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A partícula se pode desempenhar diferentes funções na frase, inclusive ser pronome reflexo, o que significa ao mesmo tempo fazer parte integrante do verbo.
O verbo olhar, no caso da frase da pergunta, é reflexo por se encontrar acompanhado dum pronome reflexo:
(a) Ela olhou o Pedro no espelho.
(b) A Maria olhou-se no espelho [isto é, olhou-se a si própria].
Na frase (a), o complemento directo é o Pedro. Na frase (b), o complemento directo de olhou é se, referindo-se a Maria. A acção praticada pela Maria reflecte-se nela própria. Assim, dizemos que o verbo é reflexo. E o pronome se é um pronome reflexo.
Contudo, há verbos em que esta correspondência não se verifica, pelo que não podemos dizer que a acção do verbo se reflicta no próprio sujeito (o asterisco indica que a interpretação ou a frase não são aceitáveis):
(c) a Maria esforçou-se por aprender [*esforçou-se a si própria]
(d) *a Maria esforçou o Pedro
Em (c) e (d), se é um pronome inerente, porque faz parte da forma verbal (no caso, esforçar-se).
A partícula se pode também ser:
— Pronome com função de sujeito indeterminado (Exemplo: «O que quer que se coma);
— Partícula ou pronome apassivador [exemplo: «Publicam-se muitos livros hoje em dia» (É equivalente a dizer «Livros são publicados por alguém)].