Feito
No poema abaixo utilizei a palavra feito como conjunção.
Mas tenho um amigo português que não concorda com o uso, diz-me que nesse poema devo usar a norma culta. Insisto com ele que não estou assassinando nem a Flor do Lácio, nem a gramática da língua portuguesa do Brasil.
Podem me ajudar nessa contenda saudável?
DUETO AMOROSO
Êxtase de beijos:
feito caniço existo,
para ganhar carinho do vento.
Teu sopro varre meus pêlos:
viro lânguidas folhas eriçadas.
Construímos geometria sem retas,
para mãos em conchas
descobrirem os caminhos da pele.
Nossa orquestra afina ritmos
no pulsar de cada músculo.
Meu corpo tronco balança,
tranço minhas pernas,
meus braços tensos enlaçam tua nuca:
danço, faço música.
Em dueto virtuoso viro lacuna de mim.
Repleta de tua melodia,
tento não sucumbir,
quando tocas meu corpo - platéia.
Vergo às notas da paixão:
sou frágil corda sinuosa
ao compasso do tempo.
Mulher–bambu:
nascida para criar
canções de amor,
improvisando com o vento.
