As formas apresentadas na pergunta não encontram registo nos dicionários consultados para a elaboração da presente resposta1. Torna-se, portanto, difícil identificar a forma mais correta, perante a variação evidenciada pelos exemplos remetidos pelo consulente, a que se junta mais outro, extraído do Corpus do Português de Mark Davies:
(1) «A convocação era urgente tendo até o Cabeça de Vaca almoçado no seu gabinete dividindo uns bolos melados com a dactilógrafa espernéfica-possidónia.» (Rúben A. Páginas, 1988)
Há, contudo, registo dicionarístico de espanéfico, «muito espalhafatoso no trajar, no andar, no falar» (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa; ver também dicionário da Porto Editora na Infopédia e Vocabulário da Língua Portuguesa, 1966, de Rebelo Gonçalves)2, sentido não exatamente coincidente com o de espenéfico/espernéfico/esprenéfico, que parece constituir uma forma mais expressiva de dizer o mesmo que «irrequieto, imparável até à irritação».
Deve ainda mencionar-se outra palavra de sonoridade semelhante, espernético, que o Dicionário Geral e Analógico da Língua Portuguesa, de Artur Bivar, recolhe com a indicação de se tratar de regionalismo duriense que se usa na aceção de «bem disposto, cheio de prosápia», significado que continua a não ser precisamente o das formas em questão.
Sugere-se, então, que espenéfico é uma deturpação de espanéfico, ainda mais alterada pelas variantes espernéfico/esprenéfico, por analogia com espernético, se é que esta forma não é já ela uma amálgama popular de espernear e frenético. Dado a palavra ter significação autónoma, não se justifica tomar espanéfico como forma correta.
1 Foram consultados: Aurélio XXI, Dicionário Houaiss (2001), Grande Dicionário da Língua Portuguesa de José Pedro Machado, Dicionário Geral e Analógico da Língua Portuguesa de Artur Bivar, Dicionário de Português da Porto Editora (na Infopédia), Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, Vocabulário Ortográfico da Infopédia, Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa, Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa.
2 Trata-se de um vocábulo de origem obscura, segundo a nota etimológica do Dicionário Houaiss.