Associado a um substantivo — material, por exemplo —, pouco1 é um pronome adjectivo indefinido (nomenclatura gramatical brasileira), um determinante definido (terminologia portuguesa que se tornou corrente há cerca de trinta anos) ou um quantificador existencial (de acordo com o Dicionário Terminológico, actualmente válido para o ensino básico e secundário português).
Relativamente à classificação de o que precede o pronome — «o teu» —, cita-se a explicação de Carlos Rocha:
Nos casos em apreço, a literatura não tem diferenciado a classe nem a função da forma o, associada ao possessivo meu, em casos como o das duas frases. Normalmente, considera-se que esse o é um artigo definido, quer acompanhe um pronome possessivo («o meu») quer se junte a um adjectivo numa construção elíptica («estou a usar o casaco velho, porque não encontro o novo», onde «o novo» = «o casaco novo»).
Por sua vez, o o que precede o superlativo relativo de superioridade na frase «O João é o mais sábio» é, também, um artigo/determinante definido, como o afirma a Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Cunha e Cintra, evidenciando que «o artigo definido é de emprego obrigatório com o superlativo relativo», podendo preceder o substantivo — «O João é o jovem mais sábio» — ou o superlativo — «O João é o mais sábio» (Cunha e Cintra, op. cit., p. 224 e p. 216 com pronome possessivo).
1 Quando modifica adjectivos («pouco materialista»), pouco pode ser classificado como advérbio de intensidade (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 17.ª ed., Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 539), tal como «muito, mais, menos, assaz, bastante, tanto, tão, quase» ou, segundo o Dicionário Terminológico, como advérbio de quantidade ou de grau, enquanto advérbio que «contribui com informação sobre grau ou quantidade, [sendo] utilizado [tal como muito, bastante, assaz, demasiado, mais, menos...] para a formação do grau dos adjectivos e advérbios».