Não foi aqui possível identificar a "lista robusta" que foi pedida, mas pode-se apresentar um teste.
Os verbos reflexivos permitem o reforço do pronome reflexo:
(1) Lavei-me.
(1) (a) Lavei-me a mim mesmo.
Já os verbos que exibem se inerente (o pronome que integra o verbo) não são compatíveis com o reforço pronominal ilustrado em (1)(a):
(2) Esforcei-me.
(2)(a) *Esforcei-me a mim mesmo.
(o * indica frase incorreta)
Observe-se, porém, que a aplicação do teste acima pode não ser muito conclusiva com verbo que parecem a meio caminho entre os verbos reflexivos e os verbos de se inerente:
(3) Lembro-me da minha infância. – ? Lembro-me a mim próprio da minha infância.
(4) Sinto-me satisfeito. – ? Sinto-me a mim próprio satisfeito.
(5) A porta fechou-se. – ? A porta fechou-se a si própria.
(6) Estas calças lavam-se bem. – ? Estas calças lavam-se a si próprias bem.
Estes casos constituem um subtipo dos verbos de se não reflexo e distribuem-se por:
a) verbos aos quais se associa um complemento preposicionado ou um predicativo: «lembro-me da minha infância», «sinto-me satisfeito»;
b) verbos que revelam alternância entre usos causativos e usos em que se exprime mudança de estado (geralmente não voluntária): «Fechei a porta/a porta fechou-se» [há verbos deste tipo que até permitem a supressão do se: «a loja fechou»];
c) verbos que ocorrem no presente ou no imperfeito (indicativo ou subjuntivo) com se associado no intuito de denotar uma propriedade característica do sujeito: «Estas calças lavam-se/lavavam-se bem» (= estas calças são facilmente laváveis).
Refira-se igualmente os casos de se que não são reflexos nem inerentes:
– o se recíproco, afim do se reflexo, bem como o se apassivador e o se indeterminado:
(7) Amem-se muito. [permite o reforço pronominal de «uns aos outros»: «amem-se uns aos outros»]
(8) Vendem-se casas. [o se marca uma passiva sintética, equivalente a «são vendidas casas»]
(9) Nada-se neste rio sem dificuldade. [o se é interpretável como «alguém», em sentido indefinido ou indeterminado]