DÚVIDAS

O narrador (presença e ciência)
Sou professora de 1.º ciclo e surgiu uma dúvida num texto. Não sei se se trata de um narrador participante ou não participante. Passo a transcrever: Decididamente, o meu amigo Inocêncio, com o seu espírito fraco e facilmente influenciável por tudo e por todos, há de acabar por acabar mal... Ora imaginem para o que lhe deu: sentindo-se ligeiramente indisposto foi a conselho da esposa e pela primeira vez na sua vida ao médico. — Todo o seu mal deriva do pâncreas! — De quem, doutor?— inquiriu alarmado o Inocêncio... O texto continua sempre na 3.ª pessoa do singular. Mas, como começa na 1.ª pessoa do singular, surgiu a dúvida.
Discurso directo. A clareza
Gostaria, se fosse possível, que as minhas dúvidas fossem esclarecidas pelo dr. D´Silvas Filho, cuja clareza de raciocínio e de expressão eu admiro profundamente. Tenho algumas dúvidas que têm que ver com o discurso directo. Como devo pontuar as frases seguintes? Exemplo 1: — Que belo carro! — exclamou Pedro. — Gostava que fosse meu. ou — Que belo carro! — exclamou Pedro — Gostava que fosse meu. Exemplo 2: — Queres vir comigo? — perguntou Joana. — Não me demoro. ou — Queres vir comigo? — perguntou Joana — Não me demoro. Estão bem pontuadas as seguintes frases? — Eu não vou — afirmou João. — Estou farto. — Ela dorme — afirmou Tânia —, mas ouve tudo. Muito obrigada!
Pontuação no discurso directo
Tenho uma pequena dúvida relativamente a esta questão, que as perguntas no vosso arquivo não me esclareceram completamente. Concordamos que podemos construir um discurso directo mais ou menos assim: — Amanhã vai chover — disse o Manuel. — O céu está muito escuro. Por uma questão de coerência com as normas ortográficas (embora se conceda alguma liberdade de estilo em alguns casos), o ponto final do discurso do narrador encerra também a primeira afirmação do diálogo, começando a fala do narrador em minúsculas. Mas veja-se este caso: — Amanhã vai chover. — O Manuel voltou-se da janela para a sala. — O céu está muito escuro. Ora, não temos aquele momento de explicação do diálogo pelo narrador (apontando o tom com que afirmou, se afirmou ou exclamou, se foi este ou outra personagem a falar…), mas uma informação contextualizadora diferente (neste caso, cinética), que complementa, mas que não comenta o acto do falante. Assim sendo, a pontuação tal como assinalei está correcta, ou admite-se outra representação? Em inglês parece muito comum esta situação, substituindo-se pelas aspas os nossos mais tradicionais sinais de pontuação do discurso directo, bem como a criação de núcleos de sentido, parágrafo a parágrafo, conjugando-se em cada um deles a fala de um personagem com o que o narrador tem a dizer sobre ele. Obrigada.
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