DÚVIDAS

Discurso directo. A clareza
Gostaria, se fosse possível, que as minhas dúvidas fossem esclarecidas pelo dr. D´Silvas Filho, cuja clareza de raciocínio e de expressão eu admiro profundamente. Tenho algumas dúvidas que têm que ver com o discurso directo. Como devo pontuar as frases seguintes? Exemplo 1: — Que belo carro! — exclamou Pedro. — Gostava que fosse meu. ou — Que belo carro! — exclamou Pedro — Gostava que fosse meu. Exemplo 2: — Queres vir comigo? — perguntou Joana. — Não me demoro. ou — Queres vir comigo? — perguntou Joana — Não me demoro. Estão bem pontuadas as seguintes frases? — Eu não vou — afirmou João. — Estou farto. — Ela dorme — afirmou Tânia —, mas ouve tudo. Muito obrigada!
Pontuação no discurso directo
Tenho uma pequena dúvida relativamente a esta questão, que as perguntas no vosso arquivo não me esclareceram completamente. Concordamos que podemos construir um discurso directo mais ou menos assim: — Amanhã vai chover — disse o Manuel. — O céu está muito escuro. Por uma questão de coerência com as normas ortográficas (embora se conceda alguma liberdade de estilo em alguns casos), o ponto final do discurso do narrador encerra também a primeira afirmação do diálogo, começando a fala do narrador em minúsculas. Mas veja-se este caso: — Amanhã vai chover. — O Manuel voltou-se da janela para a sala. — O céu está muito escuro. Ora, não temos aquele momento de explicação do diálogo pelo narrador (apontando o tom com que afirmou, se afirmou ou exclamou, se foi este ou outra personagem a falar…), mas uma informação contextualizadora diferente (neste caso, cinética), que complementa, mas que não comenta o acto do falante. Assim sendo, a pontuação tal como assinalei está correcta, ou admite-se outra representação? Em inglês parece muito comum esta situação, substituindo-se pelas aspas os nossos mais tradicionais sinais de pontuação do discurso directo, bem como a criação de núcleos de sentido, parágrafo a parágrafo, conjugando-se em cada um deles a fala de um personagem com o que o narrador tem a dizer sobre ele. Obrigada.
Classificar orações em discurso indirecto
Gostaria de saber como se classificam as frases complexas cujas orações se repartem pela introdução do discurso directo e o discurso directo propriamente dito. Exemplo: «Quando o José abriu a caixa disse:— É para mim!» Atentando na frase/oração introdutória, se a 1.ª oração é facilmente classificável (subordinada adverbial temporal), já a segunda, ao reduzir-se apenas ao verbo declarativo «disse», suscita algumas dúvidas, pois um dos constituintes fundamentais deste verbo — o complemento directo (CD) — é enformado pela frase simples já em discurso directo. Assim, poderá «disse» ser considerado por si só oração subordinante ou, pelo contrário, e como está em falta um dos elementos essenciais por ele pedido, não poderá de modo algum sê-lo? Caso não possa considerar-se como oração principal, como classificá-lo? E a oração subordinada adverbial continua a sê-lo? Quanto à frase já em discurso directo («É para mim!»), devemos classificá-la como frase simples (porque o é por si só), ou, sabendo nós que se trata do CD do verbo declarativo antecedente, devemos analisá-la na sua forma de discurso indirecto e classificá-la como oração subordinada completiva? O mesmo para «Penso — disse meu pai — que te darás melhor em letras»: «disse meu pai» — frase simples, ou, convertendo toda a frase para o discurso indire{#c!}to («O meu pai disse que pensava que me daria melhor em letras»), oração subordinante? Já agora, aproveito para colocar a mesma questão em relação a frases complexas na interrogativa. Exemplo: «Será que expulsá-lo da aula foi bem pensado?» Espero ter sido clara na exposição da dúvida. Obrigada.
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