É um neologismo que muito provavelmente só terá algum uso na comunicação social ou noutras instâncias, enquanto a demissão da primeira-ministra britânica Theresa May em 24/05/2019 tiver atualidade ou merecer alguma nota historiográfica futura. Tomando por modelo a forma Brexit, pode analisar-se Mayexit como a associação1 do apelido inglês May ao nome comum exit, que significa «saída» – ou seja, trata-se de um vocábulo que, com alguma ironia, refere a demissão de Theresa May no contexto da (conturbada) saída do Reino Unido da União Europeia.
Recorde-se que este processo, desencadeado na sequência do referendo de 6 de julho de 2016, tem sido fértil em palavras deste tipo, todas resultado da criatividade dos media anglo-saxónicos e rapidamente adaptados a outras línguas, entre elas o português. São exemplos Brexit, Bremain e flextension ( de flexible extension, «prorrogação flexível»). Estes e outros termos se justificam no discurso mediático; e o seu tom informal parece não constituir impedimento para a sua ocorrência, pelo menos, no caso de Brexit, que, a par da designação analítica «saída do Reino Unido da União Europeia», figura mesmo em certos documentos produzidos oficialmente em Portugal, como acontece com o Plano de Preparação para a Saída do Reino Unido da União Europeia (datado de 17/01/2019 e atualizado em 3/04/2019).
Sobre o vocabulário do Brexit, leiam-se os Textos Relacionados e o artigo "Brexit: flextension, a nova palavra num glossário em expansão", saído no Diário de Notícias em 6/04/2019.
1 Opto pela palavra associação, por ser mais neutro do ponto de vista teórico. Em inglês, Brexit é analisável como amálgama, isto é, como resultado de um «[p]rocesso irregular de formação de palavras que consiste na criação de uma palavra a partir da junção de partes de duas ou mais palavras». Com efeito, na formação de Brexit, junta-se uma parte (truncação) do nome Britain (= Grã-Bretanha), Br-, a exit, ao passo que Mayexit junta duas palavras inteiras, assim se afastando do que geralmente se considera uma amálgama. O caso de Mayexit não será, portanto, analisável como Brexit, ainda que esta forma pareça servir de modelo àquela; é concebível encarar antes Mayexit como um composto com a forma May exit, construção possível em inglês em alternativa a May's exit (= «a saída de May»), tal como também se diz Trump administration, a par de Trump's administration, expressões que, em português, se traduzem de igual modo: «a administração de Trump» (para um discussão deste tipo de compostos do inglês, ler Tine Breban, "Proper names used as modifiers: A comprehensive functional analysis", in English Language and Linguistics, 22, 3, p. 381-401).