Os pronomes pessoais (ou clíticos) podem ocupar na frase uma posição argumental ou não argumental. Se ocupam uma posição argumental, desempenham uma determinada função sintática, por exemplo:
a) «Lava-te!» (O pronome pessoal te tem a função sintática de complemento direto.)
Se, pelo contrário, ocupam uma posição não argumental, não desempenham qualquer função sintática:
b) «Queixa-te à polícia!» (O pronome pessoal te não desempenha nenhuma função sintática; é inerente ao verbo.)
O pronome te da frase que apresenta pertence ao paradigma de pronomes pessoais reflexos inerentes ou pseudorreflexos (-me, -te, -se, -nos, -vos, -se), uma vez que, associados a verbos como calar-se, atrever-se, rir-se, queixar-se, comprometer-se, suicidar-se, arrepender-se, não desempenham qualquer função sintática. São, sim, formas inerentes ao verbo, i. e., são uma propriedade lexical dos próprios verbos.