DÚVIDAS

A expressão «datado de...»
Um objeto pode ser «datado de» uma época, um período, uma data, p. ex., uma moeda «data de 1945», ou pode ser «datada de 1520», quando lhe atribuímos uma datação da qual não temos total certeza? Quando não se está perante uma data ou período determinado, mas antes perante um intervalo de tempo, diz-se que o objeto pode ser «datado "de desde" esta época até aquela (ou que ele «data "de desde"... até..."), ou diz-se, apenas, que o objeto pode ser «datado "desde" este periodo até aquele», sem a preposição de? Grata,
A classe de palavras de tampouco
Consultei vários dicionários e todos colocam o termo tampouco exclusivamente como advérbio («também não»). Porém, não aceito muito bem a "exclusividade", pois o termo possui um significado parecido com nem e, em muitas vezes, fica no meio de orações coordenadas (posição preferencial das conjunções) Ex.: «Ele não trabalha tampouco estuda.»(G1) «Não gosto da Maria, tampouco da Joana.» (Ciberdúvidas) Eu consigo reescrever perfeitamente as frases com o nem: «Ele não trabalha nem estuda». Pergunto aos Senhores, pois a minha visão faz um pouco de sentido (eu acho); mas posso estar equivocado, porque não consegui achar uma visão igual a minha, exceto a visão do professor Sérgio Nogueira: «A palavra tampouco é uma conjunção aditiva. É sinônimo de nem.» Podem me ajudar? Se quiserem, os Senhores poderão mandar apenas referências para eu ler. Desde já, agradeço-lhes a enorme atenção.
Nomes abstratos como antecedentes de palavras relativas
Considerando as frases «Um lugar onde possamos descansar é difícil de encontrar» e «Uma pessoa a quem pedimos um favor deve ser respeitada.»  o advérbio relativo onde, no primeiro caso, e o pronome relativo quem, no segundo caso, têm antecedente expresso? A dúvida prende-se com o facto de os nomes lugar e pessoa remeterem para uma ideia abstrata, nomeadamente pelo uso do determinante indefinido, que podem não corresponder ao referente das palavras relativas.
Sujeito oracional
Nas escolas brasileiras, por algum motivo, os professores não são de indicar a seus alunos que exista o sujeito oracional (falam de todos os outros tipos de sujeito, mas não falam que exista o oracional). Quando e por que será que começou esse tipo de decadência no ensino brasileiro? E os demais países e territórios lusófonos, eles também não são de explicar sobre esse obscuro tipo de sujeito na docência regular? Sujeito oracional é quando a oração principal inteira já é o sujeito, por exemplo: «É proibido colar cartazes!» Muitíssimo obrigado e um grande abraço!
O significado de materializar
Em vídeo nas redes sociais, um entrevistador pergunta a uma menina: «Você pode materializar essa ideia em palavras?» Um rapaz, nos comentários, disse que ele precisava estudar mais, porque o correto naquele contexto seria apenas verbalizar, e que materializar não é correto. Ele argumentou dizendo que para materializar teria que «criar matéria», e que o som ou a «forma das palavras» são meio e não matéria. Por isso, ele fala que não se materializam palavras. Porém, eu disse que, no sentido figurado, faz sentido. Além de que o som forma a matéria, assim como quando alguém "materializa uma ideia" em argila. Não está criando matéria, só dando forma a ela. Ele então respondeu que nesse caso não seria correto pois o som é vibração, e vibração não dá forma à matéria, ao que respondi que forma "momentaneamente"a matéria. Qual a opinião de vocês sobre o assunto? Agradeço.
Estilo e voz passiva
Tenho notado um aumento no uso de construções passivas ou impessoais em comunicações formais, especialmente em contextos administrativos ou institucionais. Exemplos: – «Relativamente ao assunto XXX, questiona-se o motivo de serem comunicados zero incidentes», por uma Câmara Municipal; ou – «Mais se refere que do email do senhor condómino não se entende que ponto é que pretende ver esclarecido», por uma empresa gestora de condomínios. Este tipo de formulação parece-me uma coisa recente que não existia há alguns anos. As minhas dúvidas são: 1) Existe alguma razão gramatical, estilística ou até institucional para esta preferência por estruturas passivas ou impessoais? 2) Trata-se de uma tendência recente na língua portuguesa (de Portugal)? 3) Há vantagens específicas em termos de tom, neutralidade ou responsabilidade ao usar este tipo de construção? Agradeço desde já qualquer esclarecimento!
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa