As interrogativas indiretas são mencionadas no Dicionário Terminológico (DT), no verbete relativo ao tipo de frase interrogativa (domínio B.4.3.):
«[...] as interrogativas indirectas (iv) são subordinadas substantivas completivas. [Oração subordinada substantiva completiva] [...]
Exemplos [...]
(iv) O João perguntou [se comeste a sopa].»
Quanto ao que se diz no DT sobre como se introduzem as completivas (B. 4.4.), verifica-se que na informação aí disponível falta referir que tais orações podem ser introduzidas também por palavras de outras classes, por exemplo, por advérbios interrogativos:
1) «Perguntei-lhe porque esperava.»
2) «Não sei quando chega.»
Em 1) e 2) temos interrogativas parciais que se realizam como orações subordinadas completivas.
Observe-se, porém, que na Gramática do Português (organização de Eduardo B. Paiva Raposo et al., da Fundação Calouste Gulbenkian, 2013, págs. 1835/1836) se aponta exatamente este facto:
«[A]s orações interrogativas subordinadas parciais caracterizam-se pelo facto de serem introduzidas [...] por um sintagma que contém obrigatoriamente uma palavra interrogativa, frequentemente designada "palavra qu-" em virtude da sua forma. Este pode um pronome [ii], um determinante [iii], um quantificador [iv] ou um advérbio [v] [:]
(ii) Ando a averiguar [quem é o responsável por este orçamento].
(iii) Não me disseram [que documentos eles aprovaram na reunião].
(iv) Não sei [a quantas lojas eles foram].
(v) Perguntaram-me [quando seria aprovado o orçamento].»
Convém assinalar dois aspectos em relação a esta citação da recém-publicada Gramática do Português:
a) não se fala aí em subordinação substantiva, mas, sim, em subordinação argumental, que é um termo equivalente (idem, p. 1821, n. 1);
b) o termo «palavra qu-» apenas é usado na referida gramática e, por enquanto, no âmbito universitário, não fazendo parte do DT.
Em conclusão, sugerimos que tais interrogativas indiretas parciais sejam classificadas como orações subordinadas substantivas completivas.