Variação no uso dos demonstrativos
A minha dúvida está relacionada com o uso dos pronomes demonstrativos este e esse. Apesar das numerosas respostas acerca do tema, não fiquei esclarecido. A questão é esta: existem significativas diferenças na língua portuguesa brasileira e na língua portuguesa europeia com relação ao uso dos pronomes demonstrativos este e esse?
A presente dúvida é fruto de uma leitura do Manifesto do Partido Comunista, cuja tradução foi elaborada por uma tradicional editora portuguesa:
«Anda um espectro pela Europa – o espectro do Comunismo. Todos os poderes da velha Europa se aliaram para uma santa caçada a este (1) espectro, o papa e o tzar, Metternich e Guizot, radicais franceses e polícias alemães. Onde está o partido de oposição que não tivesse sido vilipendiado pelos seus adversários no governo como comunista, onde está o partido de oposição que não tivesse arremessado de volta, tanto contra os oposicionistas mais progressistas como contra os seus adversários reacionários, a recriminação estigmatizante do comunismo? Deste (2) facto concluem-se duas coisas. O comunismo já é reconhecido por todos os poderes europeus como um poder. Já é tempo de os comunistas exporem abertamente perante o mundo inteiro o seu modo de ver, os seus objetivos, as suas tendências, e de contraporem à lenda do espectro do comunismo um Manifesto do próprio partido. Com este (3) objetivo reuniram-se em Londres comunistas das mais diversas nacionalidades e delinearam o Manifesto seguinte, que é publicado em inglês, francês, alemão, italiano, flamengo e dinamarquês” (MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Editora Avante).
A meu ver, não seria mais adequado:
A) «Esse espectro» em vez de «este espectro (1)», pois o espectro foi apresentado?
B) «Desse facto em vez de deste facto (2)», pois o fato foi apresentado?
C) «Esse objetivo em vez de este objetivo (3)», pois o objetivo foi apresentado?
Agradeço vossa atenção e aproveito a oportunidade para felicitá-los pelo maravilhoso trabalho que realizam!
Uma oração relativa introduzida por cujo
Na frase «O filme cujo guião a Ana escreveu foi premiado» (= «A Ana escreveu o guião do filme»), devem ser ou não colocadas vírgulas na oração subordinada? Podemos considerá-la uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva?
Obrigada.
«Apostar que...» vs. «apostar em como...»
Relativamente ao verbo apostar, não tenho um exemplo que me confirme a gramaticalidade desta frase:
«Eu aposto COMO consigo dar um salto!»
Aceita-se que o verbo apostar reja a conjunção como?
«Com condições para» vs. «em condições de»
Consideremos a seguinte frase:
«O paciente não está com (em) condições físicas para participar da audiência designada para o dia 7 de janeiro de 2018, uma vez que sofreu o quarto acidente vascular cerebral, que o deixou com o lado direito do corpo paralisado afetando sua mobilidade.»
Minhas dúvidas são: o paciente «não está COM condições» ou «EM condições»? Existe vírgula após «acidente vascular cerebral»?
O uso frásico do advérbio estritamente
Há algo que vi recentemente, nunca havia pensado nisso, mas me surgiu do nada. Em casos como «É proibido estritamente usar, copiar ou referir-se a qualquer tipo de conteúdo protegido por direitos autorais», o correto seria «se referir», já que o advérbio estritamente estaria diretamente ligado aos três verbos, forçando o uso da próclise?
Ou ele só modificaria o primeiro verbo, como por exemplo: «Fuja imediatamente caso se sinta, veja-se ou imagine-se em situação de perigo.»
Ou, nesses casos, o advérbio obrigatoriamente deve estar entre vírgulas, podendo-se utilizar a ênclise?
Agradeço desde já.
«Trabalhavam para comer» e «... para comerem»
Qual a forma correcta de escrever a seguinte frase: «Trabalhavam para comerem"», ou «Trabalhavam para comer»?
Inclino-me para a segunda opção, mas não sei porquê.
Muito obrigada!
[N.E. – A consulente escreve correcta, seguindo a ortografia anterior à que está em vigor, que prescreve correta.].
Gramática e autores literários:
uma dúvida do escritor Augusto Abelaira (1926-2003)
uma dúvida do escritor Augusto Abelaira (1926-2003)
Ouvi falar de uma história em que um autor português, em dúvida sobre um aspeto gramatical, consultou um gramático para o elucidar. O mesmo gramático respondeu-lhe, dando como referência as obras desse mesmo autor.
Gostaria de saber mais pormenores sobre esta história (nomes, datas ou a questão tratado), caso a reconheçam.
Muito obrigado.
A construção disjuntiva «seja... ou...»
Numa frase é aceitável a expressão disjuntiva correlativa «seja... ou...», em vez da que normalmente encontramos, «seja... seja...»?
Agradeço o esclarecimento.
«Gostaríamos de convidá-los...»
(num convite de casamento)
(num convite de casamento)
É correcto escrever «Gostaríamos de convidá-los...» num convite de casamento?
Uma pessoa disse que desta forma dá a entender uma intenção de convidar, mas não estamos realmente a convidar.
Fiquei confusa pois pensei que se tratava de uma forma mais delicada de fazer o convite, usando o imperfeito de cortesia.
Obrigada.
[N. R. – A consulente escreve correcto, conforme a ortografia anterior à que está em vigor (correto).]
O nome comum rímel
Recentemente, tive conhecimento que a palavra rímel não deve ser utilizada porque é uma marca de "máscara de pestanas". Dicionários como a Infopédia e o Priberam continuam a ter esta palavra listada como termo para definir "máscara de pestanas". O mesmo acontece em relação a outras marcas, como gilete e kispo.
Não se pode mesmo utilizar estes termos por serem marcas comerciais?
