Ambas as opções estão corretas. No entanto, estas expressam valores modais distintos.
Na maioria dos casos apresentados no texto em questão, está em causa a construção da modalidade deôntica, isto é, a expressão de um valor de obrigação, que, nos casos em análise, é veiculado por meio do verbo auxiliar modal dever.
Esta expressão da obrigação pode ser traduzida através dos verbos auxiliares ter (de), que expressa uma obrigação mais forte, e dever, que expressa uma obrigação mais fraca, como se observa pelo cotejo das frases (1) e (2)1:
(1) «Tens de vir comigo.»
(2) «Deves vir comigo.»
Quando o verbo auxiliar usado é o dever, é possível reinterpretar a força modal através da modalização do verbo, o que pode ser conseguido através dos tempos e modos verbais. Esta modalização fica clara na diferença entre (3) e (4), frases nas quais o recurso ao imperfeito do indicativo expressa cortesia:
(3) «Quero um copo de água.»
(4) «Queria um copo de água.»
Nos textos apresentados pelo consulente, julgo que a diferença introduzida pela opção pelo futuro do indicativo ou pelo condicional está relacionada com o maior ou menor grau de obrigação. Assim, o recurso ao futuro expressa um grau de obrigação mais forte do que o recurso ao condicional:
(5) «Ele disse que deverão falar com os encarregados de educação.»
(6) «Ele disse que deveriam falar com os encarregados de educação.»
A opção pelo condicional também pode corresponder a uma modalização de cortesia, uma vez que alguns falantes sentirão a frase (6) como mais cortês do que a frase (5).
Disponha sempre.
1. Para maior aprofundamento, cf. Oliveira e Mendes in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 628-630.