DÚVIDAS

Ainda a locução «não obstante» + o significado de ubérrimo
Gostaria de saber a função da conjunção «não obstante», isto é, porque é enquadrada como conjunção adversativa (que penso obstar tem o significado de oposição e ficaria como aditiva: não obstante?!?!) E que significa ubérrimo (estava lendo úbere é mamilo), sendo esse superlativo absoluto sintético é, portanto, o quê: peituda, grande peito ou o quê?!? Um obrigadão à atenção, estou ansioso esperando esclarecimentos.
Sobre os nomes colectivos
Com quatro gramáticas, duas das quais de 2009, obtenho subclasses diferentes do nome, mas o que me interessa saber mais especificamente é se os nomes colectivos passam a constituir-se como subclasses dos comuns, passando a designar-se nomes comuns colectivos (como está numa gramática de 2009, da Areal Editores), ou não, uma vez que as outras não dão essa indicação, classificando-os apenas como nomes colectivos e como subclasse do nome. Grata pela atenção!
Determinantes, quantificadores e pronomes
Ensinamos aos alunos que pertencem à mesma classe as palavras que se podem substituir entre si no eixo paradigmático, mantendo a gramaticalidade da frase. Ora, o critério distributivo não é aplicável à classe dos quantificadores, uma vez que se podem comportar como determinantes (quantificadores existenciais, universais e interrogativos), mas também podem ter um comportamento misto, precedendo o nome ou substituindo o grupo nominal (quantificadores numerais). Se a distinção determinante/quantificador tem apenas uma base semântica, como evitar a mera memorização de definições (e de listas de palavras) no trabalho de explicitação com os alunos? Já em relação aos pronomes indefinidos, o DT não fixou qualquer alteração relativamente à tradição gramatical, ao associar na mesma subclasse o uso pronominal dos determinantes indefinidos e dos quantificadores existenciais, universais e interrogativos. A base semântica, relevante para fixar a quantificação nominal, não foi aqui considerada. Tenho, pois, as maiores dúvidas sobre a condução de um processo de observação que permita tirar conclusões e sistematizar as propriedades das classes e subclasses em apreço: Determinante indefinido vs. pronome indefinido Vieram [outros] alunos./Vieram [outros]. Mas... quantificador (existencial/universal) vs. pronome indefinido Vieram [alguns] alunos./Vieram [alguns]. Vieram [todos] os alunos./Vieram [todos]. Sempre... quantificador numeral Vieram [dois] alunos./Vieram [dois]. Espero ter conseguido explicar as minhas dúvidas. Obrigada pela atenção.
A classe morfológica de um – II
Saúdo o regresso do nosso Ciberdúvidas. Ele faz falta a quem, diariamente, há anos, se lhe habituou à companhia. 1. Pequeno comentário à seguinte resposta vossa: «a palavra queijo, apesar de não ter uma concretização lexical na segunda oração, acaba por estar presente de forma subentendida: «Eu comprei um queijo, e tu ainda me deste um [queijo].» — Logo, aquele segundo um seria artigo indefinido, como o primeiro. Não seguimos tal opinião. Os pronomes estão sempre em vez duma palavra que, ausente, poderia estar presente. Mas, porque o não estão, é que há pronomes. Se fosse válido este princípio do Ciber, desapareceriam os pronomes possessivos, demonstrativos e muitos indefinidos. E eles fazem falta ao estudo da frase. A análise categorial tem de ser capaz de atribuir categoria às palavras da frase — independentemente daquelas que lá poderiam estar. 2. Embora seja aceitável (?) a classificação daqueles um como determinantes artigos indefinidos, é minha opinião que se trata de dois quantificadores, sendo um adjectival e outro pronominal. «Eu comprei um queijo, e tu ainda me deste um» [Fiquei com dois]. 3. Porque tenho muito respeito pelo trabalho dos colegas, só discordo se propuser uma alternativa. É o que faço agora: «Eu comprei um queijo...» — um: quantificador adjectival determinativo (numeral cardinal) «e tu ainda me deste um» — um: quantificador pronominal  (numeral cardinal). Justificação: Os quantificadores constituem uma categoria gramatical de cariz predominantemente semântico que, no entanto, lhes não cumula a função. Na realidade, eles desempenham uma função transversal a diversas categorias de palavras, e podem ser quantificadores adjectivais, pronominais e adverbiais.Na análise categorial, é nossa opinião que deveremos sempre referir a classe própria: quantificador, seguida da classificação categorial complementar. Foi o que fizemos na descrição proposta. Eu teria muito gosto em discutir esta análise com o Autor da resposta — eu não sou dono da Verdade! —  mas não é — não tem sido — esse o entendimento do Ciber, e só me resta aceitar.
Sobre a classe de palavras de o antes de pronome possessivo
Nas frases «esse livro é igual ao meu» e «o seu livro é igual ao meu», a impressão que eu tenho é de que no primeiro exemplo o «o» antes de «meu» seria um pronome demonstrativo, e na segunda, um artigo definido. Justifico tal posição pelo fato de que na primeira frase o primeiro pronome é outro demonstrativo (esse) e a segunda frase inicia com artigo. Concluo isso através do que se me apresenta como paralelismo na frase. Há respaldo teórico para essa minha, digamos, opinião? Coincide com a teoria gramatical que por vezes é divergente entre os autores em alguns pontos? Na verdade, pesquisando na Internet, percebi que há posições divergentes até mesmo em relação à definição de pronome possessivo adjetivo/substantivo. Há quem diga que numa frase como «Pegue seu ônibus, que eu pegarei o meu», o segundo «meu» seria substantivo, já que não antecede nome, e outros que dizem que o nome (substantivo) está subentendido, e que por isso, então, seria um pronome adjetivo. Leigo na área, e no entanto interessado, formulei algumas hipóteses, e gostaria que respondessem às minhas questões incluídas nas minhas hipóteses. Ei-las: 1) No caso de se considerar o «meu» nas frases anteriormente citadas como um pronome possessivo adjetivo, haveria duas possibilidades para tal. a) O «meu» estaria adjetivando um substantivo subentendido no contexto, e o «o» seria um artigo definido, e tanto o artigo «o» como o pronome adjetivo «meu» desempenhariam a função de adjuntos adnominais do substantivo subentendido. b) O «meu» serviria como um pronome adjetivo posposto ao pronome substantivo demonstrativo «o», e assim estaria o adjetivando. 2) No caso de se considerar o «meu» nas frases anteriormente citadas como um pronome possessivo substantivo, haveria somente a possibilidade de se entender o «o» como artigo definido que substantiva o pronome, uma vez que se o «o» for entendido, nesse contexto de consideração, como um pronome demonstrativo, só poderia ser de um valor substantivo, assim recebendo a adjetivação do pronome possessivo «meu», que então desempenharia função de adjunto adnominal [isso recairia na própria hipótese b) do item anterior]. De todo modo, às vezes tenho a impressão de que um o ou a antes de um possessivo invariavelmente seria um artigo, em qualquer contexto... Como uma espécie de «locução necessária».
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