Monólogo e aparte são diferentes técnicas de representação discursiva que ocorrem sobretudo no texto dramático.
O monólogo caracteriza-se por constituir uma «técnica de desdobramento do eu que fala, levado muitas vezes a confrontar-se com os seus valores e as suas atitudes, em termos de oscilação dilemática ou em termos de pura justificação» (Biblos – Enciclopédia das Literaturas de Língua Portuguesa, da Verbo), razão pela qual as partes onde há monólogos são aquelas em que o ator/emissor se encontra sozinho em cena e, por isso, verbaliza o seu estado de espírito e a sua interioridade.
Verificam-se monólogos logo na cena I do ato I de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, em que Madalena reflete sobre os versos do episódio de Inês de Castro d´Os Lusíadas, relacionando-os com a sua própria realidade (escondida de todos), e na cena IX (em que Frei Jorge nos fala da angústia que o consome por ver a tensão que paira na família do irmão; assim como nas cenas que abrem os atos I e II de Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro, em que Manuel sobressai no palco com o seu discurso marcado pela preocupação e pela consciência do peso da realidade política em que vivia.
Por sua vez, o aparte ocorre, geralmente, no meio de um diálogo, no interior da fala de uma das personagens, em que esta interrompe o seu discurso para fazer um comentário (dito num tom diferente, como se falasse para si próprio, ou também para o público, para o esclarecer com determinada opinião ou situação). É uma espécie de confidência que a personagem considera importante que o público conheça. Repare-se que em Frei Luís de Sousa encontramos vários apartes, sobretudo de Telmo, durante as conversas com Madalena, denunciando a sua opinião sobre temas críticos, como o da legitimidade de Maria ou o da morte do primeiro marido de Madalena, que não ousa dizer diretamente à sua interlocutora. Exemplos:
Telmo – Então! Tem treze anos feitos, é quase uma senhora, está uma senhora… (à parte*). Uma senhora aquela… pobre menina!»
Madalena - […] de meu senhor D. João de Portugal, que Deus tenha em glória?
Telmo (à parte*) – Terá…
Nota: Grafia de edição (1973) de Frei Luís de Sousa, da Porto Editora.