Se considerarmos que a frase apresentada integra uma interrogativa indireta, a oração «onde estava escondido» poderá ser considerada uma subordinada substantiva completiva interrogativa indireta.
As orações subordinadas substantivas completivas interrogativas indiretas parciais (ou seja, as que não têm como resposta sim ou não) caracterizam-se por serem introduzidas por uma palavra interrogativa, que poderá ser um pronome, um determinante, um quantificador ou um advérbio e por expressarem desconhecimento acerca desse constituinte interrogativo introdutório1:
(1) «Ele perguntou quem tinha chegado.»
A oração interrogativa indireta é introduzida pelo pronome interrogativo quem e questiona o valor específico de quem. Acresce que é possível estabelecer uma correspondência com a frase interrogativa direta que foi incluída na frase complexa:
(2) «Quem chegou/ tinha chegado?»
As orações interrogativas indiretas são, habitualmente, introduzidas por verbos de inquirição como averiguar, inquirir ou perguntar2. Não obstante, em situações específicas, poderão também ser introduzidas por verbos de conhecimento ou desconhecimento, ou seja, por verbos que indicam uma atitude de conhecimento:
(3) «Percebi quanto custa este carro.»
(4) «Adivinha onde vou.»
Ora, nesta linha de análise, poderemos considerar que a frase apresentada pela consulente integra uma oração subordinada substantiva completiva (interrogativa indireta), pois esta oração
(i) corresponde a uma frase interrogativa direta:
(5) «Onde estava ele escondido?»
(ii) é introduzida por um advérbio interrogativo (onde) sobre o qual incide a questão (procura averiguar o ‘lugar onde’)
(iii) é introduzida pelo verbo dizer usado com valor de conhecimento, equivalente a “disse saber”.
1. Para maior desenvolvimento, cf. Raposo et al., Gramática do português. Fundação Calouste Gulbenkian, sobretudo pp. 1834-1837.
2. Ibidem, pp. 1866-1867.