Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Eugénia Mesquita Explicadora Lisboa, Portugal 42

Quais são os processos de coesão?

Ainda se fala de correferência não anafórica?

Obrigada.

Paulo Sabino Estudante Aveiro, Portugal 252

Estou a fazer um trabalho académico, e tenho uma dúvida acerca do modelo correto para a Secção Bibliográfica.

Para ser mais prático:

Tenho um nome (Henry David Thoreau), e título (Walden): costumo escrever Thoreau, Henry David, Walden.

Mas, agora, surgiu uma coletânea, com as suas citações. Posso escrever Thoreau, Henry David, The Quotable Thoreau...?

A minha dúvida é que esse livro, embora seja com citações de Thoreau, é editado (com autorização) das várias obras de Thoreau.

Muito obrigado.

José Silva Esteta Portugal 42

Venho perguntar qual a forma correta de se dizer a seguinte expressão:

«Lembro-me como se fosse ontem...», ou «lembro-me como se fosse hoje...»

Luisa Cordeiro Professora Chaves, Portugal 42

Na frase «O vapor é inglês, usam-no para atravessar o Atlântico», o segmento «para atravessar o Atlântico» classifica-se como como modificador do grupo verbal, ou trata-se de um complemento oblíquo?

Agradeço a vossa ajuda sempre oportuna.

Gregório Mendes Pesquisador Portugal 42

Qual a significação da palavra aceiro na designação de ruas?

Na Margem Sul [na região de Lisboa], já encontrei exemplos do referido uso da palavra: veja-se «Aceiro Francisco Silvestre», nos arredores de Pinhal Novo. Quer dizer que houve lá uma clareira?

Obrigado.

Roberto Junqueira Desempregado São Paulo, Brasil 42

Antes de qualquer coisa, quero aqui expressar meus agradecimentos aos responsáveis pelo sítio, bem como aos seus colaboradores, pois muitas vezes foi somente aqui que consegui obter esclarecimentos para várias dúvidas acerca do nosso querido português. 

A pergunta é em relação ao uso da conjunção pois em início de frase, que em minha vasta pesquisa, inclusive aqui neste sítio, trouxe-me respostas que afirmam não ser possível tal uso. Contudo, transcrevo aqui dois exemplos de Machado de Assis, dentre muitos que encontrei na obra deste autor, os quais atestam esse tipo de uso:

Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, capítulo 15:

«Primeira comoção da minha juventude, que doce que me foste! Tal devia ser, na criação bíblica, o efeito do primeiro sol. Imagina tu esse efeito do primeiro sol, a bater de chapa na face de um mundo em flor. Pois foi a mesma coisa, leitor amigo, e se alguma vez contaste dezoito anos, deves lembrar te que foi assim mesmo.»

Quincas Borba, capítulo 6:

«– Humanitas é o princípio. Há nas coisas todas certa substância recôndita e idêntica, um princípio único, universal, eterno, comum, indivisível e indestrutível, — ou, para usar a linguagem do grande Camões: Uma verdade que nas coisas anda, Que mora no visíbil e invisíbil. Pois essa substância ou verdade, esse princípio indestrutível é que é Humanitas. Assim lhe chamo, porque resume o universo, e o universo é o homem. Vais entendendo?»

[O Dicionário Houaiss regista o uso de pois com o valor adversativo: «1.3 conj.advrs. introduzindo o segmento que denota basicamente uma oposição ou restrição ao que já foi dito; mas, porém, no entanto ‹– Você está tranquilo? P. eu estou na maior ansiedade› ‹afirmava que a tudo se afeiçoara, p. qual o motivo da partida antecipada?›»]

[Contudo], nos dois exemplos de Machado que transcrevi, o pois em ambos os começos de frase não poderiam, de maneira alguma, ser trocados por mas [...], visto que se fosse feita a alteração, as frases deixariam de fazer sentido no contexto em que estão inseridas.

Se o pois no começo de frase funciona como conjunção coordenativa explicativa ou subordinativa causal, ou de alguma outra forma, não saberia dizer com certeza [...].

