Nas situações em que o sujeito se encontra omisso da frase, consideramos que estamos perante um sujeito nulo. Este pode ter três naturezas distintas1:
(i) sujeito nulo indeterminado: quando o sujeito tem uma interpretação indefinida ou uma “referência arbitrária”: «[-] Dizem que o João chegou.» (a indicação [-] marca o sujeito nulo);
(ii) sujeito nulo subentendido: quando o sujeito não está expresso na frase, mas é possível identificá-lo, por exemplo através de uma referência expressa numa frase anterior: «O João chegou. [-] Estava cansado»;
(iii) sujeito nulo expletivo: quando o sujeito não tem qualquer interpretação: «[-] Chove imenso.»
A omissão do sujeito em orações subordinadas substantivas infinitivas é um traço característico destas construções. Nestes casos, teremos de considerar duas possibilidades: as orações infinitivas não flexionadas (1) e as orações infinitivas flexionadas (2):
(1) «O João quer [-] tomar este remédio.» (= «O João quer [ele] tomar este remédio.»)
(2) «O João deu-nos indicações sobre como [-] tomarmos este remédio.» (= «O João deu-nos indicações sobre como [nós] tomarmos este remédio.»)
Em ambas as frases, o sujeito da oração infinitiva é um sujeito nulo subentendido porque, apesar de não ter realização fonética, é possível identificá-lo pelo sentido da própria frase.
Não obstante, há situações de orações infinitivas não flexionadas em que o sujeito tem uma interpretação indefinida, assumindo-se, portanto, como um sujeito nulo indeterminado:
(3) «[-] Ler um livro é fundamental.»
Ora, sem outro contexto, parece ser este o caso das frases apresentadas pela consulente. Assim, as orações não finitas presentes nas frases «Tomar este remédio é importante» e «Olhando as estrelas, descobrem-se coisas» têm um sujeito nulo indeterminado.
1. cf. Mira Mateus et al., Gramática da língua portuguesa. pp. 442-445.