A frase integra uma construção de foco, através da qual se dá relevo a um constituinte da frase. João Andrade Peres e Telmo Móia (Áreas Críticas da Língua Portuguesa, Lisboa, Editorial Caminho, 1995, págs. 468-469) consideram que é relativa a oração introduzida por que nesta construção (o negrito é meu):
«Note-se que, [nas frases que se seguem], o argumento sublinhado do verbo ser parece comportar-se como sujeito e o sintagma nominal que contém a oração relativa como predicativo do sujeito:
(1568) Foram os colegas de trabalho do Paulo que lhe oferecerm este livro.
(1569) Foram os alunos do Porto que obtiveram os melhores resultados.»
Do ponto de vista histórico, o que é um pronome relativo, facto que ainda se pode comprovar pela sua alternância com o pronome relativo quem:
(1) «É ele que defende o Reino Lusitano.» = «É ele quem defende o Reino Lusitano.»
A função de predicativo do sujeito da oração relativa «que/quem defende o Reino» fica talvez mais clara, quando o verbo ocorre entre o pronome «ele» e a referida oração:
(2) «Ele é que defende o Reino Lusitano.» = «Ele é quem defende o Reino Lusitano.»
Sublinhe-se que a sequência «é que» veio a cristalizar-se como partícula de realce, tornando-se opaca a regras de concordância como evidenciam (3) e (4) (cf; Paul Teyssier, Manual de Língua Portuguesa, Coimbra Editora, pág. 247); o asterisco indica agramaticalidade):
(3) *«Eles são que defendem o Reino Lusitano.»
(4) «Eles é que defendem o reino Lusitano.»