Transcrevo aqui mais exemplos deste tipo de uso do pois, de dois escritores acima de qualquer dúvida, para corroborar minha "tese":

Prefácio de Sagarana, escrito por Paulo Rónai em 1946.

«As nove peças que formam o volume Sagarana continuam a grande tradição da arte de narrar. O gênero peculiar do autor é, aliás, a novela, e não o conto. A maioria das narrativas reunidas no livro são novelas, menos por sua extensão relativamente grande do que pela existência, em cada uma delas, de vários episódios – ou “subistórias”, na expressão do escritor –, aliás sempre bem concatenados e que se sucedem em ascensão gradativa. O gênero, em suas mãos, alcança flexibilidade notável, modifica-se conforme o assunto, adapta-se às exigências do enredo. Pois esta maleabilidade é justamente uma das características da novela moderna.»

Entendo que a conjunção em destaque poderia ser substituída pela conjunção porque ou «visto que», porém, certamente, não cabe a substituição por mas [...].

Livro Sagarana, autor Guimarães Rosa, novela “Duelo”:

«– Você conhece o Turíbio Todo, o seleiro, aquele meio papudo?... Pois é um... (Aqui, supostas condições de bastardia e desairosas referências à genitora.)

Apesar do uso da reticência, como o pois vem depois de ponto de interrogação, necessariamente está começando uma frase e, novamente, não caberia a substituição por mas [...].

Livro Sagarana, novela “Minha Gente”:

«– Que é que você está olhando, José?

É o rastro, seu doutor... Estou vendo o sinal de passagem de um boi arribado. A estrada-mestra corta aqui perto, aí mais adiante. Deve de ter passado uma boiada. O boi fujão espirrou, e os vaqueiros decerto não deram fé... Vigia: aqui ele entrou no cerrado... Veio de carreira... Olha só: ali ele trotou mais devagar...

– Mas, como é que você pode saber isso tudo, José? – indagou Santana, surpreso.

– Olha ali: o senhor não está vendo o lugarzinho da pata do bicho? Pois é rastro de boi de arribada. Falta a marca da ponta. Boi viajado gasta a quina do casco... Eles vêm de muito longe, vêm pisando pedra, pau, chão duro e tudo... Ficam com a frente da unha roída... É diferente do pisado das reses descansadas que tem por aqui...

Acima, novamente, não poderíamos fazer a substituição [por mas].

Fernanda Maria Bispo da Silva Professora Abrantes, Portugal 42

Como ordeno alfabeticamente as palavras avó e avô?

Cristiano Giuntella Estudante Ravena, Italia 42

Gosto muito do Rúben Amorim e vejo todas as conferências de imprensa dele.

Tenho uma dúvida sobre uma frase que ele disse hoje, ou seja (minuto 10:32, Youtube):

«O contexto é completamente diferente. Quando jogámos aqui, acho que tínhamos os mesmos pontos ou, se o Porto ganhasse, apanhava-nos na classificação.»

Tendo em conta que foi um evento relativo ao passado e hoje não poderia acontecer, não deveria ter dito: «Se o Porto tivesse ganhado, ter-nos-ia apanhado/tinha-nos apanhado na classificação»?

Obrigado.

Grace Montenegro Enfermeira Bragança, Portugal 265

Gostaria de saber se o advérbio insinuadamente existe ou se é apenas um regionalismo ou uma forma coloquial de dizer «de forma insinuada». Consultei alguns dicionários, porém, não o encontro. No motor de busca do Google, remetem-me para insidiosamente...

Agradeço desde já a vossa resposta e aproveito para vos dar os parabéns pelo vosso árduo trabalho.

Teresa Moura Freelancer Lisboa, Portugal 267

Na frase «O canto da sua boca encurvou de uma forma desafiadora», o verbo encurvou está correto, ou deve dizer-se antes «O canto da sua boca encurvou-se de uma forma desafiadora»?

Ou é preferível curvou-se?