No subdomínio de semântica lexical da Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS), o conceito de amálgama está definido quer como «processo morfológico que permite formar novas unidades lexicais a partir da fusão de duas ou mais unidades lexicais truncadas»,1 quer como a unidade lexical resultante desse processo.2 Margarita Correia e Lucia San Payo de Lemos (Inovação Lexical em Português, 2005, Colibri, pág. 44) explicam que este tipo de unidade lexical é constituído «com partes de palavras, que se juntam, formando uma palavra gráfica», dando os seguintes exemplos: credifone («crédito para o telefone»); telemóvel («telefone móvel»); setor/setora (amálgam de «senhor/a doutor/a» não aceite pela norma).
1 Refira-se que o termo «unidade lexical truncada» é também designado como truncação ou abreviação vocabular por Margarita Correia e Lucia San Payo de Lemos (Inovação Lexical em Português, 2005, Colibri, págs. 44 e 89) . Estas investigadoras dão como exemplos de truncações as palavras metro (por metropolitano) e otorrino (por otorrinolaringologista) e, sobre este tipo de redução de palavras, observam o seguinte (idem, pág. 45):
«A truncação ou abreviação vocabular nem sempre se faz do modo mais previsível, isto é, nem sempre se faz omitindo elementos constitutivos da palavra abreviada, até porque, frequentemente, essas estrutura é opca para a generalidade dos falantes, parecendo serem predominantes as truncações dissilábicas. Ex.:
— heli (abreviação de helicóptero) não corresponde a um dos elemmentos constitutivos, que é helic(o)- ("hélice").»
2 Os exemplos de amálgama apresentados na TLEBS, informática e cibernauta, são discutíveis. O vocábulo informática é descrito como resultado da amalgamação de informação com automática, mas o Dicionário Houaiss indica que se trata de um empréstimo do francês, língua em que se criou o termo informatique a partir da truncação de information e da sufixação de -ique. Cibernauta aparece como se fosse formado por ciber e nauta, truncações de cibernética e astronauta, respecticamente. Ora, ciber- está registado no Dicionário Houaiss e no dicionário da Academia das Ciências de Lisboa como elemento de formação de origem inglesa (cyber, redução de cybernetics, por sua vez, do grego kubernētēs, «piloto», dirigente»); quanto a nauta, figura nos referidos dicionários como palavra autónoma, com o significado de «navegante». É, portanto, duvidoso que os elementos de formação de cibernauta sejam simples truncações (ver nota 1).