Este narrador de 1.ª pessoa não é participante na ação narrada, mas não deixa de nos dar a sua opinião sobre a personagem nem de no-la caracterizar («com o seu espírito fraco e facilmente influenciável por tudo e por todos, há de acabar por acabar mal...»), mostrando que a conhece bem. Não é, portanto, um narrador participante, mas um narrador interventivo (porque exprime a sua opinião) e omnisciente (porque sabe tudo o que se passou e até prevê o futuro). Estando fora da ação, não deixa de intervir, mas no âmbito do discurso narrativo.
No entanto, importa recordar que nas classificações apresentadas se estão a focar dois domínios da classificação do narrador: quanto à presença — narrador participante (autodiegético e homodiegético) e não participante (heterodiegético) — e quanto à ciência/saber (omnisciente, de focalização interna e externa e narrador interventivo). Trata-se, pois, de tipos de narrador — por um lado, é um narrador não participante (a nível da presença) e, por outro, é um narrador omnisciente e interventivo (ciência/saber) — de domínios diferentes.
Nota: De qualquer forma, é de referir que estes conceitos (relativos à ciência do narrador — omnisciente, de focalização interna e externa, assim como o narrador interventivo) são demasiado complexos para o 1.º ciclo do ensino básico, razão pela qual se deve prestar atenção aos conteúdos indicados no respetivo programa. Por isso, aconselha-se a que se siga rigorosamente a terminologia aí apresentada. Se a classificação de narrador participante e não participar fizer parte do programa, poder-se-á explicar esses conceitos, relacionando-se a participação com a presença (participante) e a ausência (não participante) do narrador na ação, lembrando que um narrador participante pode ter vários papéis: personagem principal, secundária, figurante e/ou, até mesmo, ser um mero espetador.