A frase apresenta uma construção clivada ou de foco, que permite realçar um dos constituintes da frase.
O caso em apreço corresponde à frase simples (na qual não está presente a construção de clivagem) que se apresenta em (1):
(1) «Pessoa começou a colocar a criação de personalidades literárias numa perspetiva mais ampla por essa altura.»
Quando existe a intenção de destacar um dos constituintes da frase, é possível recorrer à estrutura «ser…que», que permite destacar um constituinte da frase, por meio da sua inserção entre o verbo ser e o complementador que. Vejamos o exemplo:
(2) «A Maria fez o trabalho.»
(2a) «Foi a Maria que fez o trabalho.»
Por meio da estrutura «ser… que», na frase (2a) colocou-se o enfoque no sujeito da frase como forma de destacar a pessoa que realizou o trabalho. No entanto a frase mantém-se simples.
Nestas construções clivadas surge a palavra que, a qual aparenta ser um pronome relativo, mas que, na verdade, é apenas um complementador que introduz o segundo elemento da construção clivada, pelo que não retoma nenhum antecedente nem desempenha função na frase.
Por esta razão, e em síntese, a frase apresentada é uma frase simples que inclui uma construção clivada.
Note-se ainda que dispomos de outras estruturas para construir construções clivadas, como por exemplo «é que». A este propósito, veja-se as respostas relacionadas.
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