A frase em questão está correta, ou seja, no sentido de «ter sabor», o verbo conjuga-se na 3.ª pessoa (singular ou plural) podendo ter associado um pronome pessoal referente à pessoa que tem a experiência do sabor: «sabe-me/te/lhe/nos/vos/lhes pela vida».
Construídas com saber (= «ter sabor»), registam-se outras expressões que parecem muito mais correntes do que «saber pela vida»1:
– «saber divinamente»: «o jantar estava ótimo e soube-me divinamente»;
– «saber que nem ginjas»2 (popular) = «este petisco sabe que nem ginjas»; «isto sabe-me que nem ginjas»;
– «saber pelas almas»;
– «saber a nozes».
1 Consultaram-se o Dicionário de Expressões Correntes (Lisboa, Editorial Notícias, 2000), de Orlando Neves, e o Dicionário de Expressões Populares Portuguesas (Lisboa, Edições 70, 1993), de Guilherme Augusto Simões.
2 Regista-se também «saber a gaitas», expressão que Orlando Neves, op. cit.,comenta assim: «No plural, "gaitas" é o nome dado aos orifícios que a lampreia tem debaixo da boca e que, de certo modo, lembram os das flautas ou gaitas. Dizem os apreciadores do ciclóstomo que essa é, precisamente, a sua parte mais saborosa. Porque a expressão já tinha sido utilizada por D. Francisco Manuel de Melo na Feira de Anexins, não colhe a hipótese posta por Pinto de Carvalho (Tinop) no seu livro Lisboa de Outros Tempos: "À porta do passeio [refere-se ao Passeio Público, do século passado, localizado entre os Restauradores e a Rua das Pretas, em Lisboa] estacionava um homem que vendia copos de água dessa fonte [refere-se a um chafariz na zona hoje da Praça da Alegria] e uma mulher que vendia canudinhos de doce chamados "gaitas"[...]. Daí veio o ditado, dizer-se que, quando qualquer comida sabe bem ao paladar: sabe que nem gaitas." Outros autores afirmam ainda que aos talos tenros e gostosos das couves se chamam, em Trás-os-Montes e nas Beiras, "gaitas".»
N. E. (21/02/2021) – Outras expressões há que ocorrem em situações semelhantes: «(é de) comer e chorar por mais» (cf. Infopédia) e, no Brasil, «(é de) comer rezando» (comunicação pessoal do consultor Luciano Eduardo Oliveira).