Dentro da própria língua latina, houve um fenómeno fonético denominado rotacismo em que a consoante s intervocálica se transformou em r.
Não houve qualquer mudança no sentido inverso.
A língua latina caracteriza-se pela sua riqueza verbal. Muitas formas não transitaram para as línguas novilatinas, nomeadamente o futuro do indicativo, as formas simples da voz passiva e os verbos depoentes que têm forma passiva e sentido activo.
A partícula apassivante ou apassivadora «se» provém do pronome pessoal reflexo da terceira pessoa.
No discurso, a terceira pessoa corresponde àquele de quem se fala ou àquilo de que se fala: seres animados, inanimados, agentes indeterminados e ainda acções definidas e indefinidas.
Note-se ainda que os verbos impessoais têm uso apenas na terceira pessoa do singular. Exemplo: «No Canadá, neva frequentemente.»
Na língua latina, o pronome «se», para além de reflexo, pode funcionar como sujeito em orações infinitivas.
Actualmente, a língua portuguesa possui a voz passiva construída com o verbo auxiliar ser por influência da língua latina.
Exemplo: «Estas casas são vendidas directamente pelo proprietário.»
Simultaneamente, existem formas sintéticas passivas sem auxílio do verbo ser.
1.º exemplo: «Vendem-se casas.»
Esta frase corresponde a um estrutura profunda: «Estas casas são vendidas por alguém.»
A passagem à estrutura sintética de superfície «Vendem-se casas» deu lugar à omissão do agente da passiva.
2.º exemplo: «Vende-se casas.»
É uma outra forma de superfície para a mesma estrutura profunda em que «casas» é o complemento directo, e o sujeito é indeterminado.
Esta frase dá maior relevo à acção e minimiza o sujeito.