Os conceitos de coesão textual e coesão referencial são fruto da linguística geral, que criou a noção de coesão, quando o texto, concebido como unidade semântica em funcionamento numa dada situação de comunicação, se torna objecto de estudo/conhecimento. Tendo em conta que todo o texto pressupõe uma organização sequencial, uma articulação dos elementos linguísticos que configuram a sua estrutura, a «coesão resulta justamente dos processos de organização sequencial que garantem e asseguram a interdependência semântica entre elementos que ocorrem na superfície textual» (Biblos Enciclopédia das Literaturas de Língua Portuguesa, vol. I, Lisboa/São Paulo, Verbo, 1995).
Por isso, «os mecanismos que viabilizam a construção da coesão textual operam em níveis diversos. Assim, a nível da frase, a ordem das palavras, os fenómenos de concordância, os processos de identificação da função sintáctica de cada elemento (p. ex., formas causais dos pronomes pessoais, uso de preposições) são recursos de ordem sintáctica que garantem a coesão.
Do ponto de vista interfrásico, podem apontar-se como instrumentos de coesão os conectores (de conjunção, disjunção, contrajunção e subordinação), a ocorrência de pró-formas que permitem a realização da co-referência (anafórica ou catafórica), a utilização correlativa dos tempos verbais, a iteração de elementos sémicos responsável pela configuração de isotopias, os diversos processos de substituição lexical (sinonímia, antonímia, hiponímia, hiperonímia)» (idem). Estes dois últimos instrumentos de coesão é que contribuem para a chamada coesão lexical.
Quanto ao fenómeno da coesão referencial, está intimamente ligado à noção de referência, que se baseia na determinação da verdade ou da falsidade das frases de um determinado discurso/texto. Por exemplo, num texto literário, «a verdade ficcional, que depende da noção de verosimilhança, consegue-se quando um conjunto de dados semânticos implementa uma gramática cujas regras são satisfeitas no desenvolvimento da narrativa.» É natural que um romance cuja acção se situe no séc. XIX, embora escrito nos nossos dias, represente a realidade daquele tempo, a nível quer da linguagem, quer do pensamento, dos valores, dos costumes, do quotidiano…
A coesão é, portanto, «um fenómeno co-textual realizado por recursos estilísticos explicitamente manifestados […] no texto.» Por isso, a instauração da coerência textual se deve aos mecanismos/nexos coesivos, responsáveis pela continuidade semântica do texto.