As palavras em questão não são derivadas. Para falar de derivação a propósito das palavras garagem e manada, seria preciso identificar as palavras que estão na base de derivação. Acontece que tal não é possível, porque se trata de empréstimos – garagem, do francês garage, e manada talvez do castelhano (cf. Dicionário Houaiss) – e, portanto, são unidades lexicais autónomas que não foram formadas em português.
Poderia objetar-se que nas palavras em questão são reconhecíveis sufixos,– -agem em garagem e -ada em manada –, pelo que seria legítimo considerá-las vocábulos derivados. Mesmo assim, os radicais isolados pela análise encontrariam dificuldades para encontrar as formas autónomas correspondentes: *gara não é uma palavra do português, e man- , de manada, não parece ter o mesmo significado que man- em manejar ou em manar. Diz-se, então que palavras como garagem e manada são palavras complexas não derivadas (ou não construídas), isto é, trata-se de palavras que «[...] não apresentam uma relação de derivadas com um lexema do português» (M. Graça Rio-Torto et al., Gramática Derivacional do Português, 2016, pág. 75).