/01/2017, no qual a autora, a professora Lúcia Vaz Pedro, considera que esta proposta «introduziu novos aspetos que contrariam os objetivos iniciais: reduzir ao mínimo possível as diferenças existentes [entre os países signatários do AO]». Outro registo que aí fica é a estranheza manifestada por José Mário Costa, em declarações prestadas à agência Lusa, quanto a esta «iniciativa unilateral» da Academia portuguesa, em contraciclo ao histórico relacionamento com a Academia Brasileira de Letras – ambas responsáveis pela negociação e concretização deste Acordo Ortográfico3, subscrito em 16 de dezembro de 1990 pelos representantes de sete países lusófonos (mais tarde, oito, com Timor-Leste) – e ao próprio envolvimento do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, no seu estatuto e competências de entidade supranacional, em matéria da língua oficial comum dos Estados-membros da CPLP4.
2 Em comunicado, a ACL apresenta esta revisão como «um contributo que resulta de aturada reflexão em torno da aplicação da nova ortografia e sobre algumas particularidades e subtilezas da língua portuguesa que não podem ser ignoradas em resultado de um excesso de simplificação». Para a ACL, «[a]perfeiçoar o Acordo Ortográfico não significa rejeitar a nova ortografia, mas antes aprimorar as novas regras ortográficas e retocar determinados pontos para fixar a nomenclatura do Vocabulário e do Dicionário da Academia.» Resta saber como conta a ACL pôr em marcha a revisão que propõe no quadro do conjunto dos países de língua portuguesa, quando é sabido que, no âmbito do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, há muito trabalho feito, como evidenciam o Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC) e os vocabulários nacionais (VON) já elaborados e disponíveis em linha (ver apresentação do VOC, sobre o papel dos VON). A respeito de tudo isto, a ACL tem parecer desfavorável e não podia ser mais perentória nas referidas Sugestões: «6.º Apesar de o Vocabulário Ortográfico Comum (VOC), sob a coordenação do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), se encontrar disponível em linha (http://voc.cplp.org/), até ao momento não há conhecimento dos critérios seguidos pelas equipas responsáveis, nem um histórico das alterações que hajam eventualmente ocorrido, e não existe uma publicação em suporte físico. Além do mais, o VOC apresenta versões específicas para cada país, o que contraria o espírito e o propósito de unificação ortográfica do texto legal. De facto, o Preâmbulo do AO90 previa a elaboração taxativa de um vocabulário, não de vários, que reunisse as grafias comuns.» Esta posição levanta, portanto, várias interrogações e gera perplexidade quanto ao futuro da aplicação coordenada do AO no mundo de língua portuguesa.
3 Sobre esta bem antiga cooperação ativa entre as duas academias, a portuguesa e a brasileira, conducentes à concretização do Acordo Ortográfico de 1980, leia-se o texto "O papel da Academia das Ciências de Lisboa no estabelecimento de uma ortografia simplificada para lusofonia (perspetiva histórica e realidade atual", da autoria do professor universítário Rolf Kemmler (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)– correspondente à palestra proferida por ocasião da sua tomada de posse como Sócio Correspondente Estrangeiro da ACL, na sessão da Classe de Letras do dia 12 de janeiro de 2017.
4 As competências na gestão da língua oficial dos oito países integrantes na CPLP, numa perspetiva multilateral e pluricêntrica, descrevem-se aqui. E os seus diversos projetos e trabalhos, concretizados ou ainda em curso – desde o Vocabulário Ortográficio Comum da Língua Portuguesa aos vários vocabulários nacionais –, assentam precisamente nas novas regras da reforma ortográfica de 1990 (e, para tal, com critérios comuns na sua aplicação, conforme decisão no ponto 4 do comunicado finala da XI Reunião do Conselho Científico do IILP, realizada na cidade da Praia, em maio de 2016).
4. Relevo ainda neste dia para o lançamento de Cantigas medievais galego-portuguesas: corpus integral profano, pelas 18h00, no auditório da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), em Lisboa. Com coordenação da professora Graça Videira Lopes (Universidade Nova de Lisboa), esta coedição da BNP, do Instituto de Estudos Medievais (IEM) e do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM) tem apresentação de Xosé Ramón Pena, professor catedrático na Universidade de Vigo e especialista em língua e literatura galega. Observe-se que uma versão eletrónica desta obra se encontra em linha desde 2011 na página Cantigas Medievais Galego-Portuguesas